Entre areia, sol e grama
o que se esquiva se dá,
enquanto a falta que ama
procura alguém que não há.
Está coberto de terra,
forrado de esquecimento.
Onde a vista mais se aferra,
a dália é toda cimento.
A transparência da hora
corrói ângulos obscuros:
cantiga que não implora
nem ri, patinando muros.
Já nem se escuta a poeira
que o gesto espalha no chão.
A vida conta-se inteira,
em letras de conclusão.
Por que é que revoa à toa
o pensamento, na luz?
E por que nunca se escoa
o tempo, chaga sem pus?
O inseto petrificado
na concha ardente do dia
une o tédio do passado
a uma futura energia.
No solo vira semente?
Vai tudo recomeçar?
É falta ou ele que sente
o sonho do verbo amar?
(Carlos Drummond de Andrade)
perfeito Carlos Drummond...
ResponderExcluirbelo post..
amei amei.
bom domingo pra ti
Vanessa,
ResponderExcluirQue falta faz amar! Amo Drummond, amo vir aqui, moça do sul que brilha seu oiro pelo Rio...
Abraço sudeste,
Pedro Ramúcio.
Adoro ver poesia aqui, mana.
ResponderExcluirenquanto a saudade procura alguém que não chega.
Bah, Drummond é show!
ResponderExcluir[É falta ou ele que sente o sonho do verbo amar?]2
É falta que ele sente para poder amar...
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