quinta-feira, 28 de julho de 2011

Estamos sós num universo agreste, e temos consciência da brutalidade dessa solidão

Taxi driver
"Existe entre os homens uma categoria de amor puro, incontaminável pelas ondas hipnóticas do desejo, sobrevivente a toda espécie de fraqueza e pusilanimidade. Estamos sós num universo agreste, e temos consciência da brutalidade dessa solidão. Fomos, desde sempre, educados para a autonomia, o desempenho e, em caso de necessidade, para o heroísmo. Aprendemos desde crianças a resistir à mágoa dos pormenores. Não nos iludimos, nem crescemos na esperança das ocasiões felizes. Fomos treinados para transformar os desgostos em acasos, e para sufocar na rotina do trabalho. Não exigimos aos outros um comportamento ético exemplar; guardamos as forças da exemplaridade para as grandes guerras, os momentos de catástrofe, se os houver."

(Inês Pedrosa in: Os íntimos. Ed. Alfaguara, p.125)

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3 comentários:

  1. Vanessa, como é verdadeiro esse titulo, este texto, como é enlouquecedor saber dessa verdade.

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  2. E o mais curioso é o quanto ainda se vira os olhos para isso, através do ressentimento e da nostalgia do dia a dia...

    Belo trecho.

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  3. violentíssima verdade!! sabemos tão pouco de nós.

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