quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Era a tua lembrança que batia

Henry Payne
"Adornou o meu quarto a flor do cardo,
Perfumei-o de almiscar recendente;
Vesti-me com a purpura fulgente,
Ensaiando meus cantos, como um bardo;

Ungi as mãos e a face com o nardo
Crescido nos jardins do Oriente,
A receber com pompa, dignamente,
Mysteriosa visita a quem aguardo.

Mas que filha de reis, que anjo ou que fada
Era essa que assim a mim descia,
Do meu casebre á humida pousada?...

Nem princezas, nem fadas. Era, flor,
Era a tua lembrança que batia
Ás portas de ouro e luz do meu amor!"

(Antero de Quental in: Visita)

4 comentários:

  1. Lindo resgate ... Adorei o "nardo" ... desde os tempos de Salomão.

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  2. Se fosse em outro blog, pensaria que princeza seria erro ortográfico

    :)

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  3. Algumas lembranças são mais palpáveis do que certas presenças.

    Certas presenças são mais evanescentes do que algumas lembranças.

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  4. Que coisa linda de imagem.

    "Era a tua lembrança que batia."

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