quinta-feira, 13 de maio de 2010
Kant e o etilismo ético
O filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804) era chegado em uma bebidinha alcoólica. Quando fez 30 anos de idade, festejou tanto num botequim que quase não conseguiu encontrar o caminho de volta para casa. Kant gostava tanto de beber e comer que seu amigo, o conselheiro Von Hippel, disse-lhe certa que ele iria acabar escrevendo uma crítica da cozinha.
Quando um prato agradava a Kant, ele pedia a receita a quem o preparava. Não fazia questão de alimentos complicados, mas gostava de carne macia e pão e vinho de boa procedência. Comia devagar e demorava a levantar da mesa após as refeições.
Em Metafísica dos Costumes, o filósofo propõe que em estado de embriaguez, o homem deve ser tratado como um animal, não como homem. Para ele, o álcool é comparado à droga e às substâncias que impedem a sabedoria, a dignidade e o autodomínio.
“Este aviltamento é atraente porque traz por um momento a felicidade de sonho, a liberação das preocupações e até mesmo forças imaginárias. Mas é nefasto porque leva em seguida ao abatimento, à fraqueza e, o que é pior, à necessidade de voltar a esse meio de embrutecimento e mesmo de aumentar a dose”. (Metafísica dos costumes, Kant, Editora Tecnoprint)
Para Kant, a voracidade é pior do que a embriaguez – talvez para justificar a própria. O filósofo tinha um cozinheiro e quando recebia hóspedes, anotava na véspera seus pratos favoritos e pedia que o cozinheiro os preparasse.
Segundo o pastor Reinhold Bernhard Jachmann, os cardápios de Kant eram simples: consistiam em três pratos, queijo e manteiga. Gostava de caldo de vitelo, sopa de cevada e de aletria e carnes assadas. Geralmente começava suas refeições com peixe e colocava mostarda em quase todos os pratos. Apreciava muito manteiga e queijo ralado. Uma idiossincrasia do filósofo: seus dentes eram muito ruins. Por isso, mastigava demoradamente a carne e só engolia o caldo. Cuspia o resto e escondia ao lado do prato, ou embaixo das cascas de pão.
Assim que acabava a refeição, o filósofo “bebia um trago”, em suas próprias palavras. Bebia meio copo de vinho tinto açucarado, aquecido com cascas de laranja. Ele acreditava que o vinho estimulava o bom funcionamento dos intestinos. Ao fim da vida, octogenário, reclamava quando as fatias de pão com manteiga eram cortadas de maneira irregular. “Quero forma, forma precisa”, dizia.
Texto: Vanessa Souza
Fonte: O Ventre dos Filósofos, Michel Onfray
Publicado originalmente em: http://www.informativomalagueta.com.br/edicao.asp
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Um enkanto de pessoa ...
ResponderExcluiro que confirma o meu textículo sobre a chatice de kant, "forma precisa", essas coisas pra aplacar a desordem.
ResponderExcluirConcordo com Kant: ''o filósofo propõe que em estado de embriaguez, o homem deve ser tratado como um animal, não como homem''
ResponderExcluirInteressante saber dessas particularidades dos sabios.
ResponderExcluirbeijos
faça o que eu falo, não o que eu faço?
ResponderExcluirOs mais chegados em um bebidinha dirão:
ResponderExcluiroctogenário e bebendo todas assim???
Então... concluem rápidinho...
Vanessa querida, a vida é um palco, onde os atores se sobressaem ou não...
O roteiro já vem pronto...
mas com o livre arbítrio colocamos nosso toque... acrescentamos aqui, alí...
e esta "peça" poderá até ficar de exemplo para os novos atores...
ou cair no esquecimento...
Lá vem um novo dia... e mais um ato será apresentado... cabe a nós dar sempre o melhor... a nossa melhor interpretação...
Beijos...bom dia!