O crítico e colunista do Prosa & Verso José Castello e a psicanalista Maria Helena Lembruger participarão da oficina literária "Extremos", no Espaço Sesc, em Copacabana, entre 14 e 17 de fevereiro. Eles vão ler em voz alta o livro "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar, e estimular o público a fazer comentários e relatar sentimentos provocados pela obra. A oficina é gratuita e acontece das 19h às 22h. Mais informações no fone: (21) 2547-0156.
Fonte: Prosa & Verso (O Globo).
domingo, 30 de janeiro de 2011
Chocante - sorrisos e frieza
"Você tinha um sorriso chocante, Laura. Em certas ocasiões, parecia tão feliz que era chocante. E às vezes, Laura, em sua raiva congelada por alguma coisa, qualquer coisa, você era fria e arrogante de maneira igualmente chocante."
(Josephine Hart in: Abandono. Ed. Record, p. 19)
sábado, 29 de janeiro de 2011
As mulheres podem ser terrivelmente rancorosas, ele concluiu
“Ele nunca soube explicar o que acontecera. A verdade é que não lembrava, não lembrava, dissera à mulher, ela não disse, mas estava claro que nunca o perdoaria. E nunca o perdoou. As mulheres podem ser terrivelmente rancorosas, ele concluiu.”
(Carola Saavedra in: Flores Azuis. Ed. Companhia das Letras, p.34)
Exceto, aquela palavra (Inês Pedrosa)
“Quem incutiu nas mulheres a ideia de que “o fundo” dos homens é igual ao da arca do Pessoa? Por que lhes é tão difícil entender que os homens usam todas as palavras que lhes permitam garantir a rendição da mulher – exceto, em princípio, a palavra “amor”, que tem uma seta a apontar para uma gaiola?”
(Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p. 52-53)
(Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p. 52-53)
em luta constante entre a sensibilidade e a inteligência (João Cabral de Melo Neto)
“Essa sua dor de cabeça é meio estranha, não? É psicológica?
Depois de todas as operações que fiz, tenho a impressão de que é psicológica. A cada quatro horas tomo uma aspirina. Sou um sujeito muito tenso, à espera de uma notícia desagradável a todo momento. Sou um sujeito dividido, em tensão permanente, em luta constante entre a sensibilidade e a inteligência, entre todas as coisas.”
(Edla van Steen in: Viver & Escrever vol. 2. Depoimento de João Cabral de Melo Neto. Ed. L&M Pocket, p. 21)
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Ah, mas essa meia dúzia...
*“Podemos nos considerar abençoados com meia dúzia de pessoas que nos amem e nos compreendam.”
(Erica Jong in: Pára-quedas & beijos. Ed. Record, p. 93)
* Para Andy Mendes e Ciça Moura, que fazem parte desta meia dúzia, com amor.
Sempre tivera medo das coisas belas demais e horríveis demais
“Ela uma vez vira uma amiga inteiramente de coração torcido e doído e doido de forte paixão. Então não quisera nunca a experimentar. Sempre tivera medo das coisas belas demais e horríveis demais: é que não sabia em si como responder-lhes e se responderia se fosse igualmente bela ou igualmente horrível”.
(Conto “A bela e a fera ou A ferida grande demais”, Clarice Lispector)
eram só olhos que ondulavam, tranquilos, acompanhando algum acontecimento sem dúvida muito bonito, que no entanto ninguém mais via
“Ela também tinha uma metade longe dali, e essa metade ausente dançava um balé em algum lugar do espaço sobre nossas cabeças, e ela acompanhava a dança desse outro eu destacado e viajante com olhos que não paravam nunca. Mas não eram olhos nervosos pinguepongueando uma atenção sem talento para a concentração: eram só olhos que ondulavam, tranquilos, acompanhando algum acontecimento sem dúvida muito bonito, que no entanto ninguém mais via.”
(Adriana Lisboa in: Azul-corvo. Ed. Rocco, p.169-170)
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
É numa casa que a gente se sente só. Não do lado de fora, mas dentro (Marguerite Duras)
"É numa casa que a gente se sente só. Não do lado de fora, mas dentro. Em um parque, há pássaros, gatos. E de vez em quando um esquilo, um furão. Em uma parque a gente não está sozinha. Mas dentro da casa a gente fica tão só que às vezes se perde. (...) Compreendi que eu era uma pessoa sozinha com a minha escrita, sozinha e muito distante de tudo. Isso durou dez anos, talvez, não sei mais, raramente contei o tempo que passei escrevendo e qualquer outro tempo."
(Marguerite Duras in: Escrever. Ed. Rocco, p. 13)
Sobre fugas e variações do mesmo tema
“Os homens que sumiam semanas seguidas e depois reapareciam costumavam me confundir. Agora sei que ou eles estavam fugindo da intimidade ou perseguindo outras mulheres... o que, é claro, vem a dar na mesma.”
(Erica Jong in: O vício da paixão. Ed. Círculo do Livro, p. 252)
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
No Saia Justa (GNT) agora: o homem não erotiza a inteligência da mulher
"O homem não erotiza a inteligência da mulher. A mulher erotiza a inteligência do homem".
*(???, filósofo)
No final da fala, o ??? disse algo assim: "(...) se ela for inteligente e bonita, então, é a morte!" Rs.
O que vocês pensam, leitores e leitoras?
Vamos (nós mulheres) para a academia (universidade) ou para a academia (aquela que tem esteiras onde corremos como hamsteres)?
As duas coisas não vale como resposta :P
*Assim que eu descobrir o nome do autor da frase, edito-a, rs.
Se isso, se aquilo. (Woody Allen)
“Mas porque querem saber disso? Deus, tem seus próprios problemas. Tenho certeza que estão obcecados com suas tristezas, esperanças e sonhos. As previsíveis vidas amorosas infelizes. Seus empreendimentos fracassados. “Ah, se eu tivesse comprado aquela ação.” “Se eu tivesse me aproximado daquela mulher.” Se isso, se aquilo. Querem saber? Me dêem um tempo com esses seus “poderia ter” “deveria ter.”
(Do filme: Tudo pode dar certo. Direção de Woody Allen)
Machado de novo - e a terra natal
Depois de postar sobre o Machado de Assis, eis que recebo uma cartinha com envelope salmão florido, da minha mãe. Entre assuntos diversos, havia uma frase do Machado de Assis (e o seguinte comentário dela: "Achei lindo, eu também penso assim e tu?"):
"A terra natal, mesmo que seja uma aldeia, é sempre o paraíso do mundo."
(Machado de Assis)
*
Tão doce. Por isso, a frase e uma imagem da minha terra natal: Blumenau (SC)
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Vanessa Souza
Relíquias culinárias de Machado de Assis
"(...) Quando o assunto era o resgate das tradições culinárias do Rio, Machado enaltecia com fervor a publicação de mais um título brasileiro. Um ano antes do lançamento de “O Confeiteiro Popular”, o escritor assinou em 2 de junho de 1898, na revista O Cruzeiro, a seguinte crítica: “É fora de dúvida que a literatura confeitológica sentia necessidade de mais um livro em que fossem compediadas as novíssimas fórmulas inventadas pelo engenho humano para o fim de adoçar as amarguras deste vale de lágrimas”. No mesmo texto ele diz que “o princípio social do Rio de Janeiro é o doce de coco e a compota de marmelos”.
Para ler na íntegra o texto da jornalista Juliana Dias, entre aqui.
- Por que eu iria embora? Desculpei-me. Mas o horror, nada posso contra ele...
“E eis que a ideia de sua ausência tornou-se insuportável para mim. Contei-lhe a ideia-tortura que me vinha. Ela, por sua vez, não sentia nada parecido, estava surpresa. Não compreendia.
- Por que eu iria embora?
Desculpei-me. Mas o horror, nada posso contra ele, aí está. Reconheço a ausência, sua ausência de ontem, ela me faz falta a todo momento, já.”
(O deslumbramento, Marguerite Duras. Ed. Nova Fronteira, p. 102)
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
- Não, não morreu. Foi embora. (Once)
Ouça
"- Pra quem escreveu esta música?
- Pra ninguém.
- Mentira. Onde ela está?
- Se foi.
- Morreu?
- Não, não morreu. Foi embora.
- Você ainda a ama?
- Minha nossa!
- Você já se esqueceu dela. Mentira. Ninguém escreveria esta música se isso fosse verdade. Te garanto. Se tocar esta música maravilhosa ela vai voltar.
- Não quero ela de volta.
- Entendo".
(Do filme: Once)
Ou ouça
sábado, 22 de janeiro de 2011
embalando nos braços a decisão de não mais adiar a vida (Raduan Nassar)
“(...) bastava que eu soubesse que o instante que se passa, passa definitivamente, e foi numa vertigem que me estirei queimado ao lado dela, me joguei inteiro numa só flecha, tinha veneno na ponta desta haste, e embalando nos braços a decisão de não mais adiar a vida, agarrei-lhe a mão num ímpeto ousado.”
(Raduan Nassar in: Lavoura Arcaica. Ed. Companhia das Letras, p. 103-104)
Escrever no prazer me assegura o prazer de meu leitor? De modo algum. (Barthes)
Imagem: Heng Swee Lim
“Se leio com prazer essa frase, essa história ou essa palavra, é porque foram escritas no prazer (esse prazer não está em contradição com as queixas do escritor). Mas e o contrário? Escrever no prazer me assegura – a mim, escritor – o prazer de meu leitor? De modo algum. Esse leitor, é mister que eu o procure (que eu o “drague”), sem saber onde ele está. Um espaço de fruição fica então criado. Não é a “pessoa” do outro que me é necessária, é o espaço: a possibilidade de uma dialética do desejo, de uma imprevisão do desfrute: que os dados não estejam lançados, que haja um jogo.”
(Roland Barthes in: O prazer do texto. Ed. Perspectiva, p. 9)
a possibilidade ilimitada da falta
“Sempre é possível perder o que não se tem, sempre é possível afastar-se mais ainda, a possibilidade ilimitada da falta. E eu intuía isso e muito mais, porque no fundo a gente sempre intui, apesar de que eu te diga que em meio ao movimento eu continuava ali deitada, não é verdade que eu continuava ali deitada mas havia a raiva extrema e o rancor e o desejo de que você fosse embora e, mesmo assim, o medo de que você fosse embora, que você enfim levantasse e fosse embora.”
(Carola Saavedra in: Flores Azuis. Ed. Companhia das Letras, p. 45)
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Talvez a música em sua própria cabeça o tornasse surdo para o meu silêncio
“E, de novo, sussurrou palavras de amor. E mais uma vez. Talvez a música em sua própria cabeça o tornasse surdo para o meu silêncio.”
(Josephine Hart in: Pecado. Ed. Círculo do Livro, p.59)
o papel fundamental do conhecimento do Outro (Zizek)
"Durante décadas, uma piada clássica cum circulou entre lacanianos para exemplificar o papel fundamental do conhecimento do Outro: um homem que acredita ser um grão de semente é levado para um hospital psiquiátrico onde médicos fazem o que podem para convencê-lo de que ele não é um grão de semente, mas um homem. Quando ele está curado (convencido de que não é um grão de semente, mas um homem) e lhe permitem deixar o hospital, imediatamente volta tremendo. Há uma galinha perto da porta e ele tem medo de que ela vá comê-lo. "Meu caro rapaz", diz o médico, "você sabe muito bem que não é um grão de semente, mas um homem". "Claro, que eu sei disso", responde o paciente, "mas a galinha sabe?" Aí reside a verdadeira aposta do tratamento psicanalítico: não é suficiente convencer o paciente sobre a verdade inconsciente de seus sintomas - o próprio inconsciente deve ser levado a assumir essa verdade."
(Slavoj Žižek in: Como ler Lacan. Ed. Zahar, p. 115)
Escrevam muito - Clarice Lispector
“Talvez Clarice estivesse certa: ler é, provavelmente, a maneira mais intensa de escrever.”
(José Castello in: Inventário das sombras. Ed. Record, p.32 )
O desejo é não saber o que vai acontecer depois
“(...) A distância mais difícil de ser superada é a do costume: a psicológica, a que não permite abraços efusivos e brincadeiras, que paralisa e planifica os sentimentos com os anos de convivência.
(...) Sem reagir à vida, não há experiência, há acomodação. Não é de estranhar que o medo de ver um nascimento é maior do que ver uma morte.
(...) O desejo é não saber o que vai acontecer depois.”
(Carpinejar in: O amor esquece de começar. Crônica: Distância e distanciamento, Ed.Bertrand Brasil, p. 42-43)
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
procurando resistir ao esquecimento (Mishima)
“O esquecimento começou a mostrar sua verdadeira força quando não estavam alertas, esperando sua chegada. Começou a se infiltrar, na menor abertura que encontrasse, ele penetrava. Atacava o organismo como um germe invisível, invadindo lenta mas obstinadamente. Tomoko realizava movimentos inconscientes, como quem resiste a um sonho. Sentia-se muito perturbada, procurando resistir ao esquecimento.”
(Yukio Mishima in: Morte em pleno verão. Conto: Morte em pleno verão. Ed. Rocco,p. 31)
Economia na histeria (Melman)
“O discurso histérico, se a histérica estivesse um pouco informada sobre o que é a castração, ela não ficaria com dor na garganta, perdendo sua voz para reclamar o que não é possível, ela faria economias e se dedicaria ao canto...”
(Charles Melman in: Para introduzir a psicanálise nos dias de hoje. Ed. CMC, p. 207)
que seja totalmente impossível, ela disse: que seja totalmente desesperado. (Marguerite Duras)
"Foi então, depois de um certo tempo, que a jovem disse que preferia que fosse assim entre ela e ele, ela disse: que seja totalmente impossível, ela disse: que seja totalmente desesperado. Disse que se ele fosse grande a história deles os teria deixado, que ela não podia imaginar tal coisa e que preferia que essa história ficasse como estava, para sempre, naquela dor, naquele desejo, no tormento insuportável daquele desejo... (...) Disse que ela desejava também que nada mais acontecesse entre eles, quando se encontrassem de novo dentro de doze anos ali perto do mar, nada além daquela dor, ainda, a de agora, terrível como for, terrível como seria, pois seria, e que seria necessário que eles a vivessem assim, esmagadora, aterrorizante, definitiva. (...) Que o que ele não compreendia do que ela lhe dizia era igual ao que ela não compreendia de si mesma diante dele."
(Marguerite Duras in: O verão de 80. Ed. Record, p. 83-84)
e queria arriscar ou simplesmente não queria
“Luísa sabia que Alexandria era apenas uma referência comum entre tantas referências comuns que construímos. Mas Luísa não sabia se eu brincava ou falava sério e queria arriscar ou simplesmente não queria, a não ser por alguns momentos, considerar minha proposta de fuga. E desligava antes de mim, não sem antes dizer alguma obscenidade, o que sempre despertava meu desejo, tão grande quanto a impossibilidade de satisfazê-lo naquele instante. Não porque Luísa fosse tão bonita, mas porque era minha mulher”.
(Maria Adelaide Amaral in: Luísa (Quase uma história de amor). Ed. Globo, p. 119)
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Mas a vida não é só teoria - Woody Allen
“- Vamos encarar os fatos, certo, Jessica? Nosso casamento não tem sido um jardim de rosas. Botanicamente falando, seu perfil é o de uma planta carnívora.
- Você é um homem muito difícil de se conviver.
- Foi por isso que teve um caso.
- Não tive um caso. Foi um breve interlúdio de infidelidade e aconteceu há anos. Ainda não consegue esquecer isso!
- Casei com você pelas razões erradas.
- O que quer dizer com isso?
- Você é brilhante. Eu queria alguém para conversar. Você amava música clássica, arte, literatura. Você amava sexo! Você me amava!
- Essas me parecem ser boas razões!
- Sim! Exatamente! Esse é o problema. Foi racional, isso faz sentido!
- Não sei o que deu de errado.
- Quando se examina mais de perto, há muito em comum entre nós. Na teoria somos perfeitos. Mas a vida não é só teoria.”
(Do filme: Tudo pode dar certo. Direção de Woody Allen)
e os patifes talentosos sempre tiveram o meu coração
“Robin é um patife talentoso, e os patifes talentosos sempre tiveram o meu coração – ou outras partes.”
(Erica Jong in: Memória inventada. Ed. Record, p. 158)
Resenha crítica (minha) do último livro do José Castello
Foi publicada hoje a última resenha que escrevi lá no Amálgama. É sobre "Ribamar", último livro do jornalista e crítico literário (caderno de literatura Prosa & Verso, do jornal O Globo) José Castello. Leiam aqui.
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Vanessa Souza
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Tatiana Salem Levy - hoje
Lá na Estação das Letras - fragmentos.
"Não tenho um método racional para escrever."
"Pensei que só a literatura salvasse. E não salva nada! Acho que se eu tivesse feito outra coisa, estaria mais salva."
"Tenho essa coisa um pouco caótica no momento da escrita. O momento da reescrita eu encaro como um trabalho menos livre."
"A grande contradição da literatura é que a gente mente para contar a verdade."
"Você pode pegar contos e romances que tenham defeitos, mas que sejam verdadeiros, não no sentido factual."
"Quis trabalhar com os vazios da memória. A memória enquanto ficção." (Sobre o romance "A chave da casa").
"Ter verdade e sentimento é mais importante do que ser redondo e perfeito". (Sobre a estrutura da escrita).
"Sempre faço isso. Começo com início, meio e fim na terceira pessoa. Depois eu bagunço tudo."
"Para mim é mais importante escrever do que contar uma história."
"Gosto sim de um fio narrativo, mas dentro disso me interessam alguns momentos."
"Quando decidi que ia ser escritora... aprendi na porrada. Todos os dias eu me digo: vou ter que escrever alguma coisa. O fato de escrever o tempo todo fará com que a inspiração chegue quando eu estiver trabalhando." (Referência a uma frase de Picasso).
"A palavra foi feita para dizer."
"A literatura é a única arte que virou disciplina nas escolas."
"Pode-se ser um ótimo escritor sem saber muito de teoria literária."
"Na literatura se aprende lendo."
"Faço literatura porque preciso e gosto. Não faço por nenhuma questão maior do que essa."
"A literatura é sempre uma forma de resistência. Ler também. Ambas te obrigam a estar sozinho."
"Gosto mais dos capítulos pequenos. Frases que tem que suscitar mais do que elas mesmas." (Sobre o romance "A chave da casa").
"Minha obsessão é dizer o máximo possível com o mínimo de palavras."
"O tempo da escrita é um processo interior. O escritor escreve o tempo todo, mesmo quando não está escrevendo. Quando caminho, escrevo muito."
"Quando eu escrevo, tudo o que vivi, passei, está alí naquele momento."
"Não tenho um método racional para escrever."
"Pensei que só a literatura salvasse. E não salva nada! Acho que se eu tivesse feito outra coisa, estaria mais salva."
"Tenho essa coisa um pouco caótica no momento da escrita. O momento da reescrita eu encaro como um trabalho menos livre."
"A grande contradição da literatura é que a gente mente para contar a verdade."
"Você pode pegar contos e romances que tenham defeitos, mas que sejam verdadeiros, não no sentido factual."
"Quis trabalhar com os vazios da memória. A memória enquanto ficção." (Sobre o romance "A chave da casa").
"Ter verdade e sentimento é mais importante do que ser redondo e perfeito". (Sobre a estrutura da escrita).
"Sempre faço isso. Começo com início, meio e fim na terceira pessoa. Depois eu bagunço tudo."
"Para mim é mais importante escrever do que contar uma história."
"Gosto sim de um fio narrativo, mas dentro disso me interessam alguns momentos."
"Quando decidi que ia ser escritora... aprendi na porrada. Todos os dias eu me digo: vou ter que escrever alguma coisa. O fato de escrever o tempo todo fará com que a inspiração chegue quando eu estiver trabalhando." (Referência a uma frase de Picasso).
"A palavra foi feita para dizer."
"A literatura é a única arte que virou disciplina nas escolas."
"Pode-se ser um ótimo escritor sem saber muito de teoria literária."
"Na literatura se aprende lendo."
"Faço literatura porque preciso e gosto. Não faço por nenhuma questão maior do que essa."
"A literatura é sempre uma forma de resistência. Ler também. Ambas te obrigam a estar sozinho."
"Gosto mais dos capítulos pequenos. Frases que tem que suscitar mais do que elas mesmas." (Sobre o romance "A chave da casa").
"Minha obsessão é dizer o máximo possível com o mínimo de palavras."
"O tempo da escrita é um processo interior. O escritor escreve o tempo todo, mesmo quando não está escrevendo. Quando caminho, escrevo muito."
"Quando eu escrevo, tudo o que vivi, passei, está alí naquele momento."
Sobre o passado - e a função de nomeá-lo
“Já o nomeei: o passado se chama medo.”
(*Tatiana Salem Levy in: A chave da casa. Ed. Record, p.132)
*Farei um curso de literatura com a Tatiana, no final desta tarde :)
assim que as coisas se davam, em surtos, em espasmos
“Naquele momento, ele cresceu um pouco mais, confirmando a minha teoria de que era assim que as coisas se davam, em surtos, em espasmos, e não numa continuidade aritmética. Todas as metáforas para o crescimento – degraus de uma escada, estrada com curvas aqui e ali – eram pura balela. Tudo acontecia mesmo aos trancos...”
(Adriana Lisboa in: Azul-corvo. Ed. Rocco, p. 140)
domingo, 16 de janeiro de 2011
um sorriso breve que se fechava depressa demais, desaparecia como um relâmpago
“Bela, eu creio. Com um sorriso breve que se fechava depressa demais, desaparecia como um relâmpago. (...) Eu a observava quase o tempo todo, isso a incomodava mas era compulsivo. Eu a observava para descobrir, descobrir quem era Marie-Claude Carpenter. (...) por que aquelas recepções artificiais, por que nos seus olhos, bem no fundo, na profundeza do olhar, aquela partícula de morte, por quê?”
(Marguerite Duras in: O amante. P.54-56)
Sobre simetrias
“Manter a ordem ajuda no desempenho; ser escravo das ordens é uma doença.”
(Walter Riso in: Amores de alto risco. Ed. L&PM, p. 142)
Cartas - Audrey Hepburn escreve para Kubrick
Não sei quanto a vocês, mas eu sou fascinada pela leitura de cartas alheias. Tenho vários livros de cartas: Freud, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu...
Hoje descobri um site muito bacana, o Letters of Note, que traz cartas digitalizadas e sua transcrição. Achei uma graça esta da imagem, da Audrey Hepburn para o Kubrick. Vale passar lá. Abaixo a cartinha legível.
Sunday
17 Nov '68
Dear Mr. Kubrick
Thankyou for the kind letter you wrote me - I am flattered and happy you would like me to work with you.
I still don't want to work for a while so cannot commit or involve myself in any project at this time.
I hope you understand this..... and will think of me again someday?
Thankyou again
Warmest wishes
Audrey Hepburn
Simples e complicado - Clarice Lispector
“Sei que as coisas são complicadas. Mas ao mesmo tempo simples. Elas se complicam à medida que se tem medo da simplicidade – porque essa simplicidade deseja o fato em si, a verdade.”
(Teresa Montero (org.) in: Minhas queridas – Clarice Lispector. Carta para a irmã Tania Kaufmann, Berna, 13-06-1947. Ed. Rocco, p. 173)
sábado, 15 de janeiro de 2011
Uma ânsia desconhecida - Fernando Pessoa
E depois ainda querem sepultar o velho Freud
“ – Ela não é uma boa pessoa. Não porque não gostava ou não gosta de mim, mas porque sempre tinha uma restrição mesquinha a fazer. ‘O meu vestido era lindo, mas não sei quem tinha um igual mas de tecido melhor.’
- A minha mãe era assim – disse Pedro, sorrindo.
- E depois ainda querem sepultar o velho Freud – Lúcia completou. – Eu conheci sua mãe no casamento da Lena. Estava muito satisfeita com o seu namoro com a Vânia.”
(Aos meus amigos, Maria Adelaide Amaral, Ed. Siciliano, p. 243)
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Da honestidade dilacerante
Mas de que amor se tratava, exatamente?
“O amor nos torna maus, é coisa certa. Mas de que amor se tratava, exatamente? De amor-paixão? Não creio. Pois o amor-paixão é satiríaco, não é mesmo? Ou será que confundo com outra variedade? Há tantas, não é? Cada qual mais bonita, não é? O amor platônico, por exemplo, eis de uma outra de que me lembro neste instante. É desinteressado. Será que eu a amava de um amor platônico? É difícil acreditar nisso”.
(Primeiro Amor, Samuel Beckett, p. 40-42, Ed. Nova Fronteira)
pela capacidade de não ser: não ver, não sentir, não pensar
que ele se retirasse com elegância, sempre se espera
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
ou isso, ou aquilo
pedia-lhe que compreendesse que não gostava de compreender
“Tinham vinte anos. E depois ele voltou para os Estados Unidos, os telefonemas foram se espaçando, nenhum deles tinha ainda e-mail. Júlio pedia-lhe que compreendesse que não gostava de escrever. Bárbara pedia-lhe que compreendesse que não gostava de compreender.”
(Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p.105)
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
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