domingo, 14 de março de 2010

Sem acesso


"(...) sempre que Nina se dirigia a ele, era ausente, como se cumprisse uma obrigação, mas não visse ao certo quem se achava diante dela. "Sinto-o, disse-me ele, que eu poderia começar qualquer assunto, e ela me responderia do mesmo modo, sem nem ao menos saber o que dizia, pois a verdade é que nunca está presente quando fala". Sim, eu compreendia, porque eu própria já notara essas fugas, esse espaço onde as palavras escorregam, sem forças para fixarem um assunto. Ela seria assim, estaria representando, ou verdadeiramente trafegava num mundo onde jamais teríamos acesso?"


(Crônica da casa assassinada, Lúcio Cardoso, p. 245)

Um comentário:

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