" - Mas quando vai acabar? Às vezes penso que não vou resistir. Este "inverno" para que não passa nunca!
- Passará e chegará a "primavera". E vai ser linda, porque estaremos livres! É preciso ver, querer!"
(Ana Magnani, desesperada com os horrores da guerra, e F. Grandjacques em "Roma, Cidade Aberta")
terça-feira, 31 de agosto de 2010
perseguindo palavras e sempre se frustrando com o limitado poder delas
"Por amor, queria Maria Inês quase com desespero, estivesse longe dela ou dentro do arco dos seus braços, porque nem sua presença corpórea e integral apaziguava a gigantesca idéia dela. Por amor, precisava estar sempre febrilmente perseguindo palavras e sempre se frustrando com o limitado poder delas".
(Sinfonia em Branco, Adriana Lisboa, p. 109)
"Sorte sua ser miserável" - Woody Allen
"- Acho que me obceco pela morte. É um mundo que eu gosto. Tenho uma visão pessimista da vida. Se vamos sair juntos você precisa saber. A vida é dividida em horrível e miserável. Duas categorias. Horrível seriam casos terminais, gente cega, inválidos. Não sei como eles vivem, acho incrível. E miserável é todo o resto. Quando passar pela vida, agradeça por ser miserável. Sorte sua ser miserável".
(Do filme: Annie Hall, Woody Allen)
ao lado de mim, apesar de mim
"As pessoas amam-me mal. Devolvem-me precisamente o mesmo tipo de amor que eu dedico às coisas que arquitecto: um amor postiço, leve, que impressiona a retina ao primeiro impacto para logo se tornar insuportável. As pessoas amam-me ao lado de mim. Apesar de mim. Acho que só o Álvaro e a Leonor conseguiram amar-me à bruta, na beleza que existe para lá de mim. Não sei como posso viver sem um par de olhos onde se reflicta esse cristal íntimo que não cintila nos espelhos".
(Nas tuas mãos, Inês Pedrosa, p. 195)
Imagem: Richard Garrod
Luxo
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Contradiz-se por todo o tempo, mas gosto muito disso. É humano
Como?
Hitchcok
domingo, 29 de agosto de 2010
Não ter cartas para queimar - Carpinejar
"Não ser amado é perder a possibilidade de contestar o próprio destino. É morrer de uma saúde incurável. É participar do mundo como se ele estivesse sempre por ser criado. É colar o fogo porque não há carta para ser queimada".
(Crônica "De banho tomado", in: O Amor Esquece de Começar, Carpinejar, p. 87)
Sobre a evitação da vida
sábado, 28 de agosto de 2010
Para quem olha estrelas
" - Alfa Centauro... - continuou a moça, sorrindo.
- Susanna...
- O Cruzeiro do Sul...
- Susanna... eu não sou gente capaz de olhar estrelas, mas sou capaz de olhar gentes, homens e mulheres. Acredite, nunca vi uma mulher como você, nem tão bela, nem tão preciosa. Gostaria de tê-la ao meu lado, a olhar estrelas, pelo resto da vida".
(Os fios da memória, Adriana Lisboa, p. 93, Ed. Rocco)
O filme
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O amor tem formas, formas, aromas, vozes, causas, sintomas...
♫O amor vai te contar um segredo
Não precisa ter medo
Nem sair correndo
O amor nasce pequeno
Cresce, fica estupendo
Às vezes o amor está ali
Você nem tá sabendo
O amor tem formas, formas, aromas,
Vozes, causas, sintomas
O amor...
É mãe, é filho, é amigo,
Às vezes num canto esquecido existe amor
Antigo, antigo
O amor que cuida, parte e assusta
Que erra e pede desculpas
Às vezes o amor quer ferir
E se cura doendo
O amor tem formas, formas, aromas,
Vozes, causas, sintomas
O amor...
É pausa, silêncio, refrão
E explode nessa canção
O amor vai te contar
Um segredo, fica atento, repara bem
Que o meu amor é todo seu
Antigo♫
(Paulinho Moska)
E quando você voltar, tranque o portão, feche as janelas, apague a luz e saiba...
Para ouvir
"Estragon
Não me toque! Não pergunte nada! Não fale nada! Fique comigo!
Vladimir
E eu alguma vez deixei você?
Estragon
Me deixou partir.
Vladimir
Olhe para mim! (Estragon não se move. Com violência) Quer olhar para mim, por favor!
Estragon levanta a cabeça. Olham-se longamente, afastando-se, chegando mais perto e balançando a cabeça, como diante de um objeto de arte, tendendo cada vez mais um em direção ao outro, até que se abraçam, com tapinhas nas costas. Separam-se. Sem o apoio, Estragon quase cai".
(Esperando Godot, Samuel Beckett, p. 113)
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
É duro
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Cantos de espera pelo que há de vir
Alento
Quando mais nada houver,
Eu me erguerei cantando,
Saudando a vida
Com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
Entregarei meu ser ao ser do Tempo
E a minha voz à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
Solto no vazio do que ainda não veio,
Minha boca cantará
Cantos de alívio pelo que se foi,
Cantos de espera pelo que há de vir.
(Caio Fernando Abreu)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Dogville e Zizek
"(...) com Von Trier, não se trata apenas do problema da crença, no sentido de se as pessoas ainda crêem hoje, o lugar da religião hoje, etc. É também reflexivamente ou alegoricamente a questão da crença no próprio cinema. Como fazer as pessoas acreditarem hoje na magia do cinema? Em Dogville tudo é encenado em estúdio. Certo, é sempre assim no cinema, mas aqui o cenário é visto como cenário. A ação se passa em Dogville, uma cidadezinha, mas não há casas, há apenas linhas no chão, sinalizando que aqui é uma casa, aqui é uma rua. O mistério é que isso não impede nossa identificação. Ao contrário, isto nos lança ainda mais nas questões da vida interior. Não é que a crença ingênua seja minada, descontruída pela ironia. Von Trier quer tratar a magia com seriedade. A ironia é empregada para nos fazer crer. O mistério é que mesmo sabendo que é uma encenação, que é uma ficção, ainda ficamos fascinados. Essa é a magia fundamental. Testemunhamos uma determinada cena encantadora, então nos mostram que é apenas uma farsa, com maquinários por detrás, mas ainda estamos fascinados. A ilusão persiste. Há algo real na ilusão, mais real que a realidade por detrás dela".
(Do documentário: The pervert´s guide to cinema, do Slavoj Žižek)
Como se me fizesse mal deixar os pensamentos guardados - Carpinejar
"Desde o princípio, pulsa a obrigação de demonstrar o que sinto. Obrigação. Como se me fizesse mal deixar os pensamentos guardados. Estraga-me, corrói-me, a incerteza me abóia.
Remorso não se guarda em bolso, não se pede troco".
(Crônica "De banho tomado", in: O Amor Esquece de Começar, Carpinejar, p. 135)
O ridículo e a coragem
Compreender é esquecer de amar - Fernando Pessoa
"Para compreender-me, destruí-me. Compreender é esquecer de amar. Nada conheço mais ao mesmo tempo falso e significativo que aquele dito de Leonardo da Vinci de que não se pode amar ou odiar uma coisa depois de compreendê-la.
A solidão desola-me; a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa descaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir".
(Livro do Desassossego, Fernando Pessoa, p. 73)
E se surpreende ao perceber que desconhecido não é o lugar
"Como num teatro. Ou num filme, ou num livro ao qual de tempos em tempos você volta como quem volta a um lugar desconhecido. E se surpreende ao perceber que desconhecido não é o lugar, móveis e sombras e cores, tudo tão familiar, mas que o desconhecido é você, por mais que você se esforce e reitere-se e recite de cor antigas falas, antigos versos. Por mais que o esforço e o propósito e a vontade, há sempre algo que surpreende e que assusta".
(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 92, Ed. Companhia das Letras)
Sobre aprendizados
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
José Castello - 21-08
"O que fazer para que a beleza, que é imprecisa e traiçoeira, não nos trague? Diante dela, como conservar a serenidade? A expectativa da beleza nos leva a gaguejar. Diante da beleza, estamos detidos no momento anterior - como os gagos, que estão sempre uma sílaba antes.
(...) Como todos nós, Mizoguchi habita um mundo de imagens. A maioria de nós, nem por isso, descarta a existência do real. Ainda que não possamos vê-lo, sabemos que ele está aqui. Ninguém precisa enxergar uma bactéria para que ela contamine um corpo. Também não precisamos ver as constelações para saber que elas existem. Mizoguchi, porém, não desiste do desejo de devorar as coisas. Dividido entre o bem e o mal, ele reduz sua vida a um gaguejar, em que implora por uma resposta na qual os contrários, enfim, desapareçam. Confunde a gagueira - desordem de fluência na fala, que se torna incapaz de acompanhar os pensamentos - como uma anomalia espiritual. Não percebe que, mesmo quando falamos com a voz clara e firme, ainda gaguejamos"
(O erro de Mishima, José Castello, Jornal O Globo, Caderno Prosa & Verso, 21/08/2010, p. 4)
domingo, 22 de agosto de 2010
a única maneira de abarcá-la e tentar organizá-la é através da desmedida do amor
"Imaginar, a partir dali, a vida sem Maria Inês equivaleria a vivê-la pelo avesso. A desviver. Foi naquele exato momento em que ela se sentava ao piano sob o signo de um diabinho (ou seria um sátiro) que tocava violão, naquele momento o amor chegou, e a partir de então tanto faria a Tomás o que ela pudesse dizer ou como pudesse agir. Porque às vezes o amor se alimenta de sua improbabilidade. Porque às vezes a vertigem do outro é grande demais, é ampla demais, e a única maneira de abarcá-la e tentar organizá-la é através da desmedida do amor - à maneira de um bêbado que toma um golinho logo pela manhã a fim de curar a ressaca da véspera".
(Sinfonia em Branco, Adriana Lisboa, p. 107. Ed. Rocco)
ou era ontem, ou era noite ou era tarde
"Digo tudo isso porque sempre me assusta esse vão, essa impossibilidade. Principalmente entre nós. Havia entre nós, sempre houve, um desencadeamento de conclusões falsas, de mal-entendidos. Eu dizia sempre, mas para você ou era ontem, ou era noite ou era tarde. Então, ao dizer sempre, na verdade eu dizia: a mais profunda noite, o ápice da madrugada, sem saber, sem nunca saber o que eu dizia. Porque a verdade é que a gente nunca sabe, como era possível dizer tudo aquilo sem nunca saber? E era uma sensação constante, isso de poder criar a qualquer momento, algo inimaginável. Como alguém que tem dupla personalidade, ou alguém que, à medida que vai se pronunciando, imediatamente vai esquecendo as palavras e vive sempre na iminência de uma tela em branco. E eu andava apreensiva achando que, a qualquer momento, alguma coisa aconteceria. Alguma coisa sempre acontecia".
(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 76-77, Ed. Companhia das Letras)
Domingos de Oliveira
Diálogos do filme "Separações", do Domingos de Oliveira - que assisti ontem.
***
- O que é isso amor, que eu nunca entendi?
- Amor é o efeito colateral do sexo.
***
- Eu não consigo fazer nada do que eu queria.
- Você não precisa fazer, você é: a minha Glorinha.
***
- Eu adoro isso, energia, eu preciso disso. Você sabe, eu sou um deprimido.
***
- São Paulo dá tanta angústia que carioca faz besteira.
***
- E quando você não está trabalhando, nem lendo, o que você faz?
- Eu me apaixono por moças curiosas.
***
- Por isso que somos amigos: eu sempre solteira querendo me casar e você sempre casado querendo ser solteiro.
***
- É isso que você quer?
- Eu quero que você queira voltar para mim agora.
***
- Você é exagerado, pai.
- O amor tem quatro patas.
***
- Amar não é querer o bem do outro?
- Não, isso é uma bobagem que eu dizia quando eu era feliz. Amar é uma selvageria.
***
- Eu tenho saudades de mim também.
***
- A verdadeira liberdade de um homem não é seguir seus impulsos, mas seguir suas escolhas.
***
- Ter que escolher entre dois amores é uma coisa tão triste quanto morrer.
O mais forte
a sinceridade de quem sente fome
"Gostaria de cumprir realmente uma surpresa, sem a ânsia de contar a metade pelo caminho.
(...) Gostaria de reparar quando ela emprega uma palavra diferente e cuidar para não gastar tanto as velhas.
(...) Gostaria de ter sempre a sinceridade de quem sente fome".
(Crônica "Fui o que ainda posso ser", in: O Amor Esquece de Começar, Carpinejar, p. 47-49)
sábado, 21 de agosto de 2010
Dentro tem sol
Slavoj Žižek chegou!
Na quinta, durante o seminário do núcleo avançado de Lacan, levei um susto ao passear por uma revista de psicanálise: livro novo do Slavoj Žižek!
No mesmo momento, mandei um e-mail - Smarthphone querido! - para o Amálgama - onde escrevo resenhas de livros psi., solicitando que a Zahar me enviasse um exemplar.
Na sexta, no mestrado, vi que uma colega já o tinha. Pedi para dar uma olhada, no meio da aula do Quinet e logo vi que ele, o Zizek, citava a Erica Jong! Minha autora favorita no livro dele.
Sábado, hoje, o livro chegou aqui em minhas mãos. Sabe aquelas coisas que acontecem, que te dão a impressão de que "tudo pode dar certo"? Eu quis muito o livro na quinta, e eis-me aqui no sábado, com ele ao ladinho.
Sem maiores digressões, só vou ficar feliz e ler o Žižek!
...
"- Afinal, o que você quer? - insistiu.
- Parceria. Isso não tem nada a ver com sexo nem com romance, mas com outra natureza de afeto, ou de afetos. Eu quero um tipo de relação que não necessita de palavras nem de grandes gestos. Quero que a gente se entenda por música, no sentido figurado e no sentido literal. Quero um pianista que não abaixe a cabeça nem desvie os olhos quando estou cantando o amor, quero um olhar cúmplice, a solidariedade, a empatia, a generosidade, quero que você não tenha vergonha de sentir o que estou sentindo, e que você viva o que estou vivendo enquanto dura a canção.
- Se é só isso, posso tentar...
- Este jogo não comporta tentativas. A única regra é se entregar.
(Estrela Nua, Maria Adelaide Amaral, p. 43, Ed. Rocco)
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
O que vamos fazer agora? R: Estamos esperando Godot.
"Estragon
Enquanto esperamos, vamos tratar de conversar com calma, já que calados não conseguimos ficar.
Vladimir
É verdade, somos inesgotáveis.
Estragon
Para não pensar.
Vladimir
Temos nossas desculpas.
Estragon
Para não ouvir.
Vladimir
Temos nossas razões.
Estragon
Todas as vozes mortas.
Vladimir
Um rumor de asas.
Estragon
De folhas.
Vladimir
De areia.
Silêncio.
Vladimir
Falam todas ao mesmo tempo.
Estragon
Cada uma consigo própria.
Silêncio.
Vladimir
Melhor, cochicham.
Estragon
Murmuram.
Vladimir
Sussurram.
Estragon
Murmuram.
Silêncio.
Vladimir
E falam do quê?
Estragon
Da vida que viveram.
Vladimir
Não foi o bastante terem vivido.
Estragon
Precisam falar.
Vladimir
Não lhes basta estarem mortas.
Estragon
Não é o bastante.
Silêncio.
Vladimir
Como o ruflar de plumas.
Estragon
De folhas.
Vladimir
De cinzas.
Estragon
De folhas.
Longo silêncio.
Vladimir
(angustiado) Diga qualquer coisa!
Estragon
O que vamos fazer agora?
Vladimir
Estamos esperando Godot.
Estragon
É mesmo
Silêncio.
Vladimir
Como é difícil!"
(Esperando Godot, Samuel Beckett, p. 122-125)
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Quinto sorteio de livros no Meu Divã...
O livro da quinzena é "Medida drástica" (romance mediúnico), da Wanda A. Canutti. Diz aqui também pelo "espírito Eça de Queirós" - seja lá o que venha a significar isso. Não sou espírita.
Mesmo método de sempre:
*Colocar nome completo, e-mail e ser seguidor do Meu Divã É Na Cozinha.
Só vale para quem mora no Brasil.
O resultado sai dia 01 de setembro.
Sem fim, sem mapa - Carpinejar
"Quando a gente ama, não há fim, não há mapa, não há tristeza sozinha, não há taxímetro estipulando preço. As paredes dão licença. As estátutas conspiram datas. As datas mudam de lugar. É uma corrida solta, dispersa, distraída como uma alegria nova".
(Crônica "Pode chorar em minha boca", in: O Amor Esquece de Começar, Carpinejar, p. 273-274)
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Palavras que enlaçam
muitos trabalham, mas não conseguem apaziguar a fome
" - É para satisfazer nosso apetite que a natureza é generosa, pondo seus frutos ao nosso alcance, desde que trabalhemos por merecê-los. Não fosse o apetite, não teríamos força para buscar o alimento que torna possível a sobrevivência. O apetite é sagrado, meu filho.
- Eu não disse o contrário, acontece que muitos trabalham, gemem o tempo todo, esgotam suas forças, fazem tudo que é possível, mas não conseguem apaziguar a fome".
(Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, p. 159, Ed. Companhia das Letras)
seu território, ainda que em ilusão
"Ela foi o único remanso de paz jamais visitado por ele, seu porto seguro, seu território (ainda que em ilusão, pois se havia algo que não podia pedir em Joaquina era a posse; todo o resto ela lho daria, com um sorriso que a licença poética que ele mais uma vez reivindicava classificaria como angelical). Deixou-a porque houve que deixá-la, mas a ferida não sarou nunca".
(Os fios da memória, Adriana Lisboa, p. 31, Ed. Rocco)
papel da pequena princesa
"As mulheres belas costumam ser as mais complicadas, talvez porque a beleza lhes tenha dado facilidades demais, muitas opções e pouco confronto com a realidade. As mulheres belas costumam ser egoístas e infantis, jamais saem do papel da pequena princesa e esperam que o homem, qual um súdito, ou um pai que tudo consente, as mime sem nada exigir, apenas porque são belas. Fabiane era uma mulher belíssima, pensou".
(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 50, Ed. Companhia das Letras)
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Estranhamento
Para ouvir
"E percebi que me sentia como uma hóspede naquela casa. Nunca pensava que era a minha casa e quando caminhava pelo jardim não pensava que era o meu jardim".
(Foi Assim, Natalia Ginzburg, p. 45)
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Ya sé, no te hace gracia este país
"Mas não, Caio não se sentiria triste; antes de chegar à Suécia, a Suécia era para ele o paraíso. Uma vez lá, porém, e passado o impacto e a fascinação dos primeiros dias, ele começaria a achar a cidade um horror. Fora assim com São Paulo, com o Rio de Janeiro, com Porto Alegre. Fora assim com Madri. Estava sendo assim com Estocolmo e provavelmente seria assim com Londres, como ele tanto ansiava em ver. Esse era Caio: sempre achava um jeito de colocar um defeito no lugar onde estava. Sentia-se um estrangeiro onde quer que fosse, sem possibilidade de cura".
(Caio Fernando Abreu - inventário de um escritor irremediável, Jeanne Callegari)
Que se abre ao que se abre
Ouça
"Mas, mesmo assim, sempre vai haver a esperança de que você volte atrás, quem sabe a semana inteira, ou até meses, anos, o envelope esquecido, jogado em algum lugar, semanas, meses, anos, até que, quem sabe, algum dia, um deslize, um descuido, um movimento impensado, e esta carta que se abre a todo o mundo dentro dela que se abre".
(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 26)
"Mas, mesmo assim, sempre vai haver a esperança de que você volte atrás, quem sabe a semana inteira, ou até meses, anos, o envelope esquecido, jogado em algum lugar, semanas, meses, anos, até que, quem sabe, algum dia, um deslize, um descuido, um movimento impensado, e esta carta que se abre a todo o mundo dentro dela que se abre".
(Flores Azuis, Carola Saavedra, p. 26)
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Muita dignidade: Clarice L.
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