terça-feira, 28 de dezembro de 2010

deixe apenas




“(...) Pode me tirar a compreensão, o perdão, os ossos contados como dias nas paredes da carne. (...) Pode me tirar o egoísmo e a paixão, a cultura que adquiri às pressas, a serenidade para julgar, a severidade do combate. Podes me tirar as metáforas, a fuga, minha saída do sangue. (...) Pode me tirar os excessos do mínimo, o idioma, meu receio de ficar sozinho. (...) Pode me tirar o colo, a sesta, a audição das escadas. Podes me tirar o desejo e pôr a inquietação em seu lugar. (...) Pode me tirar a liberdade que confundi com justiça porque nenhuma das duas se conheceu a tempo. (...) Não há castigo infinito. Não há dor infinita. Um dia a gente termina para começar, começa para terminar, refaz o percurso como se nada tivesse acontecido antes. Deixe-me apenas uma cadeira de palha, amarela, para olhar com piedade o que fui e me deslumbrar com as ruínas."

(Carpinejar)

14 comentários:

  1. Amém,eu dispenso a cadeira :)
    Beijo.

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  2. Belissimo fragmento!

    :)

    Beijos e ótima semana

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  3. Belíssimo texto, muito profundo, reflexivo.
    Grande abraço, sucesso, feliz 2011!

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  4. Olhar para as ruínas...sei bem como é isso!

    Beijos pra Ti e Feliz Ano Novo

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  5. Minhas desculpas pela minha ausência nos últimos meses...

    senti falta do seu espaço, seus fragmentos e nossas conversas...

    imenso abraço para vc e que continue brilhando em 2011

    beijos

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  6. Prefiro sentar e pensar no que serei, um beijo, Vanessa.

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  7. Carpinejar é demais!
    Ele e suas suas cronicas de mulheres perdigeuiras sempre atraem minha atenção..
    grande beijo

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  8. Também a contemplação das ruínas têm o seu mérito.

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  9. Hoje é um dia de novos percursos: nasceu Lara, amiga e fã de Luísa...

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  10. Fragmento arrepiante. Cada pedaço de um espelho quebrado não deixa de ser espelho; se olharmos para esse pequeno pedaço, ainda veremos nossa imagem refletida nele.

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  11. Aiii. Que medo do momento da cadeira amarela. Que trecho!

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