quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Fragmento do leitor 49

Manuel Nuñez
"(...) Ele bebeu de novo.
- O que há de mais maravilhoso é o mar, eu acho, o próprio mar - ou será a juventude? Quem sabe? Mas, e vocês aqui, vocês que tiveram as coisas que a vida pode dar, dinheiro, amor, tudo o que se pode ter em terra firme, me digam: não foi a melhor época aquela em que éramos jovens ao mar? Jovens e sem nada, no mar que nada nos dá em troca, só bordoadas e, às vezes, a oportunidade de testar nossa força, apenas isso... Não é daquela época que vocês sentem saudade?
Nós todos concordamos com ele: o homem das finanças, o homem dos negócios, o homem da lei. Todos concordamos com ele, em volta daquela mesa polida que refletia nossos rostos vincados, enrugados, rostos marcados pela fadiga, pelas decepções, pelo sucesso, pelo amor. Nossos olhos exaustos procurando ainda, procurando sempre, procurando ansiosos um sentido pra vida - sentido que, só por ser esperado, já se desvanece, desapercebido, num suspiro, num instante, levando a juventude, levando a força, levando o romance das ilusões."
      
Do conto "Juventude", de Joseph Conrad, tradução: Marilene Felinto & Heloísa Prieto, Ed. Max Limonad, São Paulo, 1985.

Enviado pelo leitor Humberto Pereira.

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