"E Se não houver outro modo?
E SE a passagem que podemos fazer um pela vida do outro for esta? Apenas esta? A passagem do viajante?
E SE eu continuar a desenhar você obsessivamente, como fiz durante um ano, pelos próximos dez ou vinte ou trinta?
E SE os nossos encontros não vierem com o rótulo da família, do cartório, da aliança, da hora do jantar, do jornal à porta pela manhã, das compras de supermercado, dos chinelos ao pé da cama, da tábua do vaso do banheiro, das escovas de dente, da biblioteca e da discoteca, dos recados presos na geladeira, das xícaras de café sobre a pia com um círculo preto ao fundo, da toalha de banho habitual, do lugar habitual à mesa, da marca preferida de xampu, da secretária eletrônica, da regulagem da torradeira e do retrovisor do carro, das contas ao final do mês, dos amigos em comum?
E SE for preciso assumir a fragilidade de nós mesmos na fragilidade daquilo que somos? Viajantes?"
(Adriana Lisboa in: Rakushisha. Ed. Rocco, p. 121-122)
segunda-feira, 28 de março de 2011
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…e se… duas palavrinha que causam um reboliço na gente...
ResponderExcluirMISERICÓRDIA!
ResponderExcluirNão faça isso comigo em plena segunda-feira querida Vanessa..rsrs
Foi lindo demais!!!
=)
Beijo
Ja leu O Gene Egoísta do R.Dawkins ?
ResponderExcluirE a fragilidade está ai e o que acontece é que não se lida com ela e o que disponta são os objetos nos lugares, durante toda uma vida dando aparência de solidez.
ResponderExcluire por que não uma só colher com "our ice cream"?
ResponderExcluirnem me atrevo a sugerir "i don't like ice cream" :)