sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Psicose e Zizek
"Cena e diálogo de Psicose:
- Senhora Bates – personagem chega por trás da mãe do matador, e vira-se uma figura horrenda sem olhos.
Zizek: Estamos na despensa no porão da casa da mãe em Psicose. É muito interessante observar a disposição de ambientes nesta casa. Os eventos se desenvolvem em três níveis: Primeiro andar, térreo, porão. Estes espaços reproduzem os três níveis da subjetividade humana. O térreo é o Ego. Norman se comporta ali como um filho normal, o que quer que reste de seu Ego normal no comando. Lá em cima está o Superego. O Superego moderno, pois a mãe morta é basicamente uma figura do Superego.
Cena 2 e diálogo de Psicose:
- Não, mamãe. Eu vou trazer algo.
- Lamento, menino, mas você fica realmente ridículo quando me dá ordens.
- Por favor, mamãe.
- Não, eu não me esconderei na despensa do porão. Você acha que eu sou suculenta, é?
Zizek: De modo que podemos interpretar o evento, no meio do filme, quando Norman carrega a mãe ou, como se descobrirá, a múmia, o cadáver, o esqueleto da mãe, do primeiro andar ao porão.
Cena 3 e diálogo de Psicose:
- Você não vai fazer isso de novo. Nunca mais. Agora saia.
- Eu te disse para sair, menino.
- Eu vou te carregar, mamãe.
Zizek: É como se ele a estivesse deslocando em sua própria mente, como instância psíquica, do Superego ao Id.
Cena 4 e diálogo de Psicose:
- Coloque-me no chão.
Zizek: É claro, trata-se da mesma velha lição elaborada por Freud, segundo a qual o Superego e o Id estão intimamente ligados. A mãe reclama primeiramente como uma figura autoritária. “Como pode fazer isso?”“Não se envergonha?” “Isto é uma despensa”. Então a cena imediatamente se torna obscena. “Você acha que eu sou suculenta?” O Superego não é uma instância ética. O Superego é uma instância obscena que nos bombardeia com ordens impossíveis e que ri de nós quando não conseguimos atender às suas demandas. Quanto mais obedecemos, mais ele nos faz sentir culpados. Há sempre algo de um louco obsceno na ação do Superego".
(The pervert´s guide to cinema, Zizek)
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Vi o documentário e gostei. Jijek é o máximo.
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