quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
lento trabalho do silêncio - Marguerite Duras
“Nas histórias dos meus livros que se referem à minha infância, não sei mais o que evitei dizer, o que disse, acho que falei sobre o amor que dedicamos a nossa mãe mas não sei se falei do ódio também e do amor que havia entre nós, e do ódio também, terrível, nessa história comum de ruína e de morte que era a história daquela família, a história do amor como a história do ódio e que foge ainda à minha compreensão, é ainda inacessível para mim, escondida nas profundezas da minha carne, cega como um recém-nascido de um dia. É o limiar onde começa o silêncio. O que acontece é justamente o silêncio, esse lento trabalho de toda a minha vida. Ainda estou lá, na frente daquelas crianças possessas, à mesma distância do mistério. Jamais escrevi, acreditando escrever, jamais amei, acreditando amar, jamais fiz coisa alguma que não fosse esperar diante da porta fechada.”
(O Amante, Marguerite Duras, p. 24)
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Lindo texto da Marguerite Duras, com quem tenho uma ligação muito forte, um dos primeiros livros que li na vida foi O Amante da China, clássico dela.
ResponderExcluirDepois reli, claro e lembro que a releitura me vez ver que a inferiorização dos indivíduos é também um dos principais fatores para a manutenção do domínio colonial. O racismo termina por justificar a dominação econômica e colonialista. Mesmo o fato do “homem chinês” ser rico não superava a concepção eurocêntrica e racista da moça branca e sua família.
Um livro fantástico e esse trecho sobre o silêncio é comovente.
Evandro Oliveira
Amor, ódio e silêncio. Eis o que põe a roda da humanidade em movimento.
ResponderExcluirVanessa,
ResponderExcluirum texto maravilhoso que me remete para um mundo
interior, existencialmente verdadeiro
desejo-te um óptimo natal
bj
esse final é fantástico,
ResponderExcluirbeijo
Hoje passei para te deixar um grande beijinho carregadinho de votos de felicidades para este Natal e não só. Natal deve ser todos os dias...isso depende de nós e por isso estes votos são para todos os dias de todos os anos.Que sejas sempre muito feliz
ResponderExcluirEmília
Belissimo texto
ResponderExcluir:)
O silêncio é como uma espera diante da porta fechada.
ResponderExcluirUm beijo!
Que presente! Um trecho de um dos livros de que mais gostei...
ResponderExcluirFeliz Natal!
Vanessa, tenho adorado o que você posta. Está de parabéns com o blog! (:
ResponderExcluirImpecável...de fato seu blog é maravilhoso!
ResponderExcluirBeijos Natalinos pra Ti
Amei esse livro.
ResponderExcluirAprendi com minha grande amiga que o AMÓDIO é essa pauleira toda, mesmo. As portas se abrem tão rapidamente, quando o fazem, q nem dá tempo de perceber.
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