quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ser


"Quando falamos do ser da mulher, não nos esquecemos que este é um ser dividido entre o que ela é para o Outro e o que ela é como sujeito do desejo, entre seu ser complementar da castração masculina de um lado, e seu ser como sujeito do inconsciente do outro".

(O narcisismo feminino existe?, Collete Soler, tradução de La Kepler - sendo estudado na aula de Lacan)


Imagem: Man Ray

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sonhos


"A lógica aqui é estritamente freudiana, ou seja, escapamos para o sonho para evitar um impasse em nossa vida real. Porém, o que encontramos no sonho é ainda mais horrível, de modo que ao final nós literalmente escapamos de sonho de volta para a realidade. No início, os sonhos são para quem não é forte o bastante para suportar a realidade. Ao final, a realidade é para quem não é forte o bastante para enfrentar seus sonhos".

(The pervert´s guide to cinema, Slavoj Žižek)

Imagem: Grete Stern

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bacalhau gratinado

500g bacalhau
400 ml leite
5 g tomilho fresco
3 folhas louro
500 g batatas descascadas e cortadas em rodelas finas
2 un. gema de ovo
100 ml creme de leite fresco
1 un. dente de alho cortado ao meio
250 g manteiga
Qb sal e pimenta-do-reino

Ponha o bacalhau de molho em bastante água, tampe e leve a geladeira por no mínimo um dia.
Mude a água pelo menos 4 vezes.
Escorra a água e lave o peixe em água corrente.
Numa panela grande, ponha o bacalhau, cubra-o com água e, em fogo médio, leve-o a ferver.
Retire a panela imediatamente do fogo, tampe e deixe descansar por 15 minutos. Escorra bem. Raspe fora a pele gordurosa e retire os ossos e espinhas. Desfaça em lascas a carne do peixe.
Numa panela grande, misture o leite, o tomilho e as folhas de louro. Leve a fervura em fogo médio. Retire do fogo, tampe e deixe descansar por 15 minutos.
Pré-aqueça o forno a 175 graus.
Junte as batatas ao leite temperado. Deixe cozinhar, com a panela tampada, em fogo médio, até que as batatas estejam macias - cerca de 20 minutos. Reserve.
Numa tigela pequena, bata a gema com creme de leite fresco. Retire do fogo a batata e junte a mistura do ovo e creme de leite, mexendo bem. Tempere com sal e pimenta a gosto.
Esfregue o alho cortado no interior de um prato refratário médio e unte com uma colher de sopa de manteiga. Espalhe por cima a manteiga restante, em pedacinhos. Leve ao forno até que a superfície fique de cor dourada escura - cerca de 45 minutos. Sirva quente.

Ceviche

600 g filé de namorado cortado em cubos
300 g tomate concassée
200 ml suco de limão
100 g cebola roxa em rodelas finíssimas
60 ml azeite extra virgem
1 dente alho socado
35 g coentro picado

Junte todos os ingredientes e regue com suco de limão.
Marine por no mínimo 4 horas - e no máximo 12.
Sirva gelado.

Tartar de atum

500 g de atum fresco picado na faca
50 g brunoise de alcaparra
50 g brunoise de cebola
50 ml azeite extra virgem
Qb sal e pimenta-do-reino

Misture todos os ingredientes e sirva imediatamente.

Metáfora de nossos infortúnios



"E creio que esta seja a metáfora de nossos infortúnios. Com frequência, quando amamos uma pessoa, não a aceitamos como de fato ela é. Aceitamos essa pessoa desde que ela caiba nas coordenadas de nossa fantasia. Nós confundimos, identificamos erroneamente essa pessoa, por isso, quando descobrimos que estávamos enganados, o amor pode rapidamente se transformar em violência. Não há nada mais perigoso, mais letal para a pessoa amada que ser amada pelo que ela não é, mas por se ajustar a um ideal. Neste caso, o amor é sempre mortificante".

(Slavoj Žižek, extraído de The Pervert´s Guide To Cinema)


Imagem: Fernand Khnopff

domingo, 27 de setembro de 2009

Clarice


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.

Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei".

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

...


"Ela vem
Sempre tem
Esse mar no olhar".

(Samba de verão, Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)

Imagem: Man Ray

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sobre escrever


"Escrever é romper o laço que une a linguagem a mim mesmo".
(Maurice Blanchot)

Imagem: Domenico Fetti

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Jacques-Alain Miller - sobre o amor


Hanna Waar - Por que algumas pessoas sabem amar, e outras não?

Jacques-Alain Miller - Algumas pessoas sabem como provocar o amor na outra pessoa, os amantes em série, homens e mulheres. Eles sabem que botões apertar para se fazer amado. Mas eles não necessariamente sabem amar, e eles jogam de gato e rato com suas presas. Para o amor, você tem que admitir sua falta, e reconhecer que você precisa do outro, que você sente falta dele ou dela. Aqueles que pensam que são completas por si só, ou querem ser, não sabem como amar. E, às vezes, eles constatam isso dolorosamente. Eles manipulam, puxam cordas, mas do amor não se conhece nem o risco, nem dos prazeres.

Jacques-Alain Miller em entrevista sobre o amor. Disponível em www.lacan.com

Imagem: Ford Madox Brown

Sobre Caio F.


"(...) o trabalho jornalístico era penoso para ele. Não a arte de escrever, que isso ele fazia com facilidade, e muito bem; mas a questão dos horários, e dos prazos, e de lidar com chefes; enfim, a parte prática e pragmática da coisa, a parte desinteressante de qualquer emprego...".

(Sobre Caio F., Jeanne Callegari)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Errando


"Do erro ao erro, somos capazes de descobrir a verdade inteira".
(Freud)

Imagem: Ralf Steadman

Linguado à belle meuniére

4 filés de linguado
300 g manteiga
8 un. de camarões médios em pedaços
100 g champignon em lâminas
30 g alcaparras
20 ml suco de limão
50 g salsinha picada
100 g farinha de trigo peneirada
600 g batatas cozidas no vapor
Sal e pimenta-do-reino branca a gosto


Tempere os filés de linguado com sal e pimenta.
Passe-os na farinha de trigo, retirando o excesso.
Doure os filés em um frigideira com 100g de manteiga bem quente.
Reserve os filés.
Acrescente mais 50 g de manteiga na frigideira e refogue rapidamente o champignon e o camarão. Reserve.
Coloque o restante da manteiga na frigideira e deixe dourar, retire do fogo e acrescente o refogado e as alcaparras.
Regue os filés com gotas de limão e a salsa, despeje o molho por cima.
Sirva com batatas cozidas.

Truta com amendoas

10 un. filé de truta
60 ml suco de limão
5 gr. sal
5 gr. pimenta-d0-reino
60 g farinha de trigo
240 ml leite
140 g manteiga
200 g manteiga
140 g amendoa em filetes
20 g salsa picada

Tempere a truta com sal e pimenta.
Banhe o peixe no leite e passe na farinha de trigo, tirando o excesso.
Salteie a truta na manteiga e reserve. Na mesma frigideira, adicionar o resto da manteiga.
Deixe escurecer um pouco.
Adicione suco de limão e salsa.
Despeje o molho sobre a truta.

Peixe assado no sal grosso

2 un. pargo ou vermelho, inteiro
2,9 kg sal grosso
50 ml azeite de oliva
2 un. limão
Qb sal


Temperar o peixe com sal e reservar.
Em um assadeira do tamanho do peixe, espalhar parte do sal grosso.
Colocar o peixe por cima e cobrir com o restante do sal.
Apertar o sal contra o peixe para fixar bem a crosta.
Levar ao forno pré-aquecido a 200 graus, por 15 minutos ou até formar uma crosta firme.
Quando estiver pronto, quebrar a crosta até o peixe ficar visível por inteiro.
Remover a pele e as espinhas do peixe, com cuidado.
Transferir para uma travessa e regar com azeite, colocando ao redor o limçao cortado em gomos.

Salmão ao molho de maracujá

1 kg de filé de salmão
600 ml caldo de peixe
3 un. maracujá
200 g açúcar
50 ml água
100 g manteiga
Qb sal e pimenta-do-reino

Cortar os filés de salmão em postas e grelhar na manteiga, reservar.
Fazer um suco com o maracujá e o caldo de peixe, batendo levemente para não quebrar as sementes.
Faça uma calda caramelizada com água e açúcar. Adicione o suco de maracujá.
Temperar com sal e pimenta-do-reino e reduzir até engrossar.
Colocar os filés dentro do molho e cozinhar, por vota de 5 minutos.
Servir em seguida regado com o molho.

Escolhas e (in)certezas


"Quando você escolhe uma coisa entre dez outras, a única certeza que você tem é que perdeu nove".

(Jorge Forbes)

Imagem: Filme Asas do Desejo

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Rabada com agrião

500 g batata
2 un. cebola
Qb óleo
5 ml pimenta malagueta
2 kg rabada
5 g alho
Qb pimenta-do-reino
4 un. tomate
Qb sal
2 molhos de agrião
150 g farinha de trigo

Temperar a rabada com sal.
Passar na farinha de trigo.
Aquecer o óleo na panela e adicionar os pedaços de rabada, deixando corar.
Escorrer o excesso de gordura.
Adicionar água, tomate, extrato de tomate, cebola e o alho.
Ferver até amaciar a rabada.
Quando estiver cozida, juntar as batatas descascadas e partidas em quatro.
Deixar cozinhar bem, com a panela destampada.
Temperar com sal.
Juntar o agrião na hora de servir.
A pimenta malaguera deverá ser servida à parte.


Dobradinha

1 kg bucho
500 g cenoura
100 g manteiga
meio molho de salsa
Qb sal, pimenta-do-reino e louro
meio molho de cebolinha
300 g cebola
500 g batata
500 g tomate concassé
50 g pimentão verde
10 g alho
100 ml extrato de tomate
500 g linguiça
300 g feijão branco
1 un. pimentão vermelho


Escaldar o buchi e cozinhar em uma panela de pressão por 40 minutos.
Ao retirar da panela, tirar a pele se necessário, cortar em cubos e reservar.
Picar a cenoura, tomate, pimentão verde e vermelho, em cubos e reservar.
Picar a linguiça em rodelas.
Pré-cozinhar o feijão branco e reservar.
Refogar na manteiga a cebola e o alho em cubos pequenos.
Adicionar a linguiça, cenoura, tomate e pimentões.
Colocar o feijão, bucho picado e a água.
Deixar cozinhar até que os legumes estejam macios e sirva e seguida.

Língua ao molho madeira

1 un. língua
10 ml óleo
5 g alho
Qb sal e pimenta-do-reino
40 g manteiga
1 un. cebola
40 g farinha de trigo
300 ml vinho madeira seco
200 ml caldo de carne

Numa panela de pressão cozinhar a língua com um pouco de sal.
Retirar a língua da panela, tirar a pele externa, fatiar e reservar.
Ferver o vinho até reduzir à metade.
Ferver o caldo de carne, misturar o vinho e deixar reduzir.
Derreter a manteiga e refogae cebola e alho.
Adicionar a farinha, mexendo bem.
Torrar a farinha de trigo até estar escuram mas sem queimar e reservar.
Adicionar o caldo "roux" aos poucos, mexendo bem para não empelotar.
Coloque a língua fatiada no molho.
Temperar com sal e pimenta.


Isca de fígado acebolada

1 kg fígado
100 ml azeite
5 g alho
Qb sal e pimenta-do-reino
1 un. cebola
1 molho de alecrim
1 molho de tomilho


Retirar a pele do fígado e cortá-lo em iscas.
Colocar em um recipiente e temperar com azeite, alho, ervas, sal e pimenta e deixar manrinando por 30 min.
Aquecer uma frigideira com azeite e colocar as iscas.
Saltear até que estejam bem cozidas.
Corte a cebola em julienne e junte à frigideira.
Salteie bem e sirva em seguida.

Decifrando as mulheres - recebi hoje, ótimo!

Expressões Usadas Pelas Mulheres...

1 - "Certo": Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e você precisa se calar.

2 - "5 minutos": Se ela está se arrumando significa meia hora. "5 minutos" só são cinco minutos se esse for o prazo que ela te deu para ver o futebol antes de ajudar nas tarefas domésticas.

3 - "Nada": Esta é a calmaria antes da tempestade. Significa que ALGO está acontecendo e que você deve ficar atento. Discussões que começam em "Nada" normalmente terminam em "Certo".

4 - "Você que sabe": É um desafio, não uma permissão. Ela está te desafiando, e nessa hora você tem que saber o que ela quer.... e não diga que também não sabe!

5 - Suspiro ALTO: Não é realmente uma palavra, é uma declaração não-verbal que freqüentemente confunde os homens. Um suspiro alto significa que ela pensa que você é um idiota e que ela está imaginando porque ela está perdendo tempo parada ali discutindo com você sobre "Nada".

6 - "Tudo bem": Uma das mais perigosas expressões ditas por uma mulher. "Tudo bem" significa que ela quer pensar muito bem antes de decidir como e quando você vai pagar por sua mancada.

7 - "Obrigada": Uma mulher está agradecendo, não questione, nem desmaie. Apenas diga "por nada". (Uma colocação pessoal: é verdade, a menos que ela diga "MUITO obrigada" - isso é PURO SARCASMO e ela não está agradecendo por coisa nenhuma. Nesse caso, NÃO diga "por nada". Isso apenas provocará o "Esquece").

8 - "Esquece": É uma mulher dizendo "FODA-SE !!"

9 - "Deixa pra lá, EU resolvo": Outra expressão perigosa, significando que uma mulher disse várias vezes para um homem fazer algo, mas agora está fazendo ela mesma. Isso resultará no homem perguntando "o que aconteceu?". Para a resposta da mulher, consulte o item 3.

10 - "Precisamos conversar!": Fodeu!!!, você está a 30 segundos de levar um pé na bunda.

11 - "Sabe, eu estive pensando...": Esta expressão até parece inofensiva, mas usualmente precede os Quatro Cavaleiros do Apocalipse...


sábado, 19 de setembro de 2009

Leitura de sábado de manhã


"(...) Em pleno século da técnica, Mário faz uma serena defesa do impulso. Vai mais longe: admite que o pensamento não é a origem da literatura, mas só um complemento. Algo que vem a posteriori, um ornamento com o qual o escritor justifica o que faz".

"(...) Hilda Hilst: "Sou eu esta mulher que anda comigo?".

"(...) Pensamentos não passam de trampolins, desde os quais os escritores se lançam no grande mar das palavras. Não devem ser camisas-de-força. Escrever é se desmentir. É ceder o lugar a esse outro que, como dizia Hilda, anda ao nosso lado".

"(...) Júlia Capovilla, a protagonista de Manoela, é uma mulher asfixiada pelo projeto amoroso do marido, Klaus. Ele a reduz à posição de personagem. Sente-se presa à felicidade que o marido planeja para ela. Pode até ser felicidade, mas não é sua".

"(...) O autodidata Leon a conduz por um caminho imprevisível que não chega a lugar algum..."

"(...) Desde menina, Júlia sofre atração pelas mentiras, isto é, por aquilo que não se encaixa na realidade".

"(...) A paixão por Leon - irreal, impossível, imperturbável - a afasta da banalização do mundo. Não chega a conduzir a outro mundo, mas permite que ela o vislumbre.

"(...) Em suas horas mais difíceis, Júlia sente o desejo de desaparecer. "Fechar para sempre as janelas, deixar de constar nas listas, ser apagada de todos os sistemas", ela descreve. Esse desejo não deve ser confundido com o desejo de morte. É, ao contrário, o desejo de ser outra - isto é, de duplicar a vida. Ampliá-la".

"(...) Ali onde os fatos do mundo vigoram, Júlia escapa. Já quando a fantasia manda, ela se entrega. Nos momentos em que o desespero a assola, repete para si mesma: "Júlia Capovilla, esse é meu nome, não Leon, não Klaus, não Ariana". Último reduto do ser, o nome (a palavra) ainda assim não lhe basta. Nessas horas, Júlia se pede: "Fale algo, mas não tudo". Alguma coisa deve ser preservada, pois também a transparência mata".

"(...) É quando perde o chão, e ninguém a ampara, que pode se reinventar. É nesses momentos também que o escritor, um tanto fora de si, e para não perder o fio em que a vida lateja, se põe a escrever. Manoela tem uma escrita nervosa, que está em constante descompasso com seu desejo de contar uma história".

(A régua quebrada, José Castello, caderno Prosa & Verso, O Globo, 19-09-09, p. 4)

Imagem: Grete Stern. Título: Botella.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Costela de porco com barbecue


Imagem: Paulo Vilela

3 kg costela de porco
Qb sal e pimenta-do-reino
300 ml óleo
300 g catchup
150 ml vinagre balsâmico
100 g açúcar mascavo
40 g mostarda amarela

Cortar as costeletas de porco em pedaços médios. Temperar com sal e pimenta. Fritar em óleo e levar ao forno, por cerca de 1 hora.

Molho: misturar bem o catchup, mostarda, vinagre e o açúcar mascavo.

Quando as costelas estiverem quase assadas, pincelar um pouco de molho e voltar para o forno. Repetir essa operação pelo menos cinco vezes.

Coroa de cordeiro com alecrim


Imagem: Paulo Vilela

4 un. carré de cordeiro - cerca de 300 g cada
100 ml azeite extra virgem
2 un. dentes de alho
30 g alecrim fresco
100 ml vinho branco seco
200 ml caldo de carne

Retire a gordura dos cordeiros e dos ossos. Enrole o carré formando uma coroa. Amarre com barbante.
Leve ao forno bem quente (250 graus) numa assadeira com azeite, alecrim e o alho por 40 minutos.
Retire do forno e tire o excesso de gordura.
Adicione o vinho e o caldo. Leve ao fogo até aquecer.

Pernil assado com cítricos

Imagem: Paulo Vilela

6 kg pernil de porco com osso
250 g sal temperado
70 g alho
6 un. limão
500 g toucinho fresco cortado em tiras
100 ml óleo
500 ml suco de laranja
500 ml água
8 un. pimenta dedo de moça sem semente

Socar o alho e misturar com o sal.
Lavar o pernil, fazer buracos com a faca de desossar.
Colocar o pernil em uma bacia grande e temperar com o suco dos limões, o sal com alho. Deixe marinar por 2 horas.
Passar para uma assadeira, rechear os furos do pernil com a pimenta dedo de moça e um pedaço de toucinho o mais profundo possível.
Colocar para assar em forno alto pré aquecido, quando o caldo começar a ferver coloque o forno no mínimo e comece a regar com o caldo, água e suco de laranja.
O cozimento é lento, na proporção de 1 kg por hora.
A carne deve ser regada durante todo o cozimento, para evitar que a carne fique ressecada.

Lombo recheado com farofa

Imagem: Paulo Vilela

1 kg lombo suíno
1 c. (chá) sal
1 c. (chá) pimenta-do-reino
5 g louro
50 g manteiga
30 ml óleo
80 g cebola
100 g tomate
200 g presunto
2 un. maçã verde
1|2 molho cheiro verde
150 g farinha de mandioca
100 ml vinho branco

Abrir o lombo até obter um grande bife. Temperar com sal, pimenta, vinho branco e louro, deixando marinar por uma hora. Aquecer a manteiga e o óleo em uma frigideira grande e refogar a cebola.
Juntar o tomate e cozinhar até desmanchar.
Acrescente o presunto e frite um pouco.
Juntar as maçãs verdes cortadas em cubos, mexendo por um minuto.
Colocar a farinha de mandioca, mexendo até incorporar tudo. Espalhar uma boa parte dessa farofa no filé de lombo.
Enrolar e amarrar bem com barbante.
Em uma assadeira, pincelar o enrolado com a manteiga.
Cobrir com papel alumínio e leve ao forno médio pré-aquecido.
Quando estiver macio, retirar o papel alumínio e deixar dourar. Retirar o barbante.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Memórias


"A memória é indissociável à questão do tempo e da indiferença".
(Freud)

Geladeira vintage: eu quero uma!

Brochete

Bife a rolê

Blanquette de vitela

Ossobuco alla milanese

10 un. ossobuco
Qb sal e pimenta, farinha e óleo
250 ml vinho branco
150 g extrato de tomate
2 l molho espanhol

Gremulata
2 un. alho picado
1 col. (sopa) zest de limão
1 col. (sopa) salsa picada
5 un. alici

Tempere a carne com sal e pimenta, passe na farinha de trigo e bata para sair o excesso. Doure a carne na panela e retire.
Deglaceie a panela com o vinho e deixe reduzir um pouco.
Junte o extrato de tomate e salteie rapidamente. Junte o molho espanhol e a carne, tampe e cozinhe em fervura branda por cerca de 2 horas.
Retire a carne do fogo e mantenha aquecida.
Reduza o molho até a consistência adequada, corrija os temperos.
Misture todos os ingredientes da gremolata.
Sirva o ossobuco coberto com o molho e uma colher de gremolata sobre o tutano.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

?


Mudanças

Eu nascia na surpresa, agora, na previsão;
Eu não saia de casa, agora vou para a creche;
Eu namorava alguém, agora vou ficando;
Eu decorava tudo, agora uso o Google;
Eu jantava na hora da família, agora, do microondas;
Eu fazia passeata, agora, nem serenata;
Eu escolhia uma faculdade, agora estudo em várias;
Eu queria ser doutor, agora, inventor;
Eu saía de casa cedo, agora sou canguru;
Eu casava lá pelos vinte, agora, quase aos quarenta;
Eu jamais me separava, agora só divorcio;
Eu me aposentava aos cinqüenta, agora mudo de profissão;
Eu morria aos setenta, agora tenho morte lenta.
E se alguém me perguntar o que eu vou fazer agora, antes
por favor me responda: - Afinal, que raios é a globalização?

Jorge Forbes, 9 de agosto de 2009

Imagem: Pára, Mauro Piva

sábado, 12 de setembro de 2009

Sobre anjos


Era agosto
e parecia ser setembro.
Era agosto.

À maneira
de quem lê poesia
acariciando cicatrizes.

À maneira
de quem lê um livro
iluminando capítulos
entrelinhas enredos.

Li o anjo.

(Fragmento de Pequeno oratório de poeta para um anjo, da mais do que querida Neide Archanjo)

Imagem: Angel heads, Joshua Reynolds.

Sem entendimento


"É como tirar os rollers depois de andar um bocado e sentir que os pés e o chão não se entendem mais".

(Sinuca debaixo d'água, Carol Bensimon)

Imagem: George Segal

Todo sábado ela faz igual - lê o José Castello

"(...) Quando lê um primeiro romance, mais do que nunca, faltam ao crítico os antecedentes com que possa confrontar e medir o que lê. Resta-lhe a mão vazia. Ele trabalha muito mais com a cegueira do que com a visibilidade.
(...) Recentemente, em um debate literário, uma senhora da plateia - depois de se desculpar, como se fizesse uma observação quase obscena - me perguntou se não acho que minha posição diante da literatura é "feminina".
Existem muitas superstições a respeito da suposta "passividade" das mulheres. Basta ler escritoras como Clarice Lispector, Virginia Woolf e Florbela Espanca, poém, para entender o quanto o feminino é, também, feroz e contundente.
(...) A estreia é sempre um assalto ao passado. Todo escritor nasce de outros e escreve com as mãos sujas de sangue".

(O crítico aprendiz, José Castello, caderno Prosa & Verso, jornal O Globo, 12/09/09, p.4)

Crédito da imagem: Anderson Mendes.

Ainda sobre o desejo


"No inconsciente o tempo não existe; o sujeito fica suspenso no presente eterno de seus desejos".

(Dispa-me, Catherine Joubert e Sarah Stern)

Seremos?


"Seremos mesmo os autores de nossas paixões? Quando a força do desejo se impõe, seremos, de fato, donos de nós mesmos?"

(José Castello, A palavra é um ônibus, O Globo, Caderno Prosa & Verso, 26/02/09, p. 4)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

?!


"O que muda na mudança,
se tudo em volta é uma dança
no trajeto da esperança,
junto ao que nunca se alcança?"

(Carlos Drummond de Andrade)

Entre...


"Entre o sono e o sonho
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim".

(Fernando Pessoa em Cancioneiro)

Sobre o desejo


“O desejo ignora a troca, ele só conhece o roubo e o dom.”

(Gilles Deleuze)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Da aula de Lacan de hoje


"(...) Isto nos conduz ao segundo tempo da estratégia, que é mais precisamente como um instante, instante de ver. Isto se passa à noite - à noite onde o saber não chega a calar a verdade, à noite onde o sonho pode tornar-se pesadelo. O que toma de assalto esta mulher não é o sonho, mas um pensamento que coloca em causa todo o equilíbrio da conferência que lhe tinha permitido um sucesso: "Não cometi uma gafe?" pergunta-se ela. E o momento carregado de angústia sublinha o real que ela afronta. O real segue-se a este momento de inscrição no simbólico esperando um ponto de encontro próprio ao discurso. O simbólico acentuou o leito do real. A "gafe" que se impôs à ela é o significante que o diz. E ele diz, que nesta cadeia significante que ela soube tão bem desdobrar há um rasgo, uma brecha, uma fissura. Sabe-se que esta coisa "inapropriada" a representa no inconsciente, no momento mesmo em que ela encontra uma identidade... como homem. Mas esta nova representação está despida para ela de significação. Não pertence ao seu registro simbólico e sobretudo demonstra uma proximidade com o objeto que ele mesmo não se encontra no simbólico. Esta "gafe" é um traço único. Ele significa para o sujeito a barra que o impede de se realizar todo inteiro na linguagem, daí a angústia que a divisão produz nesta mulher. É como se uma pequena voz lhe dissesse: "você não o é". O sucesso, o reconhecimento, o status social não esgotam sua falta. Suas conferências não lhe permitem sustentar a ilusão de que ela tem o falo. O objeto se revela desfeito de sua aparência significante".

(Quando as mulheres só podem se afirmar faltando, Dominique Miller, tradução de Selene Kepler)

Não


"Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu".
(Caio F.)

Imagem: http://www.flickr.com/photos/poetaurbano

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mnha primeira coluna de gastronomia - jornal de SC

Lagarto recheado

1,5 kg de lagarto redondo
1 cenoura
1 linguiça calabresa
500 ml caldo de carne
100 ml óleo
480 ml de marinada de vinho tinto


Marinada de vinho tinto
1 l vinho tinto seco
100 m vinagre
50 ml conhaque
50 ml óleo
100 g cenoura
50 g enchalote
100 g cebola
50 g rampos de aipo
20 g alho
1 unidade de bouquet garni
5 g pimenta do reino em grãos
2 unidades de cravo da índia
Qb sal

1) Cortar a guarnição aromática em pedaço grandes. 2) Colocar a guarnição aromática e o bouquet garni em um recipiente de aço inox. Acrescentar o vinho e o conhaque, e também o sal, pimenta e o cravo. 3) Juntar o vinagre e o óleo.

Preparo do lagarto

Limpe o lagarto, faça furos com o garfo e coloque na marinada, deixe na geladeira por no mínimo duas horas. Raspe e corte as cenouras em bastões. Divida a linguica em quatro, ao comprido. Recheie a carne com a cenoura e a linguiça. Amarre a peça com barbante. Doure a carne em panela muito quente. Junte o caldo de carne aos poucos e deixe cozinhar em fogo baixo por cerca de duas horas. Retire a carne, adicione o resto do caldo e a marinada e deixe reduzir, coe e sirva quente. Tire o barbante da carne e fatie.

Almôndegas

60 ml óleo
170 g aipo em brunoise
450 g cebola em brunoise
170 g pão levemente torrado e picado
300 ml leite
2 kg carne moída
3 ovos
30 g parmesão ralado
30 g salsa
1/2 col. (chá) sal
1/2 col. (chá) pimenta-do-reino
1 col. (chá) orégano


Refogue as cebolas, aipo e o alho. Deixe esfriar e reserve. Em uma tigela grande misture todos os ingredientes, inclusive as cebolas. Misture bem. Forme bolas de aproximadamente 6 cm de diâmetro. Asse em forno pré-aquecido a 180 graus por 30 minutos, ou frite na frigideira.

Entrecote à la bourguignonne

2 kg contra-filé
100 g manteiga clarificada
300 ml demi-glace
300 ml vinho tinto
1 colher (chá) sal
1/2 colher (chá) pimenta-do-reino

Corte 5 bifes e tempere com sal e pimenta. Sele e dê o ponto de um de cada vez na frigideira quente com manteiga. Reserve os bifes em prato aquecido. Deglaceie a frigideira com o vinho e o demi-glace. Deixe reduzir a metade e sirva acompanhando os bifes.

Picanha no sal grosso

1 kg picanha
500 g sal grosso
1 molho de alecrim
150 g manteiga (opcional)
1/2 col. (chá) de pimenta-do-reino quebrada

Misturar o alecrim com o sal grosso, a pimenta e cobrir a picanha, com a gordura para cima. Levar ao forno pré-aquecido, por aproximadamente 20 minutos. Fatiar e servir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sobre a exposição Cuide de você


Transformando um pé na bunda em arte


“Recebi uma carta de rompimento.

E não soube respondê-la.

Era como se ela não me fosse destinada.

Ela terminou com as seguintes palavras: “cuide de você”.

Levei essa recomendação ao pé da letra.

Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta.

Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la.

Entendê-la em meu lugar. Responder por mim.

Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper.

Uma maneira de cuidar de mim”.

São com essas palavras que a artista plástica e escritora francesa Sophie Calle justifica sua exposição “Cuide de você”. Após levar um fora por e-mail do também escritor – e sedutor – Grégoire Bouillier, não sabendo ser aquele um adeus definitivo, ou se havia ainda uma porta aberta, e não tendo coragem de responder a mensagem, ela decidiu, três dias depois, mostrar a carta rompimento para 107 mulheres. Das mais diferentes profissões, para interpretar o texto: psicanalista, juíza, escritora, jornalista, atriz, cantora, consultora de etiqueta, delegada, jogadora de xadrez... O resultado incrível desse projeto esteve no SESC Pompéia, em São Paulo e de 22 de setembro a 22 de novembro estará no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador.

“Se ele tivesse voltado, eu teria preferido Grégoire”, disse Sophie na FLIP 209. Mas ele não voltou. E a exposição está fazendo o maior sucesso. Ainda na FLIP, Grégoire, no primeiro encontro oficial com Sophie, lembra aos literatos que não é proibido deixar alguém, e que todos têm o direito de amar e deixar de amar. Tudo bem, Grégoire, você teve todo o direito, ok?

Em junho de 2009, o escritor explicou à revista Marie Claire que a fidelidade exigida por Sophie deveria ser algo oferecida de livre e espontânea vontade. Não pode ser pedida, nem exigida. “Tem que partir de você, não do outro. No meu caso, ela se tornou um fardo quando passou a ser uma obrigação que a Sophie impunha, não uma vontade natural”, explica Bouillier. No final da entrevista, ele alfineta a ex. “Gostei muito de Sophie, mas, na verdade, tive outros relacionamentos que foram até mais importantes na minha vida”. No final desse escrito está o tal e-mail na íntegra.

Voltemos para a exposição. Algumas das interpretações se destacam. A subeditora-chefe, Sabrina Champenois escreveu: “O inferno, sem os outros. Amante rompe e afirma que motivo é respeito pelo pacto inicial. Honestidade ou covardia?”

A juíza X., que não quis se identificar, pergunta-se: “O que é um contrato? É um acordo voluntário entre duas pessoas, cujo consentimento deve ser livre e ciente, para criar certa situação e organizar de forma precisa as regras segundo as quais funciona”.

Françoise Gorog, psiquiatra, usa um lacanês só compreensível para psicanalistas – vide a foto.

A escritora de cartas, Rafaèle Decarpigny é enfática: “(...) Eu poderia expressar incompreensão, tristeza, raiva. Eu poderia lhe dizer que apenas o fato de responder essa mensagem seria demonstrar interesse demais. Eu poderia lhe dizer que poderia ter preferido uma “boa conversa aberta” (?) a essa prolixidade na qual você mergulha, como que para esconder a sua evasão e as “razões” para ela”.

A Condessa Aliette Eischer Von Toggenburg, consultora de etiqueta e protocolo, desdenha o e-mail, do início ao fim. Quando Grégoire escreve que gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente, ela dispara: “Sim, claro, culpe a sua mãe, o padre, o presidente, a Madonna, ter lido Don Juan, os tumultos na periferia e sei lá mais o quê”.

Para concluir, a interpretação da criminologista Michèle Agrapart-Delmas. Para ela, o autor do e-mail é incapaz de lidar com seus conflitos, sua escrita é evasiva, e ele quer projetar a imagem de uma pessoa bondosa que não sabe repelir. É somente a angústia, pela qual ele não pode ser responsabilizado, que o leva a escrever essa pequena obra de manipulação e dominação, além do autor ser orgulhoso, narcisista e egoísta. “Não há dúvidas de que a mulher para quem ele escreve o lisonjeava, mas ele não dá a mínima para seu sofrimento, para a frustração produzida pela dor que ele causa”.

São muitas as outras leituras do e-mail, outras tão instigantes quanto às citadas aqui. Vale muito conferir a exposição. Dói um pouco, também. Você já levou um fora por e-mail? Sim? Então faça como a Sophie e sublime. Sublime bem. É a melhor saída. Ah. Sophie disse que a exposição foi uma maneira de ganhar tempo antes de romper com Grégoire. Ela não havia entendido que, embora unilateral, o rompimento já havia ocorrido?

O e-mail em que Grégoire Bouillier rompe com Sophie Calle

"Há algum tempo, venho querendo responder seu último e-mail. Na verdade, preferia dizer o que tenho a dizer de viva voz. No entanto, vou fazê-lo por escrito.

Você já pôde notar que não estou bem ultimamente. É como se não me reconhecesse em minha própria existência. Sinto uma espécie de angústia terrível, contra a qual não consigo fazer grande coisa, exceto seguir adiante para tentar superá-la. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a 'quarta'. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as 'outras', não achando logicamente um meio de vê-las sem transformar você em uma delas.

Pensei que isso bastasse. Pensei que amar você e que o seu amor — o mais benéfico que jamais tive — seriam suficientes. Pensei que assim aquietaria a angústia que me faz sempre querer buscar novos horizontes e me impede de ser tranquilo ou simplesmente feliz e 'generoso'. Pensei que a escrita seria um remédio, que meu desassossego se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições nem sequer de lhe explicar o estado em que mergulhei. Então, nesta semana, comecei a procurar as 'outras'. Sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Nunca menti para você e não é agora que vou começar.

Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…). Com isso, jamais poderia me tornar seu amigo. Você pode, então, avaliar a importância de minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante de sua vontade, ainda que deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre os seres e a doçura com que você me trata sejam coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você do modo que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.

Mas hoje seria a pior das farsas manter uma situação que, você sabe tão bem quanto eu, se tornou irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.

Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide-se."

Grégoire