quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil.


"Não sei se estou louca por Paris. É difícil dizer. Com a vida assim parece que sou "outra pessoa" em Paris. É uma embriaguez que não tem nada de agradável. Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil. (...) Tempo eu tenho, mas escrever para vocês pediria uma concentração que eu estou evitando - porque se eu me concentrar uma vez, passo a não querer ver tanta gente e a estragar o programa de Maury".

(Carta de Clarice Lispector para as irmãs Elisa e Tania Kaufmann, Paris, janeiro de 1947, do livro: Correspondências Clarice Lispector, organizado por Teresa Montero, p. 115)

3 comentários:

  1. Ai, esse estar-com-tantas-pessoas dá medinho, mesmo. Adorei o termo embriaguez", cabe muito bem.

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  2. "Tempo eu tenho..." às vezes, é essa a sensação que temos quando colocados numa situação que nos parece um tanto quanto despropositada - a sensação de que, se pararmos para refletir, cairemos da nuvem e para ela não iremos voltar. Ficamos assim, como que em suspenso, aproveitando o que a vida nos oferece no agora. Daqui a pouco, já passou, não tem mais efeito. Um beijo, Deia

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  3. Ai...se ela diz isso pra qualquer um a chamam de bipolar e tacam risperidona nela! Aí acabou-se a beleza...

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