sábado, 9 de abril de 2011

Também não existia algo como uma lembrança inócua

"O Esquecimento Profundo não existia. Clarice sabia. Nunca fora capaz de esculpi-lo - de reivindicá-lo para si. Também não existia algo como uma lembrança inócua, uma ferida cauterizada. Um bicho sem as presas e sem os dentes, sendo, apenas. A pacificação do passado com tudo aquilo que ele comportava. Existia uma cidade na memória de Clarice, uma cidade destruída pela guerra ou por terremoto. Agora, havia construções novas e o entulho já fora removido e os mortos, enterrados - porém, haveria como reverter aquela memória? Como atualizá-la?"

(Adriana Lisboa in: Sinfonia em branco. Ed. Rocco, p. 214)

4 comentários:

  1. Acho que reverter a memória é bastante difícil.
    Já dei um jeito no meu 'entulho'
    e agora estou esperando por
    'construções novas'.

    ^^

    Bjo bjo

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  2. Ótimas postangens, como sempre!
    Um beijo Van.
    Bom final de semana.

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  3. Bem mais que uma interrogação, um desafio.
    Como???

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  4. Também tenho o meu lugar na memória...que não posso mudar, por mais que tente.

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