quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sempre Caio F.


"Fiquei todo abalado com o teu De braços abertos. Fiquei com perguntas assim: será que isso que a gente chama de amor se passa sempre fatalmente em dois níveis? O da fantasia, da emoção real, poética — e o da realidade que descamba para a agressividade, para a dureza? Por que, na segunda-feira, eles (nós) não revelam a carência do fim de semana e se dizem coisas duras? Realmente, por que, afinal? Se não seria mais fácil se a verdade pudesse fluir? Um pouco mais além: mas será que a verdade poderia mesmo fluir? Será que verdade e fluência não se opõem, contrapõem? E coisas como: amor existe mesmo? Ou só existe o permanecer de braços abertos, como no sonho de Luisa (esse sonho podia perfeitamente ser meu), pronto (a) a receber alguém que nem sequer chega a tomar forma? E quando alguém, no plano real, toma forma, a gente imediatamente projeta toda aquela emoção presa na garganta do sonho. E fatalmente se fode, porque está tentando adequar/ajustar um arquétipo, uma imagem de toda a nossa infinita carência, nossa assustadora sede, a uma realidadezinha infinitamente inferior".

(Caio F. em carta para Maria Adelaide Amaral)

Um comentário:

  1. Moça bonita-que-entende-de-cozinha e ainda é chegada numa psicanálise? UAU. Quanta coisa. Vi que vc me segue no blog, como me encontrou? Ao acaso?

    Simpatizei muito com esse lugar, me senti em casa. Quando tiver mais tempo venho ler e comentar, acho q temos algumas figurinhas a trocar.

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