sábado, 31 de março de 2012

da imaginação - Proust

Carrie 
"Muitas vezes, no decurso da existência, a realidade me decepcionara porque, ao vislumbrá-la, minha imaginação, meu único órgão para sentir a beleza, não se podia aplicar, devido à lei inevitável em virtude da qual só é possível imaginar-se o ausente".

(Proust in: O tempo redescoberto. Tradução de Lúcia Miguel Pereira. Ed. Globo, p. 153)

sexta-feira, 30 de março de 2012

do espírito - Proust

"Nem uma só hora de minha vida deixou de servir para ensinar-me, como já disse, que apenas a percepção grosseira e errônea enfeixa tudo no objeto quando, ao contrário, tudo reside no espírito".

(Proust in: O tempo redescoberto. Tradução de Lúcia Miguel Pereira. Ed. Globo, p. 187)

quinta-feira, 29 de março de 2012

tão fácil embelezar-se as narrativas de um passado - Proust

 "Mas é tão fácil embelezar-se as narrativas de um passado do qual já ninguém está a par, como das viagens por países aonde ninguém foi."

(Proust in: O tempo redescoberto. Tradução de Lúcia Miguel Pereira. Ed. Globo, p. 243)

quarta-feira, 28 de março de 2012

do escrever - F. Pessoa

Francesco Capello
"Que me pesa que ninguém leia o que escrevo? Escrevo-o para me distrair de viver, e publico-o porque o jogo tem essa regra."

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 27 de março de 2012

extremos

'Escrever é estar no extremo de si mesmo".

(João Cabral de Mello Neto)

segunda-feira, 26 de março de 2012

não-dar-certo era natural - Caio F.

"Seu grande medo era o destemor que sentia. Íntegro, sem mágoas nem carências ou expectativas. Íntegro, sem memórias nem fantasias. Mesmo o não-medo sequer sentia, pois não-dar-certo era o natural das coisas serem, imodificáveis, irredutíveis a qualquer tipo de esforço."

(Caio F. in: Morangos Mofados, p. 76)

domingo, 25 de março de 2012

as uvas talvez custem demais a amadurecer - Caio F.

"(...) e assim mergulhas: (...) à espera do tempo de vindima. Mas - sei, sabes, sabemos - as uvas talvez custem demais a amadurecer. E quase não temos tempo".

(Caio F. in: Morangos Mofados, p. 63)

sábado, 24 de março de 2012

do esquecimento - Inês Pedrosa


"Já não posso por ti, por mim, pelas horas todas que nos esquecemos de viver."

(Inês Pedrosa in: Fazes-me falta)

sexta-feira, 23 de março de 2012

dos motivos - Maria Adelaide Amaral

"- Não sei.
- Quando souber, me avise.
- Vou pensar no assunto.
- É sua a decisão.
- É bom que seja, porque às vezes acho que você está controlando a minha vida. Vai pra lá, vem pra cá, faz isso, não faz aquilo, não faça isso.
- Você só tem essa impressão porque vive ao sabor do vento.
- Por que me faz sentir um idiota?
- Porque de vez em quando você se comporta assim."

(Maria Adelaide Amaral in: Estrela nua. Ed. Record, p. 55)

quinta-feira, 22 de março de 2012

do amor - Lacan

“(...) amar é amar um ser para além do que ele parece ser.”

LACAN, J. O seminário: livro 1 – Os escritos técnicos de Freud. Rio de janeiro: Zahar,  1953-1954/1986.

quarta-feira, 21 de março de 2012

da insistência - Carola Saavedra

"Por algum tempo achei que isso me ajudaria, que, se eu não falasse mais de Karen, um dia ela desapareceria. Mas não foi assim. Os mortos são insistentes. Quantas vezes será necessário matá-los dentro de nós para que eles enfim nos deixem em paz?"

(Carola Saavedra in: Paisagem com dromedários. Ed. Companhia das Letras, p. 144)

terça-feira, 20 de março de 2012

Aniversário



Hoje o blog faz 3 anos.

da beleza - Proust

Whistler
"A beleza das imagens se situa por detrás das coisas, a das ideias na frente. De sorte que a primeira cessa de nos maravilhar quando atingimos estas, mas só compreendemos a segundo quando as ultrapassamos".

(Proust in: O tempo redescoberto. Tradução de Lúcia Miguel Pereira. Ed. Globo, p. 201)

segunda-feira, 19 de março de 2012

que se sabe que se sabe - Caio F.

The virgin suicides
"Não escrevo senão sobre o que conheço profundamente. Meus livros me perseguem durante muito tempo. Nunca tive nada a não ser a bagagem de minhas experiências."
 
ABREU, Caio Fernando. Caio 3D: o essencial da década de 1990. Rio de Janeiro: AGIR, 2005.

Entrevista ao Jornal da Tarde, de São Paulo, com o título: “Caio Fernando Abreu só pensa em escrever”. Conduzida pelo jornalista Wálmaro Paz e publicada em 11 de outubro de 1994.

domingo, 18 de março de 2012

da criação e sonhos



“(...) É como no sonho. A gente não programa um sonho. Toda experiência de criação é, portanto, uma novidade. O escritor diante do papel em branco deve der sempre um estreante. É sempre uma aventura, como se fosse pela primeira vez.” 

Entrevista com Cyro dos Anjos in:
Steen, Edla van. Viver & escrever 2. Porto Alegre: L&M Pocket, 2008.

sábado, 17 de março de 2012

o ar definitivo das sentenças irrevogáveis

"(...) para que tudo adquirisse o ar definitivo das sentenças irrevogáveis. Teria bastado qualquer chamado, qualquer sopro, qualquer vento."

(Carola Saavedra in: Toda terça. Ed. Companhia das Letras, p. 128)

sexta-feira, 16 de março de 2012

da catástrofe


"(...) amor-paixão, tal como é concretamente vivido pelo sujeito, como uma espécie de catástrofe psicológica".

LACAN, J. O seminário: livro 1 – Os escritos técnicos de Freud. P. 133.Rio de janeiro: Zahar,  1953-1954/1986.

quinta-feira, 15 de março de 2012

nem sempre...

"Porque um homem morre por alguma coisa, ela não é necessariamente verdade."

(Oscar Wilde)

dos becos - Caio F.

"Ficou um silêncio cheio de becos".

(Caio F. in: Morangos mofados)

quarta-feira, 14 de março de 2012

a dimensão narcísica que nele predomina avassaladoramente

"Don Juan não tem memória, porque a memória supõe um respeito pelo outro, uma possibilidade de ser afetado por ele, que em nada condiz com a dimensão narcísica que nele predomina avassaladoramente. Entretanto, por que esta busca incessante de si próprio precisa passar pela conquista das mulheres?  Por que estas se deixam seduzir? Talvez a resposta às duas perguntas seja uma só. Pois, se o que caracteriza o desejo de Don Juan não é a vontade de poder, é certo que este desejo vem carregado de uma paixão de tal forma abrasadora, que transfigura o próprio alvo dela. O narcisismo tem a propriedade de idealizar seus objetos, de neles projetar uma luz que os faz aparecer como perfeitos, à própria imagem do ideal de perfeição que sustenta a vibração narcísica. E Don Juan faz ressoar nas mulheres de quem se aproxima esta nota narcísica, embelezando todas as que lhe passam pela frente, vendo em cada uma delas algo que a torna desejável em grau supremo: a grandona se torna “majestosa”, a gorducha é magnífica nas noites de inverno, a velhota exala uma grande doçura... Seu desejo as enobrece, e daí nasce o efeito sedutor, na precisa formulação de Kierkegaard, porque este desejo as torna diferentes do que eram, até um momento atrás, a seus próprios olhos. O jogo da sedução se enraíza assim numa reduplicação do narcisismo, tanto do agente quanto do objeto seduzido. E o efeito transfigurador da idealização não termina com a ferida narcísica do abandono: o momento passageiro em que cada uma delas foi para Don Juan a mulher absoluta, a encarnação do eterno feminino, parece bastar para que nela algo de muito profundo seja modificado, algo que o psicanalista situaria na esfera das identificações". (pp. 94-95)

(MEZAN, Renato. Mille e quattro, mille e cinque, mille e sei - novas espirais da sedução. In: DAVID, Renato Janine Ribeiro (org.). A sedução e suas máscaras - ensaios sobre Don Juan. São Paulo: Companhia das Letras: 1988.)

sem saber - Lúcio Cardoso

"Assim somos feitos, nunca sabemos ao certo quando, com quem e nem poderemos ser felizes."

(Lúcio Cardoso in: Crônica da casa assassinada. Ed. Record, p. 336)

terça-feira, 13 de março de 2012

Por que o passado era tão rebelde?

"Todo o lugar me parece uma imensa pilha de detritos onde eu sabia que uma joia escura se perdera. Meu fracasso era absurdo, horrível, torturante. A plúmbea morosidade de um empenho de sonho. Um desesperado agarrar-se entre coisas a se dissolver. Por que o passado era tão rebelde?"

(Vladimir Nabokov in: A verdadeira vida de Sebastian Knight. Ed. Alfaguara, p.120)

domingo, 11 de março de 2012

do desejo de viver - Proust

"Senti ao vê-la esse desejo de viver  que em nós renasce cada vez que recuperamos a consciência da felicidade e da beleza."

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 2 - À sombra das raparigas em flor.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 281)

sábado, 10 de março de 2012

das buscas - Proust

 "Mas eu já sabia, mesmo antes de vir ver a Berma, que o objeto do meu amoroso anelo, fosse qual fosse, sempre teria de achar-se ao fim de uma penosa busca, e, em tal busca, teria de sacrificar o meu prazer a esse bem supremo, em vez de encontrar nesse bem o meu prazer".

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 2 - À sombra das raparigas em flor.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 270)

sexta-feira, 9 de março de 2012

umas pinceladas

"Mesmo os escritores aparentemente mais diversos revelam partilhar alguns talentos: por exemplo, a habilidade de criar um personagem secundário com apenas algumas pinceladas rápidas."

(Francine Prose in: Para ler como um escritor. Ed. Zahar, p.125)

quinta-feira, 8 de março de 2012

algo nas mãos - Caio F.

"- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.

(Caio F. in: Morangos mofados)


terça-feira, 6 de março de 2012

Com metafísica - P. Roth

"Foi o seu pior fracasso, e ela jamais conseguiu se esquecer dele. A redenção só veio com o professor que lhe deu o anel romano. Sexo, sim, e da melhor qualidade, mas sexo com metafísica. Sexo com metafísica com um homem dotado de gravitas que não é vaidoso. Um homem como Kundera. É esse seu plano".

(Philip Roth in: A marca humana. Cia. das Letras, p. 333)

segunda-feira, 5 de março de 2012

do inferno - Lacan

"(...) a história infernal de seu desejo é tudo aquilo que vem em seguida..."

(Lacan in: Seminário 20)

domingo, 4 de março de 2012

de olhos bem fechados

"A felicidade tem os olhos fechados".

(Paul Valéry in: Pensamentos meus e outros)

sábado, 3 de março de 2012

dos desejos - Platão

"Portanto, a pessoa, e quem quer que deseje alguma coisa, deseja forçosamente o que não possui, o que não tem, o que lhe falta: ora, não são esses justamente os onjetos do desejo e do amor?"

(Platão in: O Banquete)

sexta-feira, 2 de março de 2012

do tempo - Pablo Neruda

"É tão curto o amor, tão longo o esquecimento."

(Pablo Neruda in: Vinte poemas de amor e uma canção desesperada)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Resultado do concurso cultural "Esquecer-te de mim"

O leitor que ganhará o livro "Esquecer-te de mim" (Eb. Babel), da escritora Claudia Nina é Mariana Nunes, com a frase:

Esquecer-te de mim é dar a-deus de você dentro de mim. Tirar todas as manias, todos os poros arrepiados acostumados a latejar e permitir abraços e ao mesmo tempo é esgotar toda a poesia que juntos rimavam nosso amor. Em sumo, saborear o suco da saudade amargurada e despejar o bagaço em outro coração ilusão. Esquecer-te de mim é estar fora do peso que a alma carrega. Até o fim.

Mariana será avisada por e-mail.

Vemos, ouvimos, concebemos o mundo inteiramente às avessas

 "Nosso erro está em acreditar que as coisas que se apresentam habitualmente tais quais são na realidade, os nomes tais como são escritos, as pessoas tais como a fotografia e psicologia delas fornecem uma noção imóvel. Em verdade, não é absolutamente isto que de ordinário percebemos. Vemos, ouvimos, concebemos o mundo inteiramente às avessas. Repetimos o nome tal qual o ouvimos, até que a experiência haja retificado nosso erro, o que nem sempre acontece."

(Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 5 - A Fugitiva. Tradução de Carlos Drummond de Andrade. Ed. Globo, p.113)