quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Woody Allen - coisas diferentes


" - Pode existir amor sem sexo?
- Acho que são coisas diferentes.
- Como?
- O sexo alivia a tensão enquanto o amor a causa".

(A midsummer night´s sex comedy, Woody Allen)

O medo de perder-se de si mesma


"O homem costuma ter medo de perder algo de valor fálico. Quando a mulher se angustia, tem medo de se perder. Ela pensa: sem amor eu vou me perder, eu não sou ninguém. O amor é o que dá lugar para a mulher, já que ela não tem inscrição no inconsciente".

(Maria Anita Carneiro Ribeiro, psicanalista - aula de 24/09/10 do mestrado)

Não há raivoso burro - Carpinejar


"(...) - O que sinto? Não sei o que sinto, estou pensando agora no que sinto e não estou gostando nem um pouco.

(...) - Ai me achega uma preguiça do que não vivi.

(...) Para destruir, montamos e desmontamos o dicionário com afinco, puxamos as piores fragilidades para sangrar. Criamos até neologismos. No momento da briga, ninguém segura o verbo. Não há raivoso burro. Não há raivoso com língua presa. Não há raivoso gago. Um Padre Antonio Vieira acorda na acusação apontando os dedos ao destino.
No momento da paz, o verbo é travado. Parece que não precisamos fazer mais nada, a não ser recorrer às exclamações. Observamos nossa namorada e nos tranquilizamos com "bonita", "linda", "maravilhosa", "incrível", "fabulosa". Ela vai se tornando igual às outras. Não criamos gentilezas novas, não nos esforçamos para a homenagem. Não duvidamos do que sopramos para fora.
Se ela derruba os livros no chão, apontaremos que ela é atrapalhada. Por que não dizer que ela transborda?".

(Crônica: Preguiçoso no elogio - de: Mulher Perdigueira, Carpinejar, Ed. Bertrand Brasil, p. 101-102)

No final de algum tempo eu já seria capaz de olhar para ele e ver o homem-que-se-acostumava


"A gente acaba se acostumando, disse Fernando.
Fernando entendia disso. De acabar se acostumando. No final de algum tempo eu já seria capaz de olhar para ele e ver o homem-que-se-acostumava.
Ele podia trabalhar na lavoura de São João do Araguaia, no Pará, podia sobreviver atrás do balcão de um pub londrino e sob a secura do ar em Lakewood. Podia sobreviver a exércitos inteiros e a amores pela metade. A mulheres que desapareciam. A mulheres para as quais ele precisava desaparecer. À travessia de fronteiras e de ideologias".

(Azul-corvo, Adriana Lisboa, Ed. Rocco, p. 19)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tumulto e quereres


"Quanto à proteção, claro que eu a quero... não queremos todos? E quem mais do que uma nômade crônica, alguém sempre pronta a se arrancar? Não se pode viver sempre em tumulto. Não se pode viver sempre só".

(O vício da paixão, Erica Jong, Ed. Círculo do Livro, p. 205)

Como se tudo fosse possível - ou não


"(Dia 154)
- Estou apaixonado pela Summer. Amo o seu sorriso, seu cabelo, seus joelhos, a marquinha de nascença de coração que ela tem no pescoço, amo como ela lambe os lábios às vezes antes de falar, o som da risada dela, o jeito que fica quando está dormindo. Amo quando ouço uma música sempre que penso nela. Amo como ela me faz sentir. Como se tudo fosse possível, tipo... como se a vida valesse a pena. (Tom)
- Isso não é bom. (Paul)
***
(Dia 322)
- Eu odeio a Summer. Odeio seu dente torto, seu cabelo estilo 1960, odeio seu joelho nodoso, odeio sua manchinha que parece uma barata no seu pescoço, odeio como umedece os lábios antes de falae, odeio o som de sua risada...".

(Do filme: 500 days of Summer)

Oitavo sorteio de livro do blog


O sorteio da quinzena é: "Vivendo além do possível"
Autor: Wayne Myers
Editora: Atos
184 p.

Mesmo método de sempre:

*Colocar nome completo, e-mail e ser seguidor do "Vem cá Luísa, me dá tua mão".

Só vale para quem mora no Brasil.

O resultado sai dia 13 de outubro.

Resultado da promoção de livros


A ganhadora foi a Solange Barreto.

as borbulhas me lembrando detestáveis noites de Ano Novo


"(...) quero que esta seja uma tarde perfeita, eu não digo nada, seu beijo é frouxo e escorregadio, interminável. A língua passa ácida e trêmula pela minha boca e eu penso que deve ser como comer ostras, o líquido escorrendo pelos cantos dos lábios, as gotas de limão a e massa gelatinosa, contorcendo-se dentro da concha recém-aberta, imagino também caranguejos, caranguejos sendo escaldados vivos na cozinha de um restaurante...
(...) A música continua, o cantor afirma repetidas vezes que o amor que ele sente é infinito como o horizonte, o amor dele por você, meu amor enquanto dedos grossos procuram sofregamente o zíper do meu vestido. Eu não me mexo, não era isso o que eu queria? e agora ali fazendo-me de sonsa. Felizmente a campainha que toca, o champanhe francês que chega. Respiro aliviada.
(...) volta com a garrafa e duas taças alongadas, abre o champanhe com a destreza de quem só fez isso na vida, as borbulhas me lembrando detestáveis noites de Ano Novo, a nós eu repito e bebo o líquido de um gole só.
(...) a bebida grudada ao corpo, uma língua fina e áspera grudada ao corpo. Uma língua bífida e inquieta, ou mesmo uma língua de boi, pesada, arredondada sobre o balcão, repleta de relevos como a sola de um sapato, longa como um salmão acinzentado....
(...) Os beijos continuam, tento concentrar-me em outra coisa, viro o rosto...
(...) Examino-me no espelho: o rosto pálido e a maquiagem borrada outorgam-me um ar de diva de filme mudo antes de encontrar-se com Jack o estripador.
(...) diz ele enquanto alisa o meu braço, digo que sim, ele continua agora alisando o meu ombro, sua mão suada como um pedaço de borracha sobre a pele, uma lixa, a mão pedra-pomes".

(Do conto: "Happy Hour", in: Do lado de fora, Carola Saavedra, Ed. 7 Letras)

Como se tudo não passasse disso, escorrer feliz


"Talvez eu me mineralizasse e virasse um rio temporário, daqueles que somem num leito crestado, na seca, e depois incham e escorrem felizes como se tudo não passasse disso, escorrer felizes, sem qualquer ameaça. Como se a própria vida do rio não fosse sazonal e quebradiça".

(Azul-corvo, Adriana Lisboa, Ed. Rocco, p. 12)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Lançamento de "Azul-corvo", da Adriana Lisboa, hoje no Leblon


Senhora Y pergunta: é difícil ser imigrante?
Adriana Lisboa responde (ela mora há uns anos fora do Brasil): é difícil ser imigrante, como é difícil ficar no mesmo lugar. Não sair do lugar requer um tipo de talento, sair também. São músculos diferentes que são trabalhados.

Adriana contou também que em certa situação, quando foi morar em outro país, teve de escolher apenas 20 livros de sua biblioteca para levar. "Quando você está de passagem, você se apega a coisas que são fundamentais" - disse ela.

Ainda não li "Azul-corvo" (Editora Rocco), mas já recomendo muito. Ela é uma das escritoras mais sublinhadas que minhas estantes abrigam.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

a memória costuma enganar, a memória e o tempo e o desejo de que as coisas sejam do jeito que achamos que foram


"E, afinal, como não saber? Como saber se você chegou até aqui, esta carta nas mãos, se você teve coragem, sim, porque é preciso coragem, é preciso coragem para suportar toda essa espera e receber todo esse amor, mesmo que não passe de um engano. E todas estas palavras que são sempre outra coisa, como saber? A escrita é cheia de mal-entendidos, como a fala. Não como o olhar, que é sempre revelador, nada mais revelador que o olhar, um olhar distante em meio a um amor tão grande, o olhar perverso ao declarar-se inocente, ou um olhar pegajoso quando o corpo vai embora e as palavras simples da despedida, qualquer coisas como tchau ou talvez até logo. Haverá alguma forma de dizer as coisas sem que elas nos escapem, haverá alguma forma de controlar? Eu poderia, por exemplo, a cada frase escrever uma nota de pé de página, uma explicação a cada frase, te dizendo a fonte, de onde vem tudo isso, a dor, a dúvida, a tal suavidade, te dizendo que, onde disse mesa, era na realidade quarto e, onde disse rua, era na realidade cama, mas não qualquer cama, nota de pé de página, não qualquer cama, a minha cama e os lençóis, se lembra? Serão os teus e os meus lençóis os mesmos? E, para assegurar-me, mais uma nota, aquele dia, aquela noite, a última, lembra? E ainda assim a dúvida, serão os nossos dias os mesmos dias?, e até, será você, teria sido realmente você?, a memória costuma enganar, a memória e o tempo e o desejo de que as coisas sejam do jeito que achamos que foram, será que era você, aquele dia, aquela noite, e os lençóis?

(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 75-76, Ed. Companhia das Letras)

domingo, 26 de setembro de 2010

O mesmo sorriso triste que eu tinha visto antes



"Ela passou o dedo pela pintura e em seguida se virou, ficando de frente para mim.
"Escuta: porque a gente não vai embora daqui?
Eu já sabia aonde aquela conversa iria chegar. Coloquei um travesseiro sobre o outro para apoiar as costas e fiquei quase sentado na cama. Minhas mãos estavam dormentes.
"Não daria certo. A gente não ia conseguir ficar muito tempo junto".
Ela sorriu. O mesmo sorriso triste que eu tinha visto antes.
"Do que você tem medo?"
Eu pensei em outro tempo, em outro lugar e, sobretudo, em outra mulher".
"Não é medo, não. Eu acho que não daria certo, só isso. Eu me conheço".
(...)
Então conferi se não estava esquecendo nada e saí do quarto. E levei um susto quando fechei a porta: ela estava encolhida contra a parede, no fim do corredor, soluçando. E o sangue que saía de seus pulsos abertos ia formando aos poucos uma poça escura no assoalho".

(Conto Sete Epitáfios para uma Dama Branca (Que, descalça, media 1,65 m e, nua, pesava 54 quilos), de: O Amor e Outros Objetos Pontiagudos, Marçal Aquino, Ed. Geração Editorial, p. 26-27)

Bailarina de papel


"Um corpo de bailarina, frágil e pequeno... (não digamos bobagens, bailarinas são fortes, passam os dias a exercitar-se... apelo, então para o vosso imaginário, para as bailarinas de brinquedo e de papel, para as bailarinas das fábulas - eis então nossa Mariana. Um corpo frágil para uma criatura idem)".

(Os fios da memória, Adriana Lisboa, Ed. Rocco, p. 95)

sábado, 25 de setembro de 2010

No que pensas?


" - O quê? No que está pensando?
- Que nossas vidas poderiam ser bem diferentes se eu tivesse feito algo".

(A midsummer night´s sex comedy, Woody Allen)

E livros, livros que desfolhavas com uma sofreguidão de leoa


"Mas tu foste sempre uma multidão. Perdoava-se-te a arrogância muralhada, porque dentro destas tuas muralhas havia uma multidão. Ruídos de copos, pianos, palavras perdidas, fumo de cigarros. E livros, livros que desfolhavas com uma sofreguidão de leoa. Dizia-te: "Lês tanto que acabas por não aprender nada". Era esse tipo de frase o que mais te magoava. Ficavas calada, com medo que fosse verdade".

(Fazes-me falta, Inês Pedrosa, p. 176)

Sobre o tempo


"(...) o tempo é generoso, o tempo é farto, é sempre abundante em suas entregas: amaina nossas aflições, dilui a tensão dos preocupados, suspende a dor aos torturados, traz a luz aos que vivem nas trevas, o ânimo aos indiferentes, o conforto aos que se lamentam, a alegria aos homens tristes, o consolo aos desamparados, o relaxamento aos que se contorcem, a serenidade aos inquietos, o repouso aos sem sossego, a paz aos intranquilos, à umidade às almas secas".

(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, p. 58-59)

O ansioso tem direito a três fobias


Fobia das Fobias

"O ansioso tem direito a três fobias. Mais do que isso, é ambição e vira doença.

(...) Sofro por antecipação, o que me põe a ensaiar a cena para diminuir o sofrimento. (...) Ao invés de sofrer na hora, sofro um dia inteiro pensando na hora que vou sofrer.

Carrego uma postura catastrófica. Sou dramático nas amenidades, sóbrio nas tragédias".

(Crônica: Fobia das fobias - de: Mulher Perdigueira, Carpinejar, Ed. Bertrand Brasil, p. 128)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

De manhã, de tarde, de noite


"A demanda de amor das mulheres é muito mais gritante do que a dos homens. As mulheres demandam amor de manhã, de tarde, de noite. Isso é do feminino. Mulher precisa de amor para poder sobreviver, para poder ser mulher".

(Maria Anita Carneiro Ribeiro, psicanalista - na aula de hoje no mestrado)

Senhora X pergunta: e se não tiver amor, professora?
Maria Anita responde: não sobrevive.
Senhora X: morte simbólica?
Maria Anita: não, real.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E o happy end, cadê?


"Lena sorriu irônica.
- Tão engraçado você querer resolver o problema da minha solidão, Ivan.
- Na verdade eu também estaria resolvendo o meu.
- Você acredita realmente que nós dois poderíamos recomeçar do ponto em que paramos como se nada fosse? - perguntou Lena sinceramente.
- E qual é a grande dificuldade?
- A grande questão que se coloca não é a dificuldade, é a impossibilidade.
- Por quê?
- Qual de nós pode garantir um happy end? Quem pode garantir que não sairemos mais machucados do que saímos doze anos atrás?
- Nós somos pessoas mais maduras, Lena.
- Nós somos pessoas muito mais amargas, muito mais duras, muito mais inseguras do que éramos...

(Aos meus amigos, Maria Adelaide Amaral, Ed. Siciliano, p. 104)

Zizek lá no Amálgama - meu último escrito

Meu último escrito para o Amálgama está no ar.
É sobre o livro - essencial - do Zizek.
Quem quiser ler, passa lá.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Despedaçava-me as palavras, uma a uma


"(...) Ele fugia de mim e voltava a procurar-me. Eu fugia dele e chamava-o. Ele nunca me chamava - fazia-se encontrado comigo. Despedaçava-me as palavras, uma a uma. Eu já só falava para que ele me destruísse, letra a letra, e o seu riso animal me levasse para longe dos homens. Porque ele ria-se como um gato - o gato de Alice, sorriso sem onde. Sorriso de quem nunca foi criança e por isso que não sai desse lugar da infância, que é o lugar da morte, o lugar sem ontem nem amanhã".

(Fazes-me Falta, Inês Pedrosa, p. 151-152)


Em algumas horas este blog muda de endereço:
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Caos


"(...) o mundo das paixões é o mundo do desequilíbrio, é contra ele que devemos esticar o arame de nossas cercas".

(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, p. 56)


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A falta do que falta


"Lacan fará uso do Banquete de Platão para esclarecer a relação entre o amor de transferência: "O amor grego nos permite retirar, na relação do amor, os dois parceiros do neutro, esse par que são, respectivamente, o amante e o amado, érastès e érôménos". Lacan explica que o que caracteriza aquele que ama, como sujeito do desejo, é essencialmente o que lhe falta. O amado, nesse casal, é o único que tem alguma coisa".

(Trabalhando com Lacan - na análise, na supervisão, nos seminários., Ed. Zahar, p. 61)

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quanto tempo mesmo? Berenice calculou mal...


"Em dezembro do ano seguinte, quando ela acabava de tricotar para ele um pulôver branco, Juan Carlos precisou ir a Buenos Aires. Tratar de uns assuntos pessoais. Calculava que iria demorar um mês, no máximo dois. Demorou trinta anos e deixou Berenice atônita com seu anel de noivado no dedo e aquela insólita sensação de um incêndio oco na garganta. Ela sempre achava que Juan Carlos estava prestes a chegar, e assim ultrapassou irremediavelmente a idade correta de se casar, e quando o reencontrou, em 1956 , no centro da cidade, ele era apenas um turista alto e grisalho e estava acompanhado pela bonita filha argentina que nem falava o português. Berenice já havia se tornado tia-avó".

(Sinfonia em Branco, Adriana Lisboa, p. 121, Ed. Rocco)

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Bom programa para sábado no Rio

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Um filme para acreditar

" - Gostaria de ter te conhecido antes. (Fred)
- Páre de choramingar. Nós nos conhecemos e fim. (Elsa)".

(Do filme: Elsa y Fred)

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Esse dura

" - E onde você diria que entra o amor?
- Só há um tipo de amor que dura para sempre. O amor não correspondido. Fica para sempre".

(Shadows and fog, Woody Allen)

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Ninguém sabia nada


"Eles riram-se. Eram cúmplices. Nunca falavam de amor. Só falavam dos amores dos outros. A noite encontrava-os nos sítios mais estranhos. Os outros diziam que eles eram muito amigos. Eles não diziam nada. Nem sequer se tocavam, na vida real. Ninguém sabia que ela ficava horas a fio sentada nos degraus dele, à espera. Ninguém sabia nada. Apareciam em toda parte para melhor se esconderem. Um dia, ele esteve quase a dizer-lhe que não podia passar sem os sentidos dela".

(A instrução dos amantes, Inês Pedrosa p. 139)

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Você pode?


"- Como vai, garota? - diz Wayne (...)
- Vivendo.
- Tá tão ruim assim?
- Pior.
- O cara se mandou?
- Isso mesmo.
- Com quem?
- Isso importa?
- Não - diz Wayne. - Os fins são todos iguais: a piranha, as contas, a fossa. Deus, as pessoas me enchem o saco. Por que não podem se amar, para variar?
- Você pode?
- Não. Você pode?
Eu acho graça.
- Sinceramente, não sei, Wayne".

(O vício da paixão, Erica Jong, Ed. Círculo do Livro, p. 171)

Aliás.... a partir de amanhã este blog muda de endereço:
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Arte - Raduan Nassar


"(...) não conheci ninguém que trabalhasse como você, você é sem dúvida o melhor artesão do meu corpo".

(Um copo de cólera, Raduan Nassar, p. 73)

Aliás.... a partir do dia 22 deste mês, quarta-feira, este blog muda de endereço:
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Apenas aquilo


“Não é bem a vida que faz falta — Só aquilo que a faz viver.”

(Para Sempre — Vergílio Ferreira)

***
E... a partir do dia 22 deste mês, quarta-feira, este blog muda de endereço:
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Felicidade, sempre clandestina


“E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.”

(Felicidade Clandestina, Clarice Lispector, p. 17)

OBS: ressaltando -> a partir do dia 22 deste mês, quarta-feira, este blog muda de endereço:
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Demasiada


"Era muito tensa, fumava demasiadamente, sentia demasiadamente e tinha uma compulsão demasiada para se apaixonar".

(Aos meus amigos, Maria Adelaide Amaral, p. 187)

***
Rss, lá vou eu de novo: a partir do dia 22 deste mês, quarta-feira, este blog muda de endereço:
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Carpinejar e as culpas


"(...) Família é boa para gerar traumas, aproveitemos, traumas são as únicas lembranças que não serão esquecidas.
(...) A culpa nos torna atentos, missionários dos cílios. O homem só é romântico com a culpa.
(...) Homem culpado é humilde e amoroso como um chapéu na cadeira, um avental no gancho. O sexo é muito mais intenso e voraz com a culpa. Trepa-se como se fosse a última vez sempre.
(...) Culpa, ó palavra bonita, gostosa de se repetir, dádiva próxima do perdão.
(...) Culpa é voltar para o lugar que nascemos. É se arrepender antes de fazer e continuar fazendo. Uma teimosia que nos leva à perfeição dos erros. Um erro perfeito é virtude.
(...) Sem culpa, não existe literatura, sequer leitor angustiado pelo final da história".

(Crônica: Deixem minha culpa em paz - de: Mulher Perdigueira, Carpinejar, Ed. Bertrand Brasil, p. 183-185)

P.S.: a partir do dia 22 deste mês, quarta-feira, o blog muda de endereço:
http://www.vemcaluisa.blogspot.com/
Vou repetir até todos os leitores lembrarem.

domingo, 19 de setembro de 2010

Blog de roupa nova!


E na quarta-feira, ele estará aqui: http://vemcaluisa.blogspot.com

Música para o momento


Para o leitor não perder a viagem, uma coisa que eu ouvi o Ferreira Gullar dizer lá na FLIP 2010.

"Eu não sei se poesia é mesmo literatura ou se é outra coisa. Ela nasce do espanto. É um milagre".
(Ferreira Gullar)

Eu anotei ao lado: e o amor, de onde nasce? Não sei se foi divagação minha, ou a frase é do Ferreira Gullar... A memória é safada.

sábado, 18 de setembro de 2010

Imperdível - o livro que mais desejo ler em 2010

Drasticamente errado


"- Cá está você (...) toda essa inteligência, espírito e vitalidade... e está pronta para jogar a toalha por causa de uma rapaz muito (...)
- Um o quê?
- Um Dart.
- Mas eu amo Dart. Nunca senti...
- Sei o quanto você ama Dart. O quanto ama Leila?
Machucada com a pergunta, eu a respondo:
- Não muito.
- Então tem alguma coisa drasticamente errada. Porque Leila é digna de amor.
- É? - pergunto, vazando lágrimas. - É mesmo?
- Ah, querida, porque acha que estive aqui esse tempo todo... Porque você não é digna de amor? Mesmo com toda a sua loucura, o que chama de mishegoss, você é a melhor pessoa que conheço. Você dá e dá e dá. Para todos, exceto Leila. Agora é a vez dela".

(O vício da paixão, Erica Jong, Ed. Círculo do Livro, p. 111-112)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Vontade, capacidade, sobrevivência


"Se é que isso é uma questão de capacidade, sugeriu Clarice. Talvez seja uma questão de vontade, você sabe, tudo isso, apaixonar-se, não se apaixonar. Desistir. Ou sobreviver. A vontade quase sempre precisa se submeter à capacidade, lembrou Tomás".

(Sinfonia em Branco, Adriana Lisboa, p. 82, Ed. Rocco)

E a mente sã?


" - Amo você, Leila.
- Eu sei. - Seguro a cabeça dele com as mãos em conchas, como se fosse um bebê. E sei mesmo. Sei que serei sempre a sua dama, o seu amor, a sua Guinevere. Mas não sei se vou suportar a dor disso.
Uma pequena parte de mim... a parte que ainda é Louise Zandberg, talvez, a parte que minha analista chamaria da minha mente sã... está parada a uma certa distância, dizendo: Isso tem de parar, ou não sobreviverei.
(...) Estou começando a me descontrair, a me sentir amada de novo, a achar que a vida não é tão ruim, que posso trabalhar de novo, sentir de novo. O punho cerrado da minha mente começa a relaxar.
Tão logo isso começa a acontecer, Dart o percebe com o seu sexto sentido de feiticeiro.
(...) Toda a minha vontade e disciplina consideráveis estão concentradas em deixá-lo ir, em não demonstrar a minha dor (embora como ele pudesse deixar de enxergá-la, conhecendo-me como me conhece, é um mistério para mim).
(...) Concentro-me na minha própria coragem em não prendê-lo. Às vezes a coisa mais difícil do mundo é soltar alguém".

(O vício da paixão, Erica Jong, Ed. Círculo do Livro, p. 84-86)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quem será que inventou isso?


"Ontem fiquei pensando nisso, no amor, nessa insistência no amor, como se o amor pudesse nos salvar de tudo, ou ao menos de alguma coisa, como se o amor pudesse nos salvar do ódio, da loucura e até do desejo. Quem será que inventou isso? Se nem mesmo do amor o amor nos salvaria".

(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 43, Ed. Companhia das Letras)

O escândalo a que não se sobrevive é o da ausência


“O amor dissolve em fumo qualquer escândalo, por mais estranho que ele surja aos nossos aparentes valores. O escândalo a que não se sobrevive é o da ausência de amor.”

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p.41)

Nem Inês explica


“Interessa-me em particular a poesia e o tema do amor. Se existe nos meus livros alguma interrogação permanente é sobre o amor — como se faz que perdure?”

(Inês Pedrosa, em uma entrevista)

Sétimo sorteio de livro no Divã


O sorteio da quinzena é: "O mala e o vazio da mala"
Autor: Antonio Silvestri
Editora: AGE
205 p.

Mesmo método de sempre:

*Colocar nome completo, e-mail e ser seguidor do "Meu Divã É Na Cozinha".

Só vale para quem mora no Brasil.

O resultado sai dia 29 de setembro.

Resultado do sexto sorteio do Divã


Edla Fabiane - levou o livro.

Aguardo o endereço dela por e-mail.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

me aflige tecer sozinha este enternecimento


Ausência

Desfiar tua ausência, pois me aflige
tecer sozinha este enternecimento,
e meu corpo é bordado pensamento
de juntar teu desejo ao meu desejo (...)

Musicar tua ausência, que meu sonho
— em cada gesto que se prenuncia
compõe nas veias pautas de agonia,
acordes dissonantes em meu corpo.

(Yeda Prates Bernis)

Chegava, sempre quando eu já tinha desistido e não o esperava mais



Ouça

"E então ele chegava, sempre quando eu já tinha desistido e não o esperava mais. E me tomava nos braços, sem emitir uma palavra áspera.
- Meu amor, minha bruxa, minha bacante - murmurava ele, a doçura de suas palavras correndo mais fundo do que um punhal. (...) Eu choramingava de puro alívio por ele estar de volta, por estar a salvo (...) sem fazer perguntas, até a vez seguinte".

(O vício da paixão, Erica Jong, Ed. Círculo do Livro, p. 37)

Temos de carregar nos contornos do mundo se pretendemos sacudi-lo


"Queres dizer que sou uma exagerada, e é verdade. Temos de carregar nos contornos do mundo se pretendemos sacudi-lo".

(A eternidade e o desejo, Inês Pedrosa, p. 24)

Eros é possuído pelo fantasma de Tanatos


"Quando se trata de amor, posse, poder, fusão e desencanto são os Quatro Cavalheiros do Apocalipse.
Nisso reside a assombrosa fragilidade do amor. Lado a lado com sua maldita recusa em suportar com leveza a vulnerabilidade. Todo amor empenha-se em subjugar, mas quando triunfa encontra a derradeira derrota. Todo amor luta para enterrar as fontes de sua precariedade e incerteza, mas, se obtém êxito, logo começa a se enfraquecer e definhar. Eros é possuído pelo fantasma de Tanatos, que nenhum encantamento mágico é capaz de exorcizar. A questão não é a precocidade de Eros, e não há instrução ou expedientes autodidáticos que possam libertá-lo de sua mórbida – suicida – inclinação".

(Amor líquido – A fragilidade dos laços humanos, Zygmunt Bauman, p. 22)

É bom?


" - Mas o melhor que eles podem, é bom o suficiente?"

(Do filme: Dogville)