"Tradição antiga, muito antiga: o hedonismo foi repelido por quase todas as filosofias; só se encontra a reivindicação hedonista entre os marginais, Sade, Fourier; para a próprio Nietzshe, o hedonismo é um pessimismo. O prazer é incessantemente enganado, reduzido, desinflado, em proveito de valores fortes, nobres: a Verdade, a Morte, o Progresso, a Luta, a Alegria etc. Seu rival vitorioso é o Desejo: falam-nos sem cessar do Desejo, nunca do Prazer; o Desejo teria uma dignidade epistêmica, o Prazer não. Dir-se-ia que a sociedade (a nossa) recusa (e acaba por ignorar) de tal modo a fruição, que só pode produzir epistemologias da Lei (e de sua contestação), mas jamais de sua ausência, ou melhor ainda: de sua nulidade. É curiosa essa permanência filosófica de Desejo (enquanto nunca é satisfeito): essa palavra não denotaria uma "ideia de classe"? (Presunção de prova bastante grosseira, e toda notável: o "popular" não conhece o Desejo - nada exceto prazeres.)"
(Roland Barthes in: O prazer do texto. Ed. Perspectiva, p. 67-68)
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Gostei do post e da discussão que levanta...moça, belo blog! Agradeço para agradecer tua visita, por me seguir! Sou sua nova seguidora! bjs...
ResponderExcluirTrecho excelente!!!
ResponderExcluirFragmento profundo pra caramba, eu precisaria pensar bem mais antes de fazer um comentário decente.
ResponderExcluirDe qualquer modo, gostei sobremaneira da oposição prazer X desejo. Realmente é bastante míope tentar equalizar ambos. O prazer me parece estar para o desejo como um organismo unicelular está para os seres humanos.
Torresmo faz sucesso no nordeste e caçada também. Luxo, nem um pouco, mas pra uns hedonismo - Bixinho arretado!, pra outros - Eba hj tem o esperado torresmo e pinga!!!, e entre outros - Essa coisa gordurosa e esse Álcool combustível aki, credo!
ResponderExcluirOlá Vanessa,
ResponderExcluir"O prazer do texto" é quando o desejo vai além do gozo (lacaniano) e se sustenta na alteridade da palavra.
Lindo blog, Também sou psicanalista e escritor
abraços,
Carlos Eduardo
veredaspulsionais.blogspot.com
Eu sou pelo hedonismo de resultados ...
ResponderExcluirE daí, principalmente surge a frustração contínua. Desejo é algo a se alcançar. Prazer é encontro. Quem se desprendeu da sensação maravilhosa da chuva no rosto, se desprendeu por achar aquilo simples. Quem não se desprendeu, vê a beleza(nos momentos ruins e bons) de tudo isso.
ResponderExcluirabraço.
viva o hedonismo sim!.. sem prazer a vida fica chata..
ResponderExcluirbeijos
Esse é um grande livro, talvez o ápice do Barthes, que fez o texto depois de entrar em contato com o pensamento do Lacan.
ResponderExcluirO que depreendo dessa bonita reflexão é que, ao contrário do prazer, que ilude completude, a dignidade do desejo reside em sua nulidade assumida, ou seja: o desejo deseja não desejar.. O suicida é corajoso; mergulha em suas autofagias.
Só acho que o Sade tem uma ironia que ultrapassa a reivindicação. E o niilismo de Nietzsche só poderia chegar à inteligente conclusão inconclusa de que todo hedonismo é uma forma de pessimismo.
Questão que não cala essa...