sexta-feira, 14 de maio de 2010
Nietzsche: teoria, só teoria
Para o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche(1844-1900), uma das questões que poderia salvar a humanidade é a alimentação. Em resumo, poderia ser formulada em uma frase a alimentação para ele: como realmente o indivíduo deve se alimentar para chegar ao máximo de sua força, no sentido do Renascimento, da virtude isenta de todo elemento moral.
Nietzsche.jpgNa ótica nietzchiana, a alimentação determina o comportamento e eleger seu alimento é elaborar a essência. Melhor dizendo, não se escolhe o regime alimentar e sim encontra-se o que é mais adequado às necessidades do organismo.
“A dietética é a ciência da aceitação do reino da necessidade por intermédio da inteligência: trata-se de compreender o que melhor convém ao corpo e não de escolher ao acaso, seguindo critérios que ignoram a necessidade física”. (ONFRAY, p. 90)
Nietzsche repudia a alimentação do homem moderno, que acha que pode comer quase tudo. Uma de suas críticas mais ferrenhas vai para a cozinha alemã: sopas antes das refeições, carnes cozinhas em excesso, legumes gordurosos, sobremesas pesadas… Tudo isso regado à cerveja – que ele é contra e atribui a ela toda a lentidão da civilização. O pão, para o filósofo, também deve ser suprimido, por apagar o gosto dos alimentos. Os legumes feculentos, devem sair de cena. O arroz, consumido em excesso, era para Nietzsche um convite ao ópio. As razões para tudo isso? Absolutamente obscuras, já que nenhum costume oferece argumentos nesse sentido.
O vegetarianismo também não é solução para o alemão, sendo os vegetarianos, para ele, seres que necessitam de um regime fortificante. Em suma, a dietética nietzschiana é a ciência da medida: nem excesso de arroz e batatas, nem carência de carne ou uso de bebidas alcoólicas.
No entanto, ao contrário do que pregava, há registros de muitos excessos na alimentação pessoal do filósofo. Em 1880, grande parte da correspondência que trocou com sua mãe consistia em encomendar salsichas e presunto. Quatro anos depois, com o corpo em ruína, contentava-se em almoçar uma maçã. No ano seguinte, almoçava pão de cevada e leite. Em 1886, pobre e doente, privilegiava os laticínios na sua dieta. Mesmo com a saúde deteriorada, não perde o gosto por presunto e salsichas. Grande ironia é lembrar das palavras do filósofo em Considerações Inatuais: “Estimo um filósofo na medida em que é capaz de dar um exemplo”. Grande embuste o brilhante Friedrich, nunca colocou em prática a dietética que teorizou.
Texto: Vanessa Souza
Fonte: O ventre dos filósofos – crítica da razão dietética, Michel Onfray, Ed, Rocco, 1990.
Publicado originalmente em: http://www.informativomalagueta.com.br/edicao.asp
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to 'fudid*...
ResponderExcluirssó como pizza!!!!!!!
...
a gente sempre fala q...qqr coisa...
mas eh tão mais fácil estar a beira daquilo do que de fato ser aquilo!
(:
faça o que eu falo não o que eu faço parte II?
ResponderExcluirEu adoro esse cara!!!!!!
ResponderExcluirbjo Van, bom final de semana, cuide-se!!!!!
Vou ficar freguês do seu divã. Nietzsche é contraditório como qualquer ser humano, até em excesso. Abração
ResponderExcluirSomos uma ponte entre o humano e o além do humano, o super homem. Nietzsche só tava antecipando e elaborando o cardápio do Ubermensch.
ResponderExcluirTô lendo "O Anticristo" dele!
ResponderExcluirQue a busca do equilíbrio é uma coisa bacana tudo bem. Só faltou ele seguir o próprio conselho.
ResponderExcluirNietzsche,adoro!Mesmo por que ,ele já advertia :Não me sigam!Freud era neurótico até o último fio de cabelo...nem por isso sua grande descoberta deva ser desconsiderada,muito pelo contrário.Viva a Psicanálise,ela é eterna,quanto a Freud...já foi!
ResponderExcluirbjs!
Hehê! Esse cara, mesmo que tremendo safado, era brilhante... "É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação", dizem que disse. Na questão culinária, todavia, anteponho-lhe o "Os prazeres da Páscoa", em http://caiovmartins.blogspot.com/2010/04/os-prazeres-da-pascoa.html - se você me permitir.
ResponderExcluirBeijos, Vanessa. Você, evidentemente, não "pinça" e comenta textos para quem, lendo "Coxa e sobrecoxa com creme de cebola e maioneses", acha que é tratamento de beleza...
É vanessa mais um livro que vou ter que comprar...você podia sortear alguns de vez em quando...rsrs
ResponderExcluirE valeu pela sua constante presença no Rembrandt
Abraço
nuh, nem ele conseguiu!!
ResponderExcluiro que hoje é verdade, amanhã pode não o ser... a idade, as circunstâncias da vida, a saúde, a relação com o mundo, os valores e os ideais encontra-se em permanente mutação. por vezes pregamos partidas a nós mesmos. em portugal há o provérbio "nunca digas desta água não beberei", ou, ainda mais curioso, na circunstância, é o aforismo "olha para o que eu digo e não para o que eu faço". :)
ResponderExcluirum beijinho, vanessa!
Mas a dieta que ele pregava tinha estudo científico efetivamente comprovava algo? Enfim, tem muita gente com achismo escrevvendo dietas por ai... por conta disso que nunca fiz uma dieta dessas de modismo. Mas segui orientações de uma nutricionista.
ResponderExcluirbjinhos