segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

destemida e doce

“Gostava das pessoas erradas, consumidas pela paixão, admirava São Paulo e Santo Agostinho, acreditava que era preciso se fazer violência para entrar no reino celeste.
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, destemida e doce, como quem vai partir para o céu. Santificara-se”.

(Paulo Mendes Campos in: Cisne de feltro - crônicas autobiográficas. Crônica: Maria José. Ed. Civilização Brasileira, p. 100)

Das formas breves


“Dizem que Averrós é perigoso de tão pacato. Pede, antes de tomar. Ou não toma, porque sempre lhe dão um pouco, por medo do pior. Verdade que poupa nossa casa e vem só por meu pai, solicita apenas a ele. E agora está solto. Talvez tenha escutado o que me disseram dele, o que já ouvi mais de uma vez.
- Aquilo espuma para dentro. Com pouco pode estourar.”

(Fragmento de "Averrós", conto de Jose Luiz Passos (que eu adorei!), publicado pela coleção Formas Breves)

http://blog.e-galaxia.com.br/formas-breves/

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

...



Ana Cristina Cesar in: Poética. Companhia das Letras, p. 304.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

incapaz de dizer

"(...)essas coisas nunca suspeitadas nos limites da nossa casa" eu quase deixei escapar, mas ainda uma vez achei que teria sido inútil dizer qualquer coisa, na verdade eu me sentia incapaz de dizer fosse o que fosse..."

(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, p. 28, Ed. Companhia das Letras)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

do descanso


"Eu nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para "desistir"."

(Carta de Clarice Lispector – Berna, 01/07/46. Extraído de: Minhas queridas – Clarice Lispector, org. Teresa Montero, Ed. Rocco, p. 128)

Imagem: Tony Duran

http://www.vemcaluisa.blogspot.com.br/

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

dos monstros


Flavio Torres in: Monstros fora do armário. Não Editora, p.84.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Aventura na casa atarracada


Aventura na casa atarracada

Movido contraditoriamente
por desejo e ironia
não disse mas soltou,
numa noite fria,
aparentemente desalmado;
- Te pego lá na esquina,
na palpitação da jugular,
com soro de verdade e meia,
bem na veia, e cimento armado
para o primeiro a andar.

Ao que ela teria contestado, não,
desconversado, na beira do andaime
ainda a descoberto: - Eu também,
preciso de alguém que só me ame.
Pura preguiça, não se movia nem um passo.
Bem se sabe que ali ela não presta.
E ficaram assim, por mais de hora,
a tomar chá, quase na borda,
olhos nos olhos, e quase testa a testa.

Ana Cristina Cesar in: Poéticas. Companhia das Letras, p. 107.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Marfim


Ana Cristina Cesar in: Poéticas. Companhia das Letras, p. 84.