terça-feira, 19 de abril de 2011

Não basta voltar às coisas uma segunda vez

"Poucas são as coisas não decepcionantes à primeira vez que as vemos, porque a primeira vez é a vez da experiência, ainda não somos capazes de distinguir o signo e o objeto: o objeto se interpõe e confunde os signos. Decepção na primeira audição de Vinteuil, no primeiro encontro com Bergotte, na primeira visão da igreja de Balbec. Não basta voltar às coisas uma segunda vez, porque a memória voluntária a esse próprio retorno apresentam inconvenientes análogos aos que nos impediam, na primeira vez, de experimentar livremente os signos (a segunda estada em Balbec não foi menos decepcionante que a primeira, sob outros aspectos). Como, em cada caso, remediar a decepção? Em cada linha de aprendizado, o herói passa por uma experiência análoga, em momentos diversos: ele se esforça para encontrar uma compensação subjetiva à decepção com relação ao objeto."

(Giles Deleuze in: Proust e os signos. Ed. Forense Universitária, p. 32-33)

3 comentários:

  1. É verdade.

    Pra melhorar: http://migre.me/4hE6x

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  2. Preciso de uma quarta vez para ver se comida japonesa me agrada ou NÃO mesmo! (rs).

    :)

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