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segunda-feira, 4 de julho de 2016

do irritante

De forma curiosa, a sua voz, apesar de terrivelmente fraca, dessa vez é ouvida perfeitamente. Existe, na realidade, uma circunstância em que até a voz mais fraca é ouvida. É quando profere ideias que nos irritam.

Milan Kundera in: A Lentidão. Editora Nova Fronteira, p.86.

sábado, 25 de junho de 2016

do amor


O sentimento de ser eleito está presente, por exemplo, em toda relação amorosa. Pois o amor, por definição, é até mesmo prova de um verdadeiro amor. Se uma mulher me diz: amo você porque você é inteligente, poque é honesto, porque me compra presentes, porque não anda atrás das outras, porque lava a louça, fico decepcionado; esse amor me parece interesseiro.Como é mais bonito ouvir: sou louca por você apesar de você não ser nem inteligente, nem honesto, apesar de você ser mentiroso, egoísta, ordinário.

Milan Kundera in: A Lentidão. Editora Nova Fronteira, p.57.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

da ironia

A ironia irrita. Não porque ela zombe ou ataque, mas porque nos priva de certezas, desvendando o mundo com ambiguidade.

Milan Kundera

sexta-feira, 28 de março de 2014

Ligações perigosas


"(...) a verdadeira grandeza dessa arte não reside numa propaganda qualquer do hedonismo mas em sua análise. É essa a razão pela qual considero As ligações perigosas de Choderlos de Laclos um dos maiores romances de todos os tempos.
Seus personagens não se ocupam senão da conquista do prazer. No entanto, pouco a pouco, o leitor compreende que é menos o prazer e mais a conquista que os tenta. Que não é o desejo de prazer mas o desejo da vitória que conduz a dança. Que aquilo que aparece primeiro como um jogo alegre e obsceno se transforma imperceptível e inevitavelmente numa luta de vida e de morte. Mas o que tem em comum a luta com o hedonismo? Epicuro escreveu: "O homem sábio não procura nenhuma atividade ligada à luta."

(Milan Kundera in: A lentidão. Ed. Nova Fronteira, p. 13)

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

do instante


(...) a aproximação mútua era sempre o excedente de uma alteridade e o instante do abraço era só inebriante porque não era mais que um instante.

Milan Kundera in: A vida está em outro lugar. Nova Fronteira, p.16-17.

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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ver

"(...) tinha que vê-lo; era preciso que o visse mais uma vez, longamente e de perto. Era preciso enfrentar a dor. Tinha que olhar esse corpo... (...) era preciso que o olhasse..."

Milan Kundera in: A valsa do adeuses. Ed. Nova Fronteira, p. 129.

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terça-feira, 28 de maio de 2013

sonho, realidade



"Mas nunca se sabe no instante presente se a realidade é sonho ou se o sonho é realidade..."

(Milan Kundera in: A vida está em outro lugar. Ed. Círculo do Livro, p. 218)

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Não teria ficado finalmente apenas esse medo, o medo sem o amor?



"Ela segurava o volante, sentia-se segura de si e bela, dizia-se ainda: será mesmo o amor que a prende a Klima, ou apenas o medo de perdê-lo? E se esse medo fosse a princípio a forma ansiosa do amor, será que com o tempo, o amor (cansado e esgotado) não teria escapado de sua forma? Não teria ficado finalmente apenas esse medo, o medo sem o amor? E o que ficaria se esse medo desaparecesse?"

(Milan Kundera in: A valsa dos adeuses. Ed. Nova Fronteira, p. 211)

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sexta-feira, 15 de março de 2013

não existe nada mais real do que esse irreal



"(Como cada um de nós, Klima atribuía realidade apenas àquilo que penetrava em sua vida por dentro, progressivamente, organicamente, enquanto aquilo que vinha do exterior, bruscamente e fortuitamente, ele via como uma invasão do irreal. Infelizmente, não existe nada mais real do que esse irreal.)"

(Milan Kundera in: A valsa dos adeuses. Ed. Nova Fronteira, p. 132)

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domingo, 3 de março de 2013

passado furta-cor

"Então acham que o passado, porque já foi, está acabado e imutável? Ah não, sua vestimenta é feita de um tafetá furta-cor, e cada vez que nos voltamos para ele podemos vê-lo com outras cores."

(Milan Kundera in: A vida está em outro lugar. Ed. Círculo do Livro, p. 130)

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domingo, 27 de janeiro de 2013

penoso esforço


"Será que finalmente estava decidida a dizer a verdade? Ah, de jeito nenhum! Não lhe dizia que o que ela costumava chamar de felicidade de amar não passava de um penoso esforço..."

(Milan Kundera in: A vida está em outro lugar. Ed. Círculo do Livro, p. 67)

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Imagem: Camille Claudel

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nada há mais belo que o momento que antecede à viagem


"Xavier sentia que estava novamente impregnado de viagens. E nada há mais belo que o momento que antecede à viagem, o instante em que o horizonte de amanhã vem visitar-nos e contar as suas promessas."

(Milan Kundera in: A vida está em outro lugar. Ed. Círculo do Livro, p. 90)

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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

do romance


‎(Philip Roth in: Entre nós - um escritor e seus colegas falando de trabalho. Companhia das Letras, p. 104)

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terça-feira, 23 de outubro de 2012

as testemunhas do passado, quer dizer, os amigos


"Naquele momento, compreendi o único sentido que a amizade pode ter hoje. A amizade é indispensável ao homem para o bom funcionamento de sua memória. Lembrar-se do passados, carregá-lo sempre consigo, é talvez a condição necessária para conservar, como se diz, a integridade do seu eu. Para que o eu não se encolha, para que guarde seu volume, é preciso é preciso regar as lembranças como flores num vaso e essa regra exige um contato regular com as testemunhas do passado, quer dizer, com os amigos. Eles são nosso espelho; nossa memória; não exigimos nada deles, a não ser que de vez em quando lustrem esse espelho para que possamos nos olhar nele."

(Milan Kundera in: A identidade. Ed. Companhia de Bolso, p. 36)

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

do mutismo


"Dois seres que se amam, sozinhos, isolados do mundo, é muito bonito. Mas de que iriam alimentar sua convivência? Por mais desprezível que seja o mundo, precisam dele para poder conversar."
"Poderiam se calar."
(...) "Ah, não, nenhum amor sobrevive ao mutismo."

(Milan Kundera in: A identidade. Ed. Companhia de Bolso, p. 59)

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domingo, 21 de outubro de 2012

A dor não é razoável


“No íntimo, sabe muito bem que este seria o único comportamento razoável, mas a dor não quer escutar a razão, ela tem a sua própria razão, que não é razoável.”

(Milan Kundera in: A identidade. Ed. Companhia de Bolso, p. 89)

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Imagem: Casablanca

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

e no susto...


"Logo depois, ficaria assustada com esse sentimento. Mas contra os sentimentos ninguém pode fazer nada, estão aí e escapam a qualquer censura. Podemos nos censurar por um ato, uma palavra pronunciada, não podemos nos censurar por um sentimento, simplesmente porque não temos nenhum poder sobre ele."

(Milan Kundera in: A identidade. Ed. Companhia de Bolso, p. 32-33)

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sábado, 6 de outubro de 2012

Como podia sentir saudade se ele estava na frente dela?


"Saudade? Como podia sentir saudade se ele estava na frente dela? Como se pode sofrer com a ausência de alguém que está presente? (Jean-Marc saberia responder: pode-se sofrer de saudade na presença do amado se se entrevê um futuro em que o amado já está então, invisivelmente, presente.)"

(Milan Kundera in: A identidade. Ed. Companhia de Bolso, p. 32)

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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

uma certa angústia

"Apesar da ausência de todo perigo, ela não podia se livrar de uma certa angústia com a idéia de que um segundo da sua vida, em vez de converter em nada como todos os outros segundos, seria arrancado do curso do tempo e se acaso um imbecil viesse exigi-lo, um dia iria ressuscitar como um morto mal enterrado."

(Milan Kundera in: A imortalidade. Ed. Nova Fronteira, p. 35)

*Imagem: Sasan Abri*
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

o estilete dos olhares

"Mesmo seu carro lhe dava um pouco de felicidade, porque ali ninguém lhe falava, ninguém a olhava. Sim, isso era o principal, ninguém a olhava. A solidão: doce ausência de olhares. (...) Isso a fez crer compreender que os olhos eram fardos insuportáveis, beijos de vampiros; que fora o estilete dos olhares que gravara as rugas no seu rosto."

(Milan Kundera in: A imortalidade. Ed. Nova Fronteira, p. 32)

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