segunda-feira, 28 de março de 2011

Apenas esta? A passagem do viajante?

"E Se não houver outro modo?
E SE a passagem que podemos fazer um pela vida do outro for esta? Apenas esta? A passagem do viajante?
E SE eu continuar a desenhar você obsessivamente, como fiz durante um ano, pelos próximos dez ou vinte ou trinta?
E SE os nossos encontros não vierem com o rótulo da família, do cartório, da aliança, da hora do jantar, do jornal à porta pela manhã, das compras de supermercado, dos chinelos ao pé da cama, da tábua do vaso do banheiro, das escovas de dente, da biblioteca e da discoteca, dos recados presos na geladeira, das xícaras de café sobre a pia com um círculo preto ao fundo, da toalha de banho habitual, do lugar habitual à mesa, da marca preferida de xampu, da secretária eletrônica, da regulagem da torradeira e do retrovisor do carro, das contas ao final do mês, dos amigos em comum?
E SE for preciso assumir a fragilidade de nós mesmos na fragilidade daquilo que somos? Viajantes?"


(Adriana Lisboa in: Rakushisha. Ed. Rocco, p. 121-122)

5 comentários:

  1. …e se… duas palavrinha que causam um reboliço na gente...

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  2. MISERICÓRDIA!

    Não faça isso comigo em plena segunda-feira querida Vanessa..rsrs

    Foi lindo demais!!!
    =)
    Beijo

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  3. E a fragilidade está ai e o que acontece é que não se lida com ela e o que disponta são os objetos nos lugares, durante toda uma vida dando aparência de solidez.

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  4. e por que não uma só colher com "our ice cream"?
    nem me atrevo a sugerir "i don't like ice cream" :)

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