“Um pequeno cone de vidro no coração. Abri as páginas do jornal como quem ingressa num labirinto. Como quem acorda e se lembra de que sim, de que havia uma tragédia, de que havia muitas tragédias na cabeceira. Senti o tato gelatinoso do ar. A vertigem escorregadia do mundo, a fantasia do mundo. Nesse instante o telefone tocou, e ninguém foi atender, nem eu, nem Marisa, e a campainha soou várias vezes, como se pronunciasse alguma coisa fora dali, longe dali. A campainha telefônica, lâmina, cortava como um pequeno cone de vidro afiado.”
(Adriana Lisboa in: Um beijo de colombina. Ed. Rocco, p. 112)
Senti um vazio.
ResponderExcluir;*