"Desde que vira Albertine, fazia todos os dias mil reflexões a seu respeito, mantinha com o que eu chamava Albertine todo um colóquio interior, em que lhe inspirava perguntas e respostas, pensamentos e ações e, na série indefinida de Albertines imaginadas que se sucediam em meu espírito de hora a hora, a Albertine de verdade, a que vi na praia, só figurava à frente como a criadora de um papel, a estrela, só aparece nas primeiras de uma longa série de apresentações. Essa Albertine quase se reduzia a uma silhueta; tudo o que lhe sobrepunha era da minha invenção, pois em amor acontece que as contribuições imaginárias de nós mesmos suplantam - ainda que apenas do ponto de vista de quantidade - aquelas que nos vêm da criatura amada. E isso é certo no tocante aos amores mais efetivos."
(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 2 - À sombra das raparigas em flor.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 512-513)
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taí um livro que não sei se e quando vou encarar, rs.
ResponderExcluirabraços