domingo, 31 de julho de 2011

até ela ser apenas um ponto borrado, desaparecendo na estrada

"Quando pensava nela, parecia-lhe surpreendente que tivesse deixado aquela garota com seu violino ir embora. (...) É assim que todo um curso de uma vida pode ser desviado - por não se fazer nada. Na praia de Chesil, ele poderia ter gritado o nome de Florence, poderia ter ido atrás dela. Em vez disso, ele permaneceu num silêncio frio e honrado, na penumbra do verão, a observá-la em sua precipitação ao longo da orla, o som do seu avanço difícil perdendo-se entre o das pequenas ondas a quebrar na praia, até ela ser apenas um ponto borrado, desaparecendo na estrada estreita e infinita de seixos bilhando sob a luz pálida."


(Ian McEwan in: Na praia. Ed. Companhia das Letras, p. 128)

7 comentários:

  1. Puxa, queria negritar toda a postagem no discurso interno das minhas vontades para aplaudi-las , realça-las, motivá-las
    ... nada fazer é terrivel !

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  2. Quantas vezes já não fiz algo parecido? O pior arrependimento é o daquilo que ficou por ser feito.

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  3. Olá,
    Comecei um blog há pouco
    Espero você lá
    Sigo-te
    p.s.: amei teu espaço

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  4. Gostei do trecho, me interessou em procurar o restante dele...

    ***
    O Café de Fita voltou, passa lá!
    www.cafedefita.blogspot.com

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  5. Quanta coisa desviamos por nada fazer...
    Boa semana!

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  6. a inércia: o cancro social do homem (se bem que há acções que a glorificam, tantos e tão perniciosos são os efeitos que geram).
    beijos, vanessa!

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  7. 'É assim que todo um curso de uma vida pode ser desviado - por não se fazer nada...'

    Nossa, não poderia ser mais enfático e vir de encontro com o que tenho sentido mais do que isso.

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