quarta-feira, 6 de julho de 2011

Francis Scott Fitzgerald – beber para escrever

“Não consigo ficar sóbrio tempo suficiente para achar graça em ficar sóbrio”, disse certa vez o escritor Francis Scott Key Fitzgerald. Não há melhor lugar para ele do que estar nessa série dos grandes beberrões da história. Até completar 25 anos, no início da década de vinte, Fitzgerald foi incansável em atingir três objetivos: ter sucesso como escritor, casar com Zelda e ficar rico.
Só conseguiu ficar Zelda. Dinheiro era problema sério para ele, e o pouco que tinha gastava em bebidas.
A fama de beberrão do escritor era notória. Quando Zelda disse ao seu pai, um juiz conservador, que Scott era a pessoa mais doce do mundo quando estava sóbrio, seu progenitor exclamou:
- Ele nunca está sóbrio!
Zelda, seu grande amor, bebia mais do que Fitzgerald! Casaram e a vida foi povoada de brigas, batidas de carro e toda espécie de confusão. Segundo os amigos, um casal selvagem e lendário. Entre um tropeço e outro, Scott escrevia.
Entre um livro brilhante e outro, e muitos copos de gim ou uísque, Fitzgerald escrevia muito material ruim: roteiros, artigos, contos... Não importava quanto dinheiro ganhasse, ele vivia muito acima do padrão que suas posses arcavam. Passou a vida no vermelho, não se privando de luxos.
Um dos biógrafos do escritor afirma que, feitas as contas, sobrava a Scott uma hora do dia para escrever. As restantes eram dedicadas a festas, apagões e brigas com Zelda. No final da década de 30, com a saúde muito comprometida, Fitzgerald trocou o gim pela cerveja. A troca foi a seguinte: um litro de gim por 48 cervejas diárias. Só parou de beber no último ano da sua vida, porque tinha medo de não conseguir concluir “O último magnata”, seu último romance. Em uma carta para o amigo Edgar Allan Poe Jr., Fitzgerald confessou estar conformado com sua situação: “Parece ser o destino de todos os bêbados que, no fim, tenham de abandonar não só a bebida, mas muitas outras coisas boas.”

Texto: Vanessa Souza Moraes
Fonte: Ulisses Tavares in: “Hic!stórias! Os maiores porres da humanidade” (Ed. Panda Books, 2009)

12 comentários:

  1. "- Ele nunca está sóbrio!"
    Eu ri, e muito! rs

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  2. Vanessa, sinceramente, teu blog é um dos que mais me agrada. É muito prazeroso passar por aqui. Sempre agradável.

    Um beijo amada,
    Mih

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  3. Eu quero esse sobrenome pra mim, com bebida e tudo! Que nome lindo, só perde pra polonês.

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  4. Este tem nome de uísque no próprio nome!
    A era do jazz foi a mais dionisíaca, quando a juventude se transviou pelo ritmo sincopado; A urgência de se viver rapidamente como o sopro de saxofone de Charlie Parker e a sua profusão de notas e exageros, que terminam a vida num sopro divino.

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  5. Para escrever e preciso um motivo, uma razão, uma queixa... no meu caso escrevo pelo excesso de amor ou pela falta ou dor.

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  6. Ele e Zelda tb estão no filme do Woody Allen! ;)

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  7. "- Ele nunca está sóbrio!", foi ótimo. Pelo visto, Zelda era outra figura ímpar. Eu entendo o Scott (o cara tem nome de bebida!). Gostava muito de beber, fumar, mas certo dia, lá pelos meus 30 anos eu optei por viver, ainda que tenha muita saudade de um bom uísque e dos momentos de reflexão com meu Carlton. Somos todos amaldiçoados pelo espírito de Charles Bukowski.

    Abraços!

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  8. A vida para ele era um porre, literalmente!! ;) Beijus,

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  9. Todas as mentes geniais que já tomei conhecimento precisaram de um "auxílio luxuoso" de alguma droga pra aguentar o peso da existência. Já imaginou se esse cara não bebesse? Fico pensando: ou não produziria nada de genial ou seria um dos maiores gênios da literatura. ABraços. Paz e bem.

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  10. Por isso que o primeiro livro dele levou 7 anos para finalizar...

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  11. Bêbado ou não, a verdade é que Fitzgerald é ímpar. Conheci os escritos dele por seu livro de contos "O Diamante do Tamanho do Ritz". Daí em diante não me contive e procurei seus outros livros. Vale muito a pena.

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  12. Nossa, não sabia que tinha levado 7 anos para fazer um livro, acho que eu precisaria até de mais, não por viver bêbada rs, mas por achar tudo pequeno demais, livros merecem grandes histórias e grandes escritores. Francis Scott Fitzgerald, com certeza, foi um grande escritor.

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