quarta-feira, 17 de março de 2010

Maria Adelaide Amaral, sempre


"- (...) você podia ter sido qualquer coisa: arquiteto, poeta, cineasta, artista plástico... (Lena)
- Mas não fui nada. Não persisti em nenhuma atividade. Nada do que eu fiz foi realmente notável. (Léo)
- Não, você emprestou seu olhar para ver melhor o que me cercava.
- Mas nem assim você percebeu que eu te amava. Nem assim você percebeu que a minha mãe olhava feio para você porque ela sabia que eu tava apaixonado, que eu tava nas tuas mãos. Se você quisesse. Mas você não quis.
- Eu só me apaixonei pelos homens que eu podia magoar.
- Eu não me importava de ter sido magoado por você.
- Mas eu me importava. E eu ainda me importo. Léo, você é meu melhor amigo, meu irmão. Afeto assim é muito raro, é muito precioso para o sexo botar tudo a perder.
- Por que o sexo ia botar tudo a perder?
- Porque o sexo subverte. Tira a espontaneidade, cria expectativas, confere poder. Não gostaria de te odiar, só porque você não fez o que eu esperava ou que não disse aquilo que eu queria ouvir.
- Mas isso não ia acontecer nunca.
- Ia sim, Léo. Ia sim. Nós somos humanos".

(Da série de TV Queridos Amigos, de Maria Adelaide Amaral)

5 comentários:

  1. Olá Vanessa, muito bom este diálogo, pois retrata nossos medos e inseguranças e, principalmente o medo de ser feliz.
    Beijos

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  2. *-* viciante...

    Sensacional o diálogo!!!
    "- Não, você emprestou seu olhar para ver melhor o que me cercava."
    ... Aliás, seus destaques são coerentes!!!

    Abraços!

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  3. "Ia sim, Léo. Ia sim. Nós somos humanos".
    Ameeeei >.<

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