segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sex And The City 2 - melhores diálogos



Devo ser uma das únicas pessoas que vai ao cinema com um Moleskine na mão. Aí estão meus diálogos favoritos do filme, que assisti esta tarde.

"Foi tipo música da cadeira, a música parou e só sobraram eles". (Samantha, sobre um casal gay que estava se casando)

"- Deveria ter leis que não permitissem contratar babás assim (Samantha, sobre a babá jovem, linda e loura das filhas de Charlotte)
-Sim, é a lei-de-Jude Law" (responde Carrie - para quem não sabe, Jude Law traiu a esposa, a estonteante Siena Miller, com a babá dos filhos do casal, Daisy Wright)

"- Tem algo para jantar? - pergunta Big ao chegar do trabalho.
- Não. Você casou comigo sabendo que eu era mais Coco Chanel do que coq au vin" - responde Carrie.

"- Cansei da cidade, garota. Vá se divertir com seus amigos. Eu já me divirto há 30 anos na cidade" - Mr. Big para Carrie, ao não querer acompanhá-la em uma festa.

"- Agora tudo gira em torno do sofá. (Carrie)
- Você deveria lembrar-se agora do tempo em que ele nem passava a noite com você". (Charlotte, sobre Mr. Big)

"- Não liguei para sua paquera. Se bem que você podia me paquerar um pouco mais" - Carrie fala para o marido, após uma festa.

"- Não quero ser o tipo de casal que vê TV e pede comida pelo telefone (Carrie)
- Uma TV não é o fim do mundo". (Mr. Big)

"- Carrie, lembra quando você ficou fora dois dias e tivemos uma noite maravilhosa? Que tal fazer isso toda semana?". (Mr. Big)

"- Estamos casados, não misturados. (Mr. Big)
- É só porque eu sou uma esposa chata que pega no pé". (Carrie)

"- Dois dias de folga. Estás falando do casamento como um emprego". - Charlotte diz para Carrie.

"- Fizemos um acordo anos atrás. Que os bebês e os homens não atrapalhariam" - Samantha, ao recusar o convite de um bonitão por estar com as amigas.

"- Por mais que eu ame o Brady, ser mãe só não basta" - Miranda, sobre a maternidade.

"- Adoro minhas filhas, mas estou feliz por estar dois dias sem elas por perto" - Charlotte numa sincera conversa sobre ser mãe.

"- Quando Samantha disse que meu marido podia me trair com a babá das minhas filhas eu pensei: eu não posso perder a babá!" - Charlotte, sendo mais sincera ainda.

"- Você não é como as outras mulheres. Não é mesmo". (Mr. Big para Carrie)

"- Seremos só nós dois. E isto basta? (Carrie)
- Garota, nós somos demais". (Mr. Big)

sai da minha vida como se fugisse de um filme que já ficou longo demais


"Eu me ofereço para levá-la, mas ela prefere que e chame um táxi. Vou ao telefone e peço um. Ficamos sentados, esperando em silêncio. Ela apóia a cabeça no meu ombro. Sinto-a no meu sangue por séculos. O interfone toca. Não quer que eu desça com ela. Acompanho-a até a porta. Não quer perguntas sobre o dia seguinte. Fica empinada nos saltos para me beijar e no mesmo instante sai da minha vida como se fugisse de um filme que já ficou longo demais. O som de seus saltos se afasta pelo corredor".

(Técnicas de masturbação entre Batman e Robin, Efraim Medina Reyes, p. 55)

Sobre esperas


"Quando escrevo uma coisa, vou desgostando dela aos poucos [...]. Sinto como moça que faz enxoval de casamento e guarda num baú. Antes casar mal que não casar, é horrível ver enxoval amarelecendo".

(Sobre a demora da publicação de A maçã no escuro: Clarice, de Benjamin Moser, p. 336)

Sem furor curandi


"Estipular um prazo para o tratamento pode levar a um expuxo ao furor curandi do terapueta sobre o qual justamente Freud alertou os analistas so iniciantes. O analista deve se diferenciar do médico clínico e do terapeuta e pode se abster de sua fantasia (onipotente, ou seja, megalomaníaca) de cura".

(A estranheza da psicanálise - a Escola de Lacan e seus analistas, Antonio Quinet, Jorge Zahar Editor, 2009, p. 98)

domingo, 30 de maio de 2010

Filme da noite - De Palma




Acabei de assistir um filme aterrorizante. Dressed to kill (Vestida para matar), do Brian De Palma. Este aqui.

Eu sou fascinada por filmes de suspense/terror. E adoro os do Brian De Palma. Carrie - a estranha (baseada no livro do Stephen King, que eu tenho) povou meus pesadelos na infância. Aliás, quando mais jovem - cof, cof, há mais de uma década - eu li toda a obra do Stephen King. É isso, não anotei nenhuma frase boa - e houve muitas - porque assisti no TeleCine.

Fica a dica.

He´s just not that into you - VII


"- Sinto falta dos dias que você tinha um número de telefone e uma secretária eletrônica. E essa secretária tendo apenas uma fita. E essa fita, ou tinha uma mensagem do cara, ou não tinha. E agora você tem que ficar verificando todos estes portais só para ser rejeitada por sete tecnologias diferentes. É frustrante".

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

He´s just not that into you - VI



"- Gigi, o que venho dizendo desde que conheci você? Se o cara quer sair com você, ele fará acontecer. Ele vai pedir para sair com você. Eu te pedi para sair? (Alex)
- Não. (Gigi)
- Por que você fez isso? Merda! Por que fazem isso? Por que criam estas coisas na cabeça? Pegam cada coisinha que os caras fazem e depois transformam em outra coisa. Isso é loucura".

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

He´s just not that into you - V


"- Não, a paixão é besteira. (Alex)
- É mesmo? (Gigi)
- Besteira.
- Explique.
- Os homens inventaram isso para não ligarem, tratar mal. E a convencem de que a ansiedade e o medo desenvolvidos, são só uma paixãozinha. E vocês acreditam e adoram. Gostam porque se alimentam desse drama, buscam o drama.
- Eu não.
- É mesmo?
- Nunca espera um prazo quase acabar porque adora o drama de se vai ou não conseguir?
- Talvez".

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

He´s just not that into you - IV

"- O que está acontecendo? (Alex)
- Certo. Estou dando uns amassos com um cara... Sem importância. E ele disse que estará fora da cidade e incomunicável. (Gigi)
- Fuja.
- Mas talvez seja verdade.
- Para onde? Que lugar ele vai que não terá como contatá-la? (...) Fuja.
- Agora devo fugir de todo cara que não gostar de mim?
- Sim.
- Não teria mais ninguém disponível.

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

He´s just not that into you - III


"- Adoraria te ligar uma hora, tem cartão?
- Claro...
- Ótimo! Aqui está o meu. Prazer em conhecê-la. Espero notícias, Gigi.
- Espera! Como faremos isso? Irei te ligar, ou me ligará?
- O quê?
-Falou que iria me ligar, depois falou que espera notícias, fiquei confusa.
- Olha, nos falamos. Entraremos em contato.
- Espera. Fez de novo. Muito vago... Quer saber? Digamos que me ligará e pulamos toda bobagem.
- Tchau, Gigi".

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

He´s just not that into you - II


"- Você parece ser uma garota legal, então vou ser honesto. Connor nunca vai te ligar. (Alex)
- Como sabe? (Gigi)
- Porque sou um homem. E é assim que fazemos.
- Ele disse que foi bom me conhecer.
- Pode ter dito que foi a melhor mulher desde sua mãe ou... Joanie Cunningham. Já passou uma semana e ele não te ligou.
- Talvez ele ligou e eu não recebi a mensagem. Ou talvez perdeu meu número. Ou... está fora da cidade. Ou foi atropelado, ou a avó morreu.
- Ou ele não ligou por não ter interesse em vê-la de novo.
- Mas minha amiga saiu com um cara uma vez que nunca ligou, um ano passa, se encontraram e acaba que...
- Sim, sua amiga é uma idiota. E também uma exceção. Aliás, uma rara exceção.
- Certo. Mas, se eu for a exceção?
- Não, não é. Nem um pouco. Na verdade, é a regra. E a regra é essa. Se um cara não te liga, não quer ligar.
- Sério? Sempre?
- Sim, sempre. Olha, sei como se dispensa mulheres, certo? Faço prematura e frequentemente. Confie quando digo que está te tratando como se não ligasse para você, ele genuinamente não dá a mínima. Sem exceções.
- Obrigada. Me deu muito no que pensar".

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

sábado, 29 de maio de 2010

He´s just not that into you - I


"Tenho uma pergunta: por que criaram o identificador de chamadas? A quem isso ajuda? Por séculos... talvez não séculos, mas por muitos anos, as pessoas atendiam o telefone, sem saber quem era, e que eu saiba, ninguém morreu disso. Se a polícia quer rastrear quem ligou, podem rastrear. Quem sou eu, a polícia? Essa obsessão constante em saber quem liga é tão besta. Você atende, pergunta quem é, e fica sabendo... É como... o que quero dizer é que se um cara não me liga, gostaria de ligar para ele por 15 minutos sem parar, até que ele atenda. Mas se ele vir meu número, pensará que eu sou doida. E não sou. Claramente".

(Do filme: Ele não está tão afim de você)

DEFINITIVO


"Ela o amou até morrer", sua amiga Rosa Cass lembrava. Mesmo que o caso não tenha durado muito e que Paulinho tenha optado pela esposa e pela família, para Clarice não foi fácil aceitar. Dali a mais de uma década escreveu um conto... (...) Num tom mais lírico, Clarice podia estar pensando em Paulinho quando escreveu: "Às vezes no amor ilícito está toda a pureza do corpo e alma, não abençoado por um padre, mas abençoado pelo próprio amor".

(Sobre o relacionamento de Clarice Lispector com Paulo Mendes Campos. Clarice, de Benjamin Moser, p. 370)

fingir que sou normal


"Preciso tomar ar, fingir que sou normal & tenho um profundo interesse pelas pessoas e acontecimentos culturais e todas essas estonteantes possibilidades urbanas".

(Caio F. em carta para Magliani, 16-06-92, Caio Fernando Abreu - Cartas, organizado por Italo Moriconi, p. 91)

Preço da inquietação

"Não tinha medo de se perder; sabia que esse é o preço da inquietação. Nem sequer tinha medo de ser mal-entendido".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 66)

Navalha


"Mas não se sente no fio da navalha para não cortar seu lindo traseiro".

(Salve sua vida, Erica Jong, p. 67)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sobre o narcisismo


"Quando o narcisismo se instala mal na criança, é (re)editado para toda a vida. O que não se resolveu lá atrás, há que se resolver aqui hoje".
(Vanessa Souza)

Nos limites, seu martírio, seu mistério revelado



Para os arianos, como eu

Aos Filhos de Áries


(Oswaldo Montenegro)

Áries, o primeiro signo, do carneiro apaixonado
Tem em Marte seu designo e no fogo seu reinado
Nas estrelas seu delírio, seu amor enciumado
Nos limites, seu martírio, seu mistério revelado

Louco signo das correntes e emoções arrebatadas
Ariana dos repentes e explosões descontroladas
Ariana, como o fogo, nunca será dominada
Decisiva como o jogo e a primeira namorada

Signo da sinceridade, da vermelha cor do dia
Signo da velocidade, da impulsão e eu nem sabia
Que era tanta madrugada a derramar no coração
Como a rosa serenada, se transforma e pinga ao chão
Derretendo ao fogo da paixão.

Signo da sinceridade, da vermelha cor do dia
Signo da velocidade, da impulsão e eu nem sabia
Que era tanta madrugada a derramar no coração
Como a rosa serenada, se transforma e pinga ao chão
Derretendo ao fogo da paixão.

Não vai, nem fica

Perder-se

Circos

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Talvez - assim espero


"Talvez o riso seja mais contagioso do que a dor. Talvez".

(Fica comigo esta noite, Inês Pedrosa, p. 135)

insustentável tensão de sua personalidade


"Já em Berna, seu primeiro analista, Ulysses Girsoler, alertara para essa insustentável tensão de sua personalidade: "Será muito difícil para um tal temperamento encontrar equilíbrio, uma domesticação consciente desses impulsos elementares por meio da participação intelectual. (...) Primeiro, incapaz de dormir, atormentada por uma incessante ansiedade começou a telefonar para as pessoas tarde da noite".

(Clarice, de Benjamin Moser, p. 365)

mas você já sabe, na própria carne, que este mundo não é justo


"O justo seria que todos nós tivéssemos a aparência física de um galã de televisão, a inteligência de uma velha raposa e a agressividade de um guerreiro celta, mas você já sabe, na própria carne, que este mundo não é justo, que a maioria de nós tem a aparência física de uma raposa velha, a inteligência de um galã de televisão e a agressividade de um bolo de aniversário".

(Técnicas de masturbação entre Batman e Robin, Efraim Medina Reyes, p. 121)

Por dias Stéphanie de Mônaco


"Toda Laika tem seu dia de Stéphanie de Mônaco, baby".

(Caio F. em carta para Déa Martins, 31-05-94, Caio Fernando Abreu - Cartas, organizado por Italo Moriconi, p. 308)

P.S.: para aqueles que não são "caiomaníacos", uma legenda: Laika = cadela ordinária, rs.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Obras completas de Caio F. - EU TENHO!


Faltavaum livro do Caio F. para que eu completasse todos - inclusive a coletânea dos anos 70, 80 e 90, biografias, cartas, textos dispersos... TUDO o que ele publicou.

Encomendei semana passada em um sebo, e chegou hoje. Para ser mais exata, agorinha mesmo. Tirei uma fotinho ordinária no BlackBerry.

O antigo dono, um tal de L R, era um leitor tímido. Há dois breves sublinhados de lápis com ponta fininha. Gosto de livros de sebos. Gosto de pensar por onde andou o livro antes de chegar até minhas mãos. Ontem chegou um da Bruna Lombardi - autora favorita da Ciça Moura, hahaha - com uma dedicatória super interessante. Postarei aqui outro dia.

É isso. Só para compartilhar minha alegria em TER TODOS os livros do CFA. Acredito que esse negócio de completude não existe. Mas as obras completas do Caio, sim, eu tenho.

Eis sua função no mundo: deixar lugar para o desejo


"A Psicanálise é a única prática discursiva que leva em conta o desejo. Eis sua função no mundo: deixar lugar para o desejo. É o laço social no qual se abre a possibilidade de o sujeito falar de seu desejo. (...) Seu papel na psiquiatria, na crítica literária, no cinema etc. é fazer, na verdade, surgir o sujeito lá onde ele está foracluído pelo casamento da ciência com o capitalismo, que predomina em nosso mundo".

(A estranheza da psicanálise - a Escola de Lacan e seus analistas, Antonio Quinet, Jorge Zahar Editor, 2009, p. 96)

Sobre amizade - por Clarice L.


"Eu achei sim, uma nova amiga. Mas você sai perdendo. Sou uma pessoa insegura, indecisa, sem rumo na vida, sem leme para me guiar: na verdade não sei o que fazer comigo. Sou uma pessoa muito medrosa. Tenho problemas reais gravíssimos que depois lhe contarei. E outros problemas, esses de personalidade. Você me quer como amiga mesmo assim? Se quer, não me diga que eu não lhe avisei. Não tenho qualidades, só fragilidades. Mas às vezes (...) mas às vezes tenho esperança.
Sua
Clarice".

(Clarice L. em carta para Olga Borelli, 11-12-70 - Clarice, de Benjamin Moser, p. 452)

eu nem mesmo sou bonita/ olhada assim de perto às vezes


"(...) eu quero te mostrar meu mal e o meu veneno
ranhuras escondidas, encontrso furtivos
as saídas, os cinemas ordinários
como sonhei nas noites e quantas febres
quantos desejos na ponta dos meus dedos
quanta ameaça de pecado e quanto medo.

eu quero te mostrar que eu nem mesmo ou bonita
olhada assim de perto às vezes
e tenho momentos de um ridículo irremediável
e uma série de pequenas vergonhas

você há de notar logo o quanto eu preciso
que você goste de mim
o quanto eu me desfaço e me arrebento
e o quanto eu tento voltar sempre inteira

você há de perceber que eu sou de uma fragilidade
meio assim asa de passarinho
de pardal comum e muitas vezes
não tem brilho nenhuma a minha intimidade".

(Roupa Íntima em: Gaia, Bruna Lombardi)

P.S.: para Ciça Moura, com amor, que me escreveu ontem: "Bruna Lombardi eu não leio nem à porrada". Hahahahaha.
P.S.2: leitores queridos, nenhuma palavra contra a minha-querida-linda-culta-amiga-Ciça.

terça-feira, 25 de maio de 2010

No play


"Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixei

Vou ficar?
Quanto tempo
Vou esperar
E eu não sei o que vou fazer não

Nem precisei revelar
Sua foto não tirei
Como tirei pra dançar
Alguém que avistei

Tempo atrás
Esse tempo está
Lá trás
E eu não tenho mais o que fazer, não...".

(Ainda penso nela, Samuel Rosa e Nando Reis)

eu fico de repente apenas com as palavras que eu queria dizer mas sem gostar delas


"Estava num impulso de sinceridade e confissão que muitas vezes eu tenho em relação a você", ela disse a Lúcio. "Mas não sei, talvez porque você nunca tenha sentido em relação a mim esse mesmo impulso, eu fico de repente apenas com as palavras que eu queria dizer mas sem gostar delas".

(Carta de Clarice Lispector para Lúcio Cardoso, 12-03-1944. Clarice, de Benjamin Moser, p. 190)

caves e sotãos


"Junto de ti descobri, de repente, a alegria que trazia escondida numa cave do coração. Deixei de ter caves e sotãos dentro de mim, corredores escuros onde o vento do medo uivava. Nunca mais fui assombrado pelas roucas marés da infância".

(Fica comigo esta noite, Inês Pedrosa, p. 83)

Da infância


"— Xururuca.
— Que foi?
— Fica feio se eu chorar?
Nunca é feio chorar, bobo. Por quê?
— Não sei, ainda não me acostumei. Parece que aqui dentro a minha gaiola ficou vazia demais..."

(Meu pé de laranja lima, José Mauro de Vasconcelos)

(re)ler


"Quando releio o que escrevo", ela disse a ele, "tenho a impressão que estou engolindo o meu próprio vômito".

(Clarice, de Benjamin Moser, p. 190)

mais profunda e mais intensa


"(...) sensação de que palpitava em meu corpo e em meu espírito uma vida mais profunda e mais intensa do que a que eu vivia".

(Obsessão, Clarice Lispector)

Clarice e Lúcio


"Ambos eram rejeitados e ambos tinham sede da redenção que haviam perdido a esperança de encontrar. Não admira que Clarice Lispector tenha se apaixonado intensamente por Lúcio Cardoso".

(Clarice, de Benjamin Moser, p. 157)

Avidez


"(...) quem tem fome, com avidez; eu lia atabalhoadamente, às vezes, até dois livros por dia".
(Clarice, de Benjamin Moser, p. 126)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eu que não bebo...


"Eu que não bebo, pedi um conhaque
Prá enfrentar o inverno
Que entra pela porta
Que você deixou aberta ao sair..."

(Eu que não amo você, Humberto Gessinger)

se o amor fosse coisas que se merecesse...


"Às vezes penso: ele pratica a paixão como método de alheamento, porque considera que, observada ao microscópio, a natureza humana é repulsiva. Desculpas, dirá a Jenny. Pensamentos torcidos até ao esgar, eu sei. O mínimo que se pode dizer do meu amor é que ele não ganharia propriamente o Grande Prémio de Espessura Humana. Eu merecia melhor, se o amor fosse coisas que se merecesse".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 154)

esta determinação de só depois entender o essencial


"Trago no meu sangue que é dela esta calada paixão pelos amores mortos, esta determinação de só depois entender o essencial, de amar as distâncias como única proximidade do céu. Apaixonei-me toda, desvairadamente, comecei a encher de fumo e lágrimas o meu antigo quarto de menina, por isso me sinto tão perto de si, dessa adolescência imóvel que é a sua, doença violenta e mansa, incurável ferida do sangue que se alimenta de uma música sépia a que, por discrição, damos o nome de dor".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 150)

(im)possibilidades


"Tornei-me uma especialista em homens impossíveis. E a minha filha Natália segue-me os passos, até porque os homens impossíveis crescem na proporção contrária às possibilidades do mundo. Ambas somos herdeiras de uma ausência que está para além do nosso controle ou da nossa compreensão".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 140)

fado vadio


"O João Paulo, aparentemente tão sólido, tão instalado na domesticidade, tão empenhado nos seus alunos, tão exímio a arrumar a casa, saltara para o espaço exterior. Abandonara-a na véspera à noite. E trocara-a, como num fado vadio, pela maior amiga dela".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 127)

Outro ritmo


"Desde que os psicólogos inventaram o luto, a vida ganhou outro ritmo, muita velocidade, mais ação. Vejo cada vez mais gente a dirigir-se sobriamente para o cinema no minuto seguinte ao do desmoronar dos sentimentos, bebendo doses de violência colorida, sessão após sessão, até que a dor se esfacele como o papel de uma pastilha elástica esquecida no bolso. Os que se demoram no luto para lá dos prazos previstos pelos tratados de saúde mentam tornam-se incômodos, cansativos como crianças, nunca se sabe o que se lhes há-de-dizer".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 125)

Sobre Glória


"Era impaciente. Tinha tendência para se enamorar por homens ligados ao Poder, o que me parecia coerente com a sua atracção genética pelo sucesso, mas era muito malvisto por quase todos os nossos companheiros de jornal, que só aceitavam o sucesso de esquerda".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 122)

Eu encontro-te. Escrever? Para quê?


"Prometeu procurar-me dentro de um mês, em Lourenço Marques. "Eu encontro-te. Escrever? Para quê? As palavras não põem o meu corpo no teu. Eu chego, pronto".
O que eu senti pelo Xavier talvez não se possa chamar paixão. Quando nos afastávamos, nem sequer sentia aquela faca de frio que, ao cair da noite, abre caminho sobre a consciência dos amantes. Enquanto acreditava na vida de Xavier, os meus dias podiam começar e acabar sem ele. Nunca foi assim com Eduardo, era-me impossível pensar que um dia inteiro da minha vida se escoasse na sua ausência".

(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 110)

domingo, 23 de maio de 2010

Diálogos dispersos - 7 - limbo


"- Todas as saídas levam ao limbo - afirmou, resignada.
- Respirar leva ao limbo - respondeu, pensativo.
- Respirar, não. Suspirar, sim - disse ela".

(VSM)

Mulher perdigueira - Carpinejar



Carpinejar lança "Mulher perdigueira", a passional e romântica que pega no pé.

1) Ela é possessiva, usa só "meu" namorado, "meu" homem.
2) Sempre que passa por ele em casa, diz: "Pensando em quê?".
3) É uma agência de notícias: dez torpedos ao dia.
4) Não aceita fim de conversa sem "eu te amo". Nem ouse dizer "eu também".
5) Perdigueira cruza o que ele disse ontem com anteontem. Ela tem faro, você precisa ter memória.

Fonte: O Globo de hoje
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P.S.: identificaram-se, meninas?
P.S.2: identificaram suas namoradas/esposas/ afins, meninos?
P.S.3: perdigueira é um eufemismo, Carpinejar. Eu nomearia de histeria mesmo.

Palavras, apenas, palavras, pequenas


"E mesmo assim ele poderia cortejar-me com palavras, pensa ela, as palavras me aqueceriam... Mas ele não conhece palavra alguma. Palavras são o único idioma que ele não consegue falar".

(Erica Jong, Salve sua vida, p. 117)

Sexy e inacessível


"Todos nós queríamos trepar com ela!", exclamou o irrefreável Nahum Sirotzky, seu editor no Senhor. "Ela era muito, muito sexy. Mas era também inacessível".

(Sobre Clarice. Clarice, de Benjamin Moser, p. 361)

Dorme, dorme


"Dorme, Clara; deixa-me entrar nos teus sonhos, enxotar esses fantasmas que te desassossegam , varrer esses homens que não são dignos de beijar a fímbria do lençol onde os teus pés espreitam".

(A eternidade e o desejo, Inês Pedrosa, p. 47)