"E era por conseguinte toda a sua vida que me inspirava desejo; desejo doloroso, porque o sentia irrealizável, mas embriagador, porque, tendo aquilo que até então fora a minha vida subitamente deixado de ser a minha vida total, não sendo mais que uma pequena parte do espaço estendido à minha frente que eu ardia por transpor, e que era constituído da vida (...) oferecia-me esse prolongamento, essa multiplicação possível de si mesmo, que é a felicidade."
(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 2 - À sombra das raparigas em flor.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 443)
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Talvez seja embriagador justamente por ser irrealizável.
ResponderExcluirVanessa há muito não venho por aqui.
ResponderExcluirSaudade!
Confesso q tambem tenho destes desejos... dolorosos!
Um beijo e um excelente fim de semana pra ti
Michelle
elegalepoetico.blogspot.com
Oi, Vanessa, boa noite!!
ResponderExcluirO desejo, de fato, nos alça em suas garras firmes e afiadas, em direção ao pico inatingível. De firmes, machucam, de afiadas, nos cortam... Mas, à medida que subimos, sobe-nos à cabeça "fechar" os olhos para "ver" onde vai dar. Proust vai direto ao ponto: toda a vida agora não é mais que aquele desejo por se realizar, aquele passo de separação! É logo ali, adinate desse passo, que está a felicidade...
Eis que entra Vicente de Carvalho, com seu soneto mais famoso, "Velho Tema", e alerta aos desejosos sobre esse tal desejo-felicidade: sempre está onde o pomos, mas nunca o pomos onde nós estamos!
Um abraço carinhoso
Marcelo Bandeira
vidas tidas...
ResponderExcluirvidas-por-ter...
vidas de quase-ter...
onde guardar o desejo? onde ousar nomear a felicidade?
beijos!
adorei o texto e constante busca pela felicidade plena ;*
ResponderExcluirA felicidae é uma busca insaciável...
ResponderExcluir"O verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento quando tudo parece perdido."
Paz e bem!!!