sábado, 31 de dezembro de 2011

2011 - balanço

Livros e filmes - lidos e assistidos - em 2011:

- Sérgio Sant´Anna in: 50 contos e três novelas
- Josephine Hart in: Pecado
- Nádia B. Gotlib in: Clarice uma vida que se conta
- Eucanaã Ferraz in: Desassombro
- Marguerite Duras in: O verão de 80
- Marguerite Duras in: O deslumbramento
- Marguerite Duras in: Escrever
- Josephine Hart in: Abandono
- Ana Letícia Leal in: Para crescer
- Marguerite Duras in: Olhos azuis
- Andréa M. Guerra in: A psicose
- Ana Letícia Leal in: Meninas inventadas
- Ítalo Ogliari in: A volta
- Schulz in: Assim é a vida, Charlie Brown!
- Lygia Bojunga in: Tchau!
- Vários in: Escrita e psicanálise
- Roland Barthes in: O prazer do texto
- Ruth Silviano Brandão in: Literatura e psicanálise
- Clarice Lispector in: Clarice na cabeceira: crônicas
- Philip Roth in: O animal agonizante
- Eulália Coelho in: Jogo do imaginário em Caio F.
- Bruno S. Leal in: Caio F. Abreu, a metrópole e a paixão do estrangeiro: contos, identidade e sexualidade em trânsito
- Tania Rivera in: Guimarães Rosa e a psicanálise - ensaios sobre imagem e escrita
- Marguerite Duras in: Barragem contra o pacífico
- Marcel Proust in: A sombra das raparigas em flor
- Siegfried Lenz in: Minuto de silêncio
- Dostoievski in: O idiota
- Vladimir Nabokov in: A verdadeira vida de Sebastian Knight
- Philip Roth in: O seio
- Vários in: A invenção da vida - arte e psicanálise
- Marguerite Duras in: Emily L
- J. M. Coetzee in: Desonra
- Vários in: Escritos sobre psicanálise e escrita
- Elfriede Jelinek in: A pianista
- Marcel Proust in: O caminho de Guermantes
- Sylvia Beach in: Shakespeare and Company - uma livraria no Paris entre-guerras
- David Foenkinos in: A delicadeza
- Ian McEwan in: Na praia
- Freud in: O mal-estar na cultura
- Freud in: O futuro de uma ilusão
- Albert Camus in: O estrangeiro
- Wilhelm Jensen in: Gradiva uma fantasia pompeiana
- Italo Calvino in: Por que ler os clássicos
- Marco Antonio Coutinho Jorge e Marcia M. de Lima (org.) in: Saber fazer com o Real - dialogos entre psicanálise e arte
- Milan Kundera in: Risíveis amores
- Sergio Nazar David (org) in: Ainda o amor
- Samuel Beckett in: O inominável
- Milan Kundera in: A valsa dos adeuses
- Marguerite Duras in: Agatha
- Marcel Proust in: Sodoma e Gomorra
- Ana Letícia Leal in: Maria Flor
- John Steinbeck in: Ratos e homens
- Marguerite Duras in: A vida material
- Milan Kundera in: A insustentável leveza do ser
- Milan Kundera in: A arte do romance
- Clarice Lispector e Fernando Sabino in: Cartas perto do coração
- Marguerite Duras in: O vice cônsul
- Marguerite Duras in: O amante da China do Norte
- Marguerite Duras in: A doença da morte
- Tatiana Salem Levy in: Dois rios
- Marguerite Duras in: Moderato contabile
- Marcel Proust in: A prisioneira
- Paulo Mendes Campos in: O amor acaba
- Paulo Halm e José Roberto Torero in: Pequeno dicionário amoroso (roteiro)
- Francine Prose in: Para ler como um escritor
- Miguel de Unamuno: Como escrever um romance
- Godofredo de Oliveira Neto in: Pedaço de santo
- Evandro Affonso Ferreira in: Minha mãe se matou sem dizer adeus
- Teté Ribeiro in: Divas abandonadas - os amores e os sofrimentos das 7  maiores divas do século XX

- José e Pilar
- Cisne negro
- A duquesa
- Once
- The last station
- Minhas mães e meu pai
- Quando fala o coração
- O discurso do rei
- Blue valentine
- O vencedor
- Eichmann
- Bruna surfistinha
- Erasehead
- Guerra e paz
- Henry - retrato de um assassino
- Crash - estranhos prazeres
- Taxi Driver
- O pequeno Nicolau
- Domicílio conjugal
- Sobre café e cigarros
- Desejo e poder
- A bela do palco
- Janela da alma
- Adoração
- Cria cuervos
- Uma história real
- Macbeth
- As coisas impossíveis do amor
- O idiota
- Corações em conflito
- O violino vermelho
- How do you know
- The life of Emile Zola
- Amor estranho amor
- Shine
- Les blessures assassines
- Asas do desejo
- Mishima
- Camille Claudel
- Solaris
- A ponte
- Un amor de Swann
- O estrangeiro
- Adèle H.
- A dupla vida de Veronique
- À deriva
- Notas de um escândalo
- Fausto
- Anna Karenina
- O idiota
- Entre dois amores
- O crime do Padre Amaro
- Meia noite em Paris
- Contos imorais
- Madame Bovary
- Herança maldita
- Aftermath
- Stanley Kubrick
- A comilança
- James Dean
- Veludo Azul
- Romance
- Pretty baby
- Expresso da meia noite
- Amores imaginários
- O mundo de Sofia
- A vida secreta das abelhas
- Amar não tem preço
- O grande Gastby
- O alienista
- O processo
- A insustentável leveza do ser
- The red shoes
- O retrato de Dorian Gray
- Todos dizem eu te amo
- A pele
- A onda
- Suave é a noite
- When you´re strange
- Ratos e homens
- Nathalie Granger
- Lolita
- Lolita
- O amante
- Índia song
- Carta de uma desconhecida
- O vermelho e o negro
- A casa assassinada
- Aqueles dois
- O grande Gatsby
- Quem tem medo de Wirgínia Woolfw
- Como esquecer
- Poesia
- Amantes
- Retrato do artista quando jovem
- Assalto ao banco central
- A pele que habito
- Factory girl
- Poucas cinzas
- Juventude
- O amor e outras drogas
- Os vivos e os mortos

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vida-rascunho

"Vida é ruim; eu sei; e sem possibilidades vindouras. Esboço sem direito a arte-finalização. Vida-rascunho".

(Evandro Affonso Ferreira in: Minha mãe se matou sem dizer adeus. Ed. Record, p. 101)

indo

"E se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo. Sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias."

(Caio Fernando Abreu)

parágrafo de uma frase é como um soco, e ninguém gosta de ser socado

"Um amigo meu diz que um parágrafo de uma frase é como um soco, e ninguém gosta de ser socado. Usado em excesso, pode ser um tique irritante, a tentativa de um escritor preguiçoso de nos forçar a prestar atenção ou de injetar energia e vida e, uma narrativa, ou de inflar falsamente a importância de frases que nossos olhos poderiam saltar inteiramente se estivessem colocadas, mais discreta e modestamente, dentro de um parágrafo mais longo."

(Francine Prose in: Para ler como um escritor. Ed. Zahar, p. 81)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Fragmento do leitor 43

“Eis uma mulher cuja graça é natural, naturalmente consequência do que ela é, do que ela busca, do que ela faz, do que ela investe, não é graça de farmácia, que se aplica nos cabelos, que se esparge nas bochechas, que se colore nos lábios, ela – toda ela, sua graça - vem de dentro para fora, lá do fundo de um turbilhão de ânsias e desejos que, quando lhe atravessam os poros, fazem de seu corpo esta casa de campo, esta casa de praia, esta rede estendida a quem souber veranear”.

Felipe Moura Brasil - texto Novo amor, do livro "Contra a juventude", crônicas tiradas do site Tribuneiros.com

Enviado pela leitora Olga Belém.

tinta invisível

Orfeo Orfei
"As páginas ainda estão em branco, mas há uma sensação miraculosa de que há palavras lá, escritas com uma tinta invisível e clamando para tornarem-se visíveis."

(Vladimir Nabokov)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

da abstração

"Vida só é tolerável quando desligamos amiúde o pensar vivendo ao sabor do vento. Abstrair para não sucumbir."

(Evandro Affonso Ferreira in: Minha mãe se matou sem dizer adeus. Ed. Record, p. 24-25)

do escrever

[Tornei-me escritor] do mesmo jeito que uma mulher torna-se prostituta. Primeiro foi para me dar prazer, depois para agradar os amigos e, por fim, foi pelo dinheiro.

Ferenc Molnár

da (não) direção

"Ai de nós, os olhos fragmentados partindo para longe e tristes permitiam talvez medir as distâncias, mas não indicam as direções."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 5 - A Prisioneira. Tradução de Manuel Bandeira e Lourdes Sousa de Alencar. Ed. Globo, p.74)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fragmento do leitor 42

"Está tudo tão esquisito hoje! E as coisas ontem aconteciam como era de costume. Será que eu fui trocada durante a noite? Deixe-me pensar: será que eu sou eu mesma? Tenho a ligeira lembrança que me senti um bocadinho diferente. Mas, afinal, se eu não sou a mesma, fica a pergunta, quem sou eu?"

Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

Colaboração da leitora: Ana Izabel Passarella Teixeira
Blog:  http://fullutilidade.blogspot.com/

das bobagens

"Bobagem achar que o tempo cabe no tempo."

(Adriana Lisboa in: Um beijo de colombina. Ed. Rocco, p. 16) 

...

"Durante a viagem até o gerente, fui lendo. Não gosto de ir a um banco sem levar livro de poesia. Dá mais coragem."

(Paulo Mendes Campos in: O amor acaba - crônicas líricas e existenciais. Crônica: O acidente. Ed. Civilização Brasileira, p. 159)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Fragmento do leitor 41

Pelo que vale nunca é tarde demais... ou no meu caso cedo demais, que seja o que se  quer não há limite de tempo para começar quando quiser. Pode mudar ou ficar na mesma. Não há regra para isso. Pode escolher o melhor e o pior da vida. Espero que escolha o melhor da vida. Espero que sejam coisas que te surpreendam. Espero que sinta coisas que nunca sentiste antes. Espero que conheça pessoas de pontos de vista diferentes. Espero que viva uma vida que se orgulhe. E acha que não é capaz, espero que tenha forças... para recomeçar de novo...

Fonte: Filme O Curioso Caso de Benjamin Button
Direção David Fincher
Baseado no conto de Francis Scott Fitzgerald

Colaboração da leitora: Juliana Reis
Blog: http://diariodenotasefotografias.blogspot.com/

o tempo apenas se perde

Devon Smith
"Os olhos de quem dá uma segunda chance, mesmo sabendo, como ela sabe tão bem, que não há segundas chances, o tempo não volta. O tempo apenas se perde."

(Tatiana Salem Levy in: Dois rios. Ed. Record, p. 94) 

das palavras

"Vocábulos agora fluem feito filete de areia em ampulheta. São meus escudeiros minha guarda imperial meu porto minha âncora. A palavra é meu balestreiro minha fortificação meu ancoradouro."

(Evandro Affonso Ferreira in: Minha mãe se matou sem dizer adeus. Ed. Record, p. 35)

domingo, 25 de dezembro de 2011

das escolhas - Proust

Closer
"Era preciso escolher: ou cessar de sofrer ou cessar de amar. Pois assim como no início é o amor formado pelo desejo, mais tarde não se mantém senão pela ansiedade dolorosa. Eu sentia escapar-me  uma parte da vida de Albertine. O amor na ansiedade dolorosa, como no desejo feliz, é a exigência de um todo. Só nasce, só subsiste se resta uma parte para conquistar. Não amamos senão o que não possuímos inteiramente."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 5 - A Prisioneira. Tradução de Manuel Bandeira e Lourdes Sousa de Alencar. Ed. Globo, p.87)

a sensação segura, extracorpórea, de estar num outro lugar

"Cada palavra de um desses romances era um tijolo amarelo na estrada para Oz. Havia capítulos que eu lia e relia, de modo a repetir a sensação segura, extracorpórea, de estar num outro lugar. Eu lia de maneira compulsiva, constante. Nessas férias com a família, meu pai me suplicou que eu fechasse o livro para olhar o Grand Canyon. Pegava pilhas de livros emprestados na biblioetca pública: romances, biografias, história, qualquer coisa que parecesse remotamente atraente."

(Francine Prose in: Para ler como um escritor. Ed. Zahar, p. 18)

Fragmento do leitor escolhido

Foi esse aqui. 

Colaboração da leitora Liana Pauluka do blog http://www.alinguagemsecretadaspalavras.blogspot.com/

Todas as demais colaborações ainda não publicadas serão postadas. A ideia seguirá em 2012.

Para participar:
1) O fragmento (um trecho que não seja imenso) pode ser de livro ou filme (diálogo). Enviem seu fragmento favorito para meu e-mail (vanessa.sza@bol.com.br) e o título do e-mail deve ser: Qual seu fragmento favorito?  
2) É necessário que o autor/roteirista/diretor/poeta seja publicado/conhecido, para citarmos a fonte corretamente. Autor, título do livro. Com editora e página, melhor ainda. Assim, o leitor pode ir atrás da obra.
3) O nome do leitor e o link do seu blog vão constar aqui, para a divulgação dos mesmos. Quem é leitor mas não tem blog também pode participar. Dia 31 de janeiro o fragmento que mais me tocou vai ganhar um DVD + um livro.  

sábado, 24 de dezembro de 2011

o que acontece com ela? E encontro a resposta: ela é tomada por uma vertigem

Benjamin Evans
 "Em A insustentável leveza do ser, Tereza vive com Tomas, mas seu amor exige dela uma mobilização de todas as suas forças e, de repente, ela não aguenta mais, quer ir para trás, "para baixo", de onde veio. E eu me pergunto: o que acontece com ela? E encontro a resposta: ela é tomada por uma vertigem. Mas o que é vertigem? Procuro a definição e digo: "Um atordoamento, um insuportável desejo de cair." Mas logo depois me corrijo, faço mais precisa a definição: "a vertigem é a embriaguez causada pela nossa própria fraqueza, queremos ser mais farcos ainda, queremos desabar em plena rua, à vista de todos, queremos estar no chã, ainda mais baixo que o chão." A vertigem é uma das chaves para compreender Tereza. Não é a chave para compreender você ou eu. No entanto, você e eu conhecemos essa espécie de vertigem pelo menos com nossa possibilidade, uma das possibilidades da existência. Tive que inventar Tereza, um "ego experimental", para compreender essa possibilidade, para compreender a vertigem."

(Milan Kundera in: A Arte do Romance. Ed. Nova Fronteira, p. 33)

só me traga notícias boas

"Edith não é cruel ou insensível, mas está farta; quer que essa confissão não solicitada e perturbadora termine. E possivelmente está até experimentando aquela irritação passageira que nós mesmos podemos sentir quando alguém obscurece nosso belo dia mostrando-nos mais solidão e dor do que queremos ver."

(Sobre o romance Loving, de Henry Green. Francine Prose in: Para ler como um escritor. Ed. Zahar, p. 158)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A palavra certa para descrever aquele olhar seria insolente

"(...) não responde. Não sorri. Lança para ele um olhar profundo. A palavra certa para descrever aquele olhar seria selvagem. Insolente. Sem constrangimento, como diz a mãe: "não se olha para as pessoas dessa forma."

(Marguerite Duras in: O amante da China do Norte. Ed. Nova Fronteira, p. 22)

sei não...

Edie Sedgwick

"Não sei se é o sol, a felicidade, o guinchar das gaivotas, o sal que aos bocados se arraiga à minha pele, mas eu queria me desintegrar, diluir no barco, nas águas, na paisagem. Queria não ter forma, não ter história, nem memória. Será que o passado do mar o torna, hoje, outro mar? Ou seremos nós os únicos seres aprisionados pelo que foi?"

(Tatiana Salem Levy in: Dois rios. Ed. Record, p. 110) 

dos jardins e sonhos

"O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente… E assim é com a vida, você mata os sonhos que finge não ver."

(Mario Quintana)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

os acontecimentos são mais vastos do que o momento em que ocorrem e não podem caber neles por inteiro

Aaron Siskind
"Parece que os acontecimentos são mais vastos do que o momento em que ocorrem e não podem caber neles por inteiro. Certo transbordam para o futuro pela memória que deles guardamos, mas pedem também um lugar ao tempo que os precede. Pode-se dizer que não os vemos então como serão, precisamente, mas na lembrança não são eles também modificados?"

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 5 - A Prisioneira. Tradução de Manuel Bandeira e Lourdes Sousa de Alencar. Ed. Globo, p.343)

Fragmento do leitor 40

A insustentável leveza do ser

"E uma mulher que não tem sossego não suporta nunca a idéia de ser retirada em seu caminho".

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera - pags. 124-125 - Ed. Companhia de Bolso

Enviado pela leitora Ingrid Camargo, do blog http://balletaosvinte.blogspot.com/

Para participar:
1) O fragmento (um trecho que não seja imenso) pode ser de livro ou filme (diálogo). Enviem seu fragmento favorito para meu e-mail (vanessa.sza@bol.com.br) e o título do e-mail deve ser: Qual seu fragmento favorito?  
2) É necessário que o autor/roteirista/diretor/poeta seja publicado/conhecido, para citarmos a fonte corretamente. Autor, título do livro. Com editora e página, melhor ainda. Assim, o leitor pode ir atrás da obra.
3) O nome do leitor e o link do seu blog vão constar aqui, para a divulgação dos mesmos. Quem é leitor mas não tem blog também pode participar. Dia 25 de dezembro o fragmento que mais me tocou vai ganhar um DVD + um livro. 

se sente como a princesa Kitty parada num canto

Anna Karenina
"Os dois pareceram felizes por estar se olhando e Kate se sente como a princesa Kitty parada num canto da sala e percebendo a alegria que enche seus rostos quando os olhos de Vronsky e Anna Karenina se encontram."

(Scott Spencer in: A ship made of paper)

porque a força que dá mais vezes voltas não é a eletricidade, é a dor - Proust

"A essas palavras (...) e antes mesmo que acabassem de ser proferidas, meu coração foi traspassado com mais rapidez que por uma corrente elétrica, porque a força que dá mais vezes voltas não é a eletricidade, é a dor."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 5 - A Fugitiva. Tradução de Carlos Drummond de Andrade. Ed. Globo, p.42)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fragmento do leitor 39

Closer
(68.)

Outro dia, ao escutar a palavra amor, imediatamente veio-me à cabeça a criança revirando a gaveta onde sabe perfeitamente que irá encontrar o que não procura.

Do livro: Casa entre Vértebras, Wesley Peres. Ed. Record, pág. 92

Enviado pela leitora Jenifer Carmo, do blog http://consideracaodopoema.blogspot.com/

Para participar:
1) O fragmento (um trecho que não seja imenso) pode ser de livro ou filme (diálogo). Enviem seu fragmento favorito para meu e-mail (vanessa.sza@bol.com.br) e o título do e-mail
deve ser: Qual seu fragmento favorito?  
2) É necessário que o autor/roteirista/diretor/poeta seja publicado/conhecido, para citarmos a fonte corretamente. Autor, título do livro. Com editora e página, melhor ainda. Assim, o leitor pode ir atrás da obra.
3) O nome do leitor e o link do seu blog vão constar aqui, para a divulgação dos mesmos. Quem é leitor mas não tem blog também pode participar. Dia 25 de dezembro o fragmento que mais me tocou vai ganhar um DVD + um livro.

Porque o excesso de consciência é como o excesso de luz

"É que o adolescente não é um poeta, é uma vítima da poesia. A lógica com que procurava salvar do naufrágio o meu passado levou-me ao limite extremo do abismo lógico. Singular é que o presente só me interessava pela sua possibilidade de converter-se em passado, e assim, aparentemente, o exercício de viver só poderia ser para mim um cansativo comércio com a morte. Perdendo o minuto que passa, podia preservá-lo, recolhê-lo entre minhas lembranças, e só então aprender a sua fulgurante autenticidade. Confesso que mesmo o futuro, o que ainda não se transfigurou em saudade, pesava-me como se fosse vida desperdiçada. (...) Porque o excesso de consciência é como o excesso de luz; o fulgor obsessivo do presente fatiga alguns espíritos. Os objetos que se colocam em meu ângulo de visão, por simples e familiares que sejam, me obrigam a um excesso de concentração mais do que fisicamente doloroso. É como se estivesse no teatro, assistindo a uma peça conhecida, justamente no momento em que nos crispamos para ver o personagem praticar o seu irreparável erro. (...) O passado é o espaço de cada um. O que aconteceu é tarefa já cumprida, vida que se obteve de percepções ilusórias, reino tranqüilo dos emotivos. Eis por que estremeço todas as manhãs, quando o mundo se impõe a mim outra vez. No decorrer de um dia há ciladas suficientes para que o passado de um homem se transforme com violência. Preciso viver com atenção, escolher os meus passos, trocar este gesto por aquele, dizer esta e não aquela palavras, silenciar, ver, sentir para não comprometer o que vou inventando para a memória. Admito no entanto que às vezes o presente já tenha um suavidade de lembrança."

(Paulo Mendes Campos in: O amor acaba - crônicas líricas e existenciais. Crônica: O reino das lembranças. Ed. Civilização Brasileira, p. 223-224)

Quem é que está preparado para a tragédia e para o absurdo sofrimento?

"E de repente tudo muda e fica impossível. Nada está sorrindo lá de cima para ninguém. E quem é que pode dar um jeito nisso? Ali estava alguém despreparado para o caso de a vida ser infeliz, muito menos para o impossível. Mas quem é que está preparado para o impossível que vai acontecer? Quem é que está preparado para a tragédia e para o absurdo sofrimento? Ninguém. A tragédia do homem despreparado para a tragédia - esta é a tragédia do homem comum."

(Philip Roth in: Pastoral americana. Ed. Companhia das Letras)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

do momento presente

"Como estou feliz neste momento. (...) Não importa se vou ter dez mil momento iguais a este ou só este mesmo, porque não tem diferença. É só isso. Este momento presente. E ele é meu."

(Do filme: O amor e outras drogas)

é poesia

"Se sinto fisicamente como se o topo da minha cabeça tivesse sido retirado, sei que é poesia."

(Emily Dickinson)

que me encosto em seus ombros e me sinto em casa

Lolita
"Preciso tanto te ver novamente, confirmar que você existe mesmo, não te inventei, que me encosto em seus ombros e me sinto em casa."

(Tatiana Salem Levy in: Dois rios. Ed. Record, p. 35)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Meu verso se faz trôpego e medido - PMC

Bill Brandt
"(...) Veio com a beleza e a melancolia. (...) Nunca pude dizer tudo o que quero porque ela não quer. Meu verso se faz trôpego e medido por causa dela. Meu riso se fez tímido. Meus passos foram passos tortos de bêbedo, minha sabedoria foi uma sequência de trevas, minhas afeições não valeram, meus amores ficaram inconclusos, minhas alegrias foram alegrias loucas de louco. (...) Quando olho o mar eu me canso; se leio poesia me aborreço; quando durmo não descanso; se me embriago me entristeço."

(Paulo Mendes Campos in: O amor acaba - crônicas líricas e existenciais. Crônica: Tens em mim tua vitória. Ed. Civilização Brasileira, p. 263-264)

dos números

"- Na escola, a minha melhor matéria era matemática. Se tem uma coisa que eu entendo, é de números. por exemplo: neste planeta tem cinco bilhões de pessoas. Desses cinco bilhões, uns dois bilhões e quatrocentos milhões são homens. Daí, se eu tiver vinte e quatro namorados em toda a minha vida, uma média bem razoável, a chance de eu encontrar o homem mais perfeito do mundo para mim é de uma em cem milhões. Mais difícil que ganhar na loteria. É por isso que eu não acredito no amor."

(Paulo Halm e José Roberto Torero in: Pequeno dicionário amoroso. Ed. Objetiva, p. 9)

Juventude - Domingos Oliveira

Outro dia eu acordei mal, acordei deprimido, sabe, com a morte na alma, nesses dias em que você acorda com medo da vida. Aí eu fui conversar com ela, joguei tudo em cima dela. e você sabe como eu fico quando eu faço isso, eu reduzo qualquer um a pó... (...) E ainda pedi um conselho dela, um conselho da juventude, alguma coisa que me ajudasse. Aí, rapaz, ela parou, não ficou nervosa não, pensou, e ela fica linda quando pensa e me disse:
- Antônio, vamos dormir que amanhã passa.
Vamos dormir que amanhã passa. Eu achei isso da maior lucidez!

**
A vida tem três idades: a juventude, a maturidade e o você tá ótimo.
**
Mulher com ciúmes não distingue beijo de trepada.
**
- Até hoje eu não entendo como você não comeu a Dudu naquela época.
- Eu seria eletrocutado por meus sentimentos.

(Do filme: Juventude. Direção e roteiro de Domingos Oliveira)

domingo, 18 de dezembro de 2011

fim da semana CL

Um homem entre as mulheres

Todo homem se deixa levar por uma de sua namoradas, pelo menos uma vez, fazendo tudo o que ela quer, mandando-lhe flores, saindo com ela para passear e querendo estar sempre junto; chega mesmo a casar-se com ela. Por aí deduzimos que devia sentir-se feliz no meio de uma dezena de mulheres.

A verdade, porém, é que ele não se sente nada bem no meio de uma multidão de mulheres, do mesmo modo que um esquimó não pode se sentir bem dentro de uma roupa de banho úmida.

Uma mulher no meio de uma porção de homens até se diverte, porque eles lhe darão uma atenção toda especial e ela adora isso! Já um homem, quando se encontra no meio de uma poção de mulheres, a única coisa que quer é cair fora. Os psicólogos dizem que é o resultado de eles terem sido mandados por mulheres desde pequenos: a mãe, as babás e as professoras. Depois disso, como podem se sentir bem no meio de uma multidão de mulheres: Além do mais, eleas não falam de outra coisa a não ser de si mesmas, de suas roupas e das outras mulheres, e entram em todos os pequenos detalhes de sua vida cotidiana.

Para um homem é difícil entrosar-se nessa linguagem, pois todas falam ao mesmo tempo, e empregam termos cheios de afeição coo "querida", "que encanto" etc... que um homem que se preza não vai usar. No fim de trinta segundo, ele já está inteiramente sem ação e com os olhos esgazeados postos na porta de saída...

(Clarice Lispector in: Só para mulheres)

o amor e a amizade às vezes são uma carga para que os recebe - CL



"Sei, querida, que minha amizade é uma carga (...) que estou dizendo isso: porque o amor e a amizade às vezes são uma carga para que os recebe."

(Teresa Montero (org.) in: Minhas queridas – Clarice Lispector. Carta para a irmã Tania. Berna, 10 de março de 1948. Ed. Rocco, p. 185)

aspas - CL

"Sempre conservei uma aspa à esquerda e outra à direita de mim.”

(Clarice Lispector in: A paixão segundo G.H.)

O que falo nunca é o que falo e, sim... - CL

"Ouve-me. Ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e, sim, outra coisa. (...) Capta a “outra coisa” porque eu mesma não posso."

(Clarice Lispector in: Água viva)

sábado, 17 de dezembro de 2011

da solidão - CL

"E ninguém é eu. E ninguém é você. Esta é a solidão."

(Clarice Lispector in: Água viva)

escrevo porque... - CL

"(...) escrevo porque encontro nisso um prazer que não sei traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta minha alma falando e cantando, às vezes chorando..."


(Benjamin Moser in: Clarice,
Ed. Cosacnaif, p. 206)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

de mais a mais - CL

Le temps retrouvé
"E de tal modo haviam se disposto as coisas que o amor doloroso lhe pareceu felicidade."

(Clarice Lispector in: Laços de família)

dos ventos - CL

Vicky Cristina Barcelona
"Não tenho medo nem das chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas. Pois eu também sou o escuro da noite."

(Clarice Lispector in: A hora da estrela)

quase - CL

"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou o quê? Um quase tudo."

(Clarice Lispector in: Vida de esplendor)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

é assim porque é assim - CL

"Talvez a pergunta vazia fosse apenas para que um dia alguém não viesse a dizer que ela nem ao menos havia perguntado. Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim porque é assim."

(Clarice Lispector in: A hora da estrela)

escrever - CL

La Chinoise
 "Escrever pode tornar a pessoa louca. Ela tem que levar uma vida pacata, bem acomodada, bem burguesa. Senão a loucura vem. É perigoso. É preciso calar a boca e nada contar sobre o que se sabe e o que se sabe é tanto, e é tão glorioso".


(Benjamin Moser in: Clarice,
Ed. Cosacnaif, p. 255)

entender era sempre limitado - semana CL

A single man
"Não entender" era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não entender como um espírito. O bom era ter inteligência e não entender. Era uma benção como a ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez."

(Clarice Lispector in: Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

engolindo muitas borboletas



"De pura alegria, seu coração bateu tão depressa como se ele tivesse engolido muitas borboletas."

(Clarice Lispector in: O mistério do coelho pensante. Rio de Janeiro: Rocco, 1999)

Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo - CL

"Fora das vezes em que quase morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano - que é o mais grave de todos no reino animal -, quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário do martírio em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu.
Porque aquele que mais experimenta o martírio é dele que se poderá dizer: este, sim, este viveu."

(Clarice Lispector in: Morte de uma baleia - Clarice na cabeceira - crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2010)