quarta-feira, 28 de julho de 2010

Era óbvia como o medo, mas arredia como a verdade


"Na verdade não era em nada daquilo que pensavam. O assunto principal era ela, Maria Inês. Sempre ela. Que pesava muito mais como ausência. Agora que viria, que chegaria no dia seguinte, virava uma espécie de exagero, de excesso de si mesma. Talvez assombrasse porque, podendo ser vista em carne e osso, podendo descer do limbo das idéias, corria o risco de desmistificar-se. Ou talvez fosse doer de fato. A conversa de Clarice e Tomás gravitava em torno de Maria Inês, ela sempre estava a distância de uma ou no máximo duas fáceis associações, mas nunca se nomeava. Era óbvia como o medo, mas arredia como a verdade".

(Sinfonia em Branco, Adriana Lisboa, p. 33)

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