"(...) eu devia me expor a você, sem reticências, sem jogos... mas ao mesmo tempo eu tinha medo de me dissolver, de me perder, de não ser mais eu, mas apenas um ser apaixonado... e tinha principalmente vergonha da minha ansiedade, da minha carência... se eu as exibisse a você, talvez você se assustasse e fugisse... e então eu ocultava os meus excessos, me mostrava distante, forte, blasée... e o que acabava mostrando era um arremedo de envolvimento, mesmo sabendo que isso nos fazia mal... eu odiava a dependência, a sujeição, a espera contínua por uma palavra, um gesto... era como se você fosse Deus e estivesse em suas mãos decidir a minha felicidade ou a minha desgraça... como suportar o fato de estar inteiramente subjugada a você? Como suportar teus atrasos, tua ausência... como ficar à espera e olhar para o relógio e sentir o tempo passar e construir mil histórias sobre o atraso... primeiro te desculpando, depois te acusando e prometendo a mim mesma fazer um escândalo quando você chegasse... e quando você chegava, eu ficava tão perturbada, tão feliz, tão grata, que esquecia completamente a raiva e a humilhação da espera... fico pensando no tempo em que desperdicei tentando dissimular. mascarar minha incontrolável dependência de você... durante meses ocultei minha loucura, me contive, sufoquei, fui civilizada... civilizada na minha fúria, civilizada na minha dor, civilizada em momentos que não devia ser..."
(Teatro Completo - Maria Adelaide Amaral, peça: De braços abertos, p. 228, Ed. Global)
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que ritmo maravilhoso o desse texto!
ResponderExcluirbjs
Adoro esse trecho. Muito bem escolhido, Van!
ResponderExcluirBjs!
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http://extensaosaladeartes.blogspot.com/
É tão difícil não pertencer...quando se pertence.
ResponderExcluirUm texto que muitas de nós já sentiu na carne!
ResponderExcluirUm beijo,saudades!
Sonia Regina.
por favor, alguém me explique o q eh esse texto lindo? OMG! que perfeito, como ela consegue descrever exatamente o desespero da espera por aquele que julgamos ser o nosso amor É SIMPLESMENTE PERFEITO
ResponderExcluira vida de faz-de-conta. será que conta?
ResponderExcluirCoisa de mulher apaixonada. Sempre apaixonadas.
ResponderExcluirfantástico Vanessa!
ResponderExcluirexpor e dispor..
beijos
Civilidade é uma desgraça mesmo! rsrsrs
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