“Mas os sonhos das mulheres são em geral diferentes do desejo que rugem dentro delas. Uma espécie de biombo contra a brutalidade que querem, porque ainda são animais. Como nós. Os romances tem princípio, meio e fim, regulação de tempos e temperatura. Fazem dos sentimentos pautas instrumentais convergindo para um concerto de orquestra. Eu não tenho sentimentos desses, que se possam dedilhar, analisar, apreciar e aplaudir. Tenho uma massa suja de nervos e sangue que me serve muito bem. Às vezes dói, às vezes dança. Uma caixa negra que será enterrada comigo, sem chatear ninguém. Não me importa o que pensem ou digam de mim. Estou habituado. Os homens chamam-me vaidoso, as mulheres, egoísta. Não há homem que não pareça egoísta diante do manancial de uma mulher. Multiplicação milagrosa: quanto menos se lhes dá mais elas têm para dar.”
(Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p. 14)
Não conheço nada da Inês. Nas palavras aqui ditas demonstra ser uma mulher interessante. Fiquei curiosa por entender o contexto destas palavras, vou pesquisar sobre o livro.
ResponderExcluirTenho uma massa suja de nervos e sangue que me serve muito bem. Às vezes dói, às vezes dança.
ResponderExcluirParece a Ana falando.
O homem é animal egoísta. Bjs Cynthia
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