quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
O último de 2009
"Palavras não descrevem os olhos, as bocas, os braços e abraços, nem a alegria até então desconhecida, surgida de um (re) encontro. Pra quem, há dias atrás, refletia tanto as obras do acaso, hoje compreende que realmente, o acaso não passa de um simples nada, e acredita em algo bem maior que isso. Que levará à um próximo reencontro, sem sombra de dúvidas. Mas até lá, todas as músicas cantadas estarão na mente, todos os sorrisos que ainda não acreditavam no que estava acontecendo, todos os olhares que transpareciam toda a magia do momento".
(Caio F.)
Música de ano novo
BISCOITO SALGADO
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (chá) de fermento em pó
2 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado
1 pitada de açúcar
50gr de manteiga amolecida
3\4 de xícara (chá) de leite
Manteiga derretida para pincelar
Gergelim, orégano ou parmesão para salpicar
Em uma tigela, coloque a farinha de trigo, o fermento, o queijo e o açúcar. No centro, coloque a manteiga e o leite.
Aos poucos, incorpore os ingredientes ate obter uma massa bem uniforme. Cubra e deixe descansar na geladeira por 1 hora.
Abra a massa sobre uma superfície enfarinhada e, com auxilio de um cortador, recorte os biscoitos, separados entre si, pincele com manteiga e salpique o ingrediente escolhido.
Leve ao forno médio pré-aquecido por, aproximadamente 20 minutos.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Faça Um Pedido
Faça Um Pedido
Composição: Dalto
Faça um pedido
Jogue a moeda na fonte comigo
Quem sabe o amor dirá que sim, que sempre
Esperava por nós ali
Basta um desejo
Basta um beijo sem nenhum motivo
É só acreditar no amor, pra sempre
Que o céu saberá te ouvir
Noites de ilusão, dias de ter medo
Já tem demais por aí
Noites de verão, dias sem segredos
Não tente inventar outro amor sem mim
Cruze os dedos
Feche os olhos e venha comigo
Quem sabe o amor dirá que sim, que sempre
Esperava por nós aqui
PS: Não sei quem é o cara da música, mas combinou com a foto.
Coisas que eu adoro: psicanálise - I
"A minha alma gêmea é sempre um problema. Se buscamos a igualdade, mais cedo ou mais tarde fazemos uma luta mortal. Eu usaria outra expressão popular: 'quem ama o feio, bonito lhe parece'. Eu preciso da diferença. À medida que eu estabeleço a relação amorosa, tendo a me aproximar, atribuindo ao parceiro coisas que ele não é".
(Aurélio de Souza, psicanalista baiano)
Literatura - II
"Adriana, pode-se dizer que é uma mulher de livros. Dorme cercada por eles, espalhados na cama. Hábito que adquiriu ainda criança, incentivada pela enorme bilblioteca da casa e sua péssima saúde respiratória - não tinha muito o que fazer além de ler. (...) percebendo que a elegância está diretamente ligada à leitura. Acima de tudo, não se sente mais integrada à sua natureza do que quando tem um livro nas mãos".
(Fernanda Young, último livro)
Música - III
Gastronomia - IV
Sequilhos
2 x. polvilho doce
1 x. farinha de trigo
1 pitada de sal
1 col. (chá) de fermento em pó
1/2 x. de manteiga derretida
1 x. açúcar
2 ovos
Sobre uma tigela, peneire três vezes o polvilho com a farinha, o sal e o fermento. Faça uma depressão no centro da mistura. Junte a manteiga derretida e misture com os dedos até umedecer o polvilho. Adicione o açúcar. Na batedeira, em velocidade alta, bata os ovos por cinco minutos ou até aumentar de volume. Acrescente à mistura ao polvilho. Com 1/2 col. (chá) de massa faça uma bolinha de cada vez e vá arrumando-as em uma assadeira grande untada com manteiga. Com um garfo polvilhado de farinha, achate ligeiramente as bolinhas de massa. Leve ao forno moderado (180 graus), preaquecido, por 20 minutos ou até dourar ligeiramente a parte de baixo. Deixe amornar por 10 minutos e transfira para uma grade para esfriar completamente. Sirva. Rende 150 sequilhos.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Bolo Marmorizado
Ingredientes:
1 xícara de margarina em temperatura ambiente (não gelada)
2 xícaras de açúcar
2 xícaras de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
4 gemas
4 claras batidas em neve
casca ralada de 1 limão
1xícara rasa de Chocolate Nestlé em pó
margarina para untar
Modo de fazer:
Bata as gemas com o açúcar, junte a margarina derretida (e já fria) e bata até obter um creme fofo.
Misture a farinha com o fermento e, por último as claras batidas em neve, mexendo sem bater.
Divida a massa em 2 partes iguais: numa misture o Chocolate em pó Nestlé. Na outra, que é a massa branca, misture a casca ralada do limão.
Unte muito bem uma forma com margarina e polvilhe com farinha. Forre com metade da massa branca e coloque a massa de chocolate com o auxílio de uma colher. Coloque o restante da massa branca, despejando do alto, para cair sobre o chocolate e mesclar. Asse em forno médio.
Receita roubada de: http://tricollage.blogspot.com/2006/09/receita-do-bolo-marmorizado.html
Um escritor
Uma escritora
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Uma música
"E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero
Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz
Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo:
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei".
(Renato Russo)
Um episódio
Ela entende do assunto
domingo, 27 de dezembro de 2009
Arroz cremoso
Ingredientes
2 col. (sopa) de azeite
1/2 cebola picada
1 dente de alho picado
1 alho-poró cortado em fatias
1 tomate picado, sem pele e sem sementes
1 x. (chá) de ervilhas frescas
2 x. (chá) de arroz lavado e escorrido
1 envelope de caldo de legumes
6 x. (chá) de água fervente
1/4 x. (chá) de creme de leite
50g de queijo parmesão ralado
2 col. (sopa) de salsinha picada
Sal a gosto
Preparo
Numa panela aqueça o azeite, e doure a cebola e o alho. Junte o alho-poró, o tomate e a ervilha. Acrescente o arroz e refogue por mais cinco minutos. Adicione o caldo, a água e o sal. Cozinhe em fogo brando até o arroz secar. Desligue o fogo, e misture o creme de leire, o queijo ralado e a salsinha. Sirva em seguida.
Torta de maçã - fiz hoje
Ingredientes
250g farinha de trigo
1 col. (chá) de sal
125g manteiga
3 col. (sopa) de água gelada
Quanto baste de raspa de limão
Recheio
1 kg maçãs
1 e 1/2 col. (sopa) de farinha de trigo
1 e 1/2 col. (sopa) canela em pó
150g açúcar
150g passas sem caroço
Quanto baste de raspas de limão e noz moscada
Massa
1- Peneirar a farinha de trigo, sal e açúcar juntos
2- Misture a manteiga gelada em cubos, usando as pontas dos dedos, até obter uma farofa
3- Adicione a água gelada lentamente
4- Acrescentar as raspas de limão
5- Enrole em filme plástico e leve à geladeira
Recheio
1- Descasque as maçãs e corte em quadradinhos
2- Coloque-as em um recipiente e tempere com açúcar, farinha de trigo, canela e noz mosada. Reserve.
3- Em uma forma para torta, abra a massa e forre a forma, reservando outro disco de massa.
4- Distribua as maçãs sobre a massa.
5- Cubra a massa com outro disco de massa apertando bem as bordas.
6- Efetue cortes com a faca.
7- Leve ao forno pré-aquecido a 200 graus.
8- Sirva com sorvete de creme - opcional, eu não servi pois meu freezer estava cheio demais para o pote de sorvete :P
...
sábado, 26 de dezembro de 2009
É hora
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Maria Adelaide Amaral - I
"- Posso abrir a porta para você entrar?
Luísa começou a rir, ridicularizando meu gesto, fazendo-me sentir um idiota. (...)
- Quem você pensa que é? A Grace Kelly?
- Não - disse Luísa, apagando o sorriso.
- Eu estava apenas querendo ser gentil.
- Você é muito gentil mesmo sem abrir a porta do meu quarto - e deu-me um beijo rápido no rosto.
- Luísa entrou no carro, teve um movimento de hesitação antes de dar a partida, olhou para mim do lado de fora e disse apenas "tchau", deixando-me sozinho no estacionamento vazio, perfeito cenário para Antonioni rodar uma longa e angustiada cena com a Mônica Vitti em primeiro plano. Mas eu não era Mônica Vitti, estava no Brasil, e precisava fazer alguma coisa antes que aquela mulher me enlouquecesse".
(Luísa (Quase uma história de amor), Maria Adelaide Amaral)
Maria Adelaide Amaral - II
"Foi o começo de um romance banal. (...) E ele sussurrava "diga: nunca vou te deixar, nunca..." E eu respondia: "nunca, nunca..." Promessas sinceras, mas as palavras, você sabe, só têm importância no momento em que são ditas. (...) E saiu da minha vida como entrara: com flores e um cartão. Em resumo: nada muito original.
- A paixão tem que ser original?
- Não há nada muito original na paixão. As pessoas quase sempre fazem e dizem as mesmas coisas. Com pequenas variações.
- Em resumo: a paixão é perda de tempo.
- Perda de tempo é viver sem paixão".
(Estrela nua, Maria Adelaide Amaral)
Maria Adelaide Amaral - III
"- Há dois tipos de pessoas - deve haver mais, infelizmente que eu não conheço. Gente como a Raquel, que aproveita o melhor de cada relação e gente como eu, que não consegue superar ressentimentos. Lembra daquela música do Cartola, que diz num determinado momento "de cada amor herdararás só o cinismo"? É isso aí, Ivan. Eu só consigo ser melhor quando tudo dá certo. Quando não dá, como aconteceu com a gente, o que fica é um travo de fel, é uma coisa muito amarga.
- Que pena pra você porque para mim o que ficou foi puro mel.
- Me faz bem ouvir isso de você - disse Lena, apertando sua mão.
- Na hora que você começou com o Cartola eu tinha certeza que a gente ia terminar com Lupicínio. Você não sabe como eu odeio esse tom de "Podemos ser amigos simplesmente".
(Aos meus amigos, Maria Adelaide Amaral)
Maria Adelaide Amaral - IV
"Muitos anos antes, porém, quando por alguma razão Bruno não ligava, Ana perdia a fome, o sono, tinha fantasias de abandono, os olhos ficavam opacos, o rosto murchava, o vigor lhe escapava por todos os poros. Ana, que abominava essa dependência e sujeição, amaldiçoava o dia em que tinha se apaixonado por ele. Muitas vezes tentou se munir de forças para o extirpar de dentro dela, porém jamais conseguiu fazê-lo. Bruno era a fonte de seus males, mas também o de sua vitalidade e alegria; sem ele não havia futuro, o passado empalidecia e o presente era treva gelada.
- Acabou - Ana dizia para si mesma nessas ocasiões. - Acabou - repetia, decretando o fim de seu insuportável sofrimento. Mas, então, subitamente, o telefone tocava e a voz de Bruno tornava a vida possível outra vez.
- Sentiu minha falta? - ele sempre perguntava depois de uma ausência.
- Hum-hum - ela respondia, econômica, embora sua vontade fosse confessar que morrera à míngua, ele era o ar, a água, o fogo e a terra, e bastava ele dizer "alô" para que sua vida se transfigurasse imediatamente. Com Bruno era mais fácil dormir e acordar, mais agradável escrever e recordar e a música, as evocações e a paisagem ficavam mais nítidas, e tudo a mobilizava para o admirável ato de viver".
(O Bruxo, Maria Adelaide Amaral)
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Ouvindo no carro hoje
Preciso Me Encontrar
Cartola
Composição: Candeia
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir prá não chorar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Cartola
Composição: Candeia
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir prá não chorar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Ins-pi-ra-ção - por Erica Jong
"Eu buscava inspiração, não relacionamentos - o que quer que sejam. Tudo com que eu podia lidar era relação-barco ou relação-prancha de surfe. Tinha de chegar em casa depressa e escrever tudo. Esse era, afinal, o objetivo. Além do mais, eu não queria ser decepcionada por um homem mortal. Eu queria um "muso" que, por definição, aparece somente nos momentos de êxtase e nunca tem a oportunidade de decepcionar. Ele é o príncipe que pode reverter a um sapo se você o acolhe, o Ulisses que pode reverter a um porco. Se você não se demorar por ali, nunca ficará sabendo. E terá o poema".
(Medo dos Cinquenta - a verdade é ainda mais louca que a ficção, Erica Jong)
Frases soltas
Freud e seus chistes
Hoje faz 70 anos que Freud morreu.
Para quem não sabe, ele era bem chistoso.
Quando seus livros foram queimados, em Viena, pelos nazistas, em fogueiras cívicas, ele disse: "Que progresso! Na Idade Média queimariam seu autor".
Quando policias nazistas invadiram sua casa, levando 300 libras guardadas em um cofre, Sigmund exclamou: "E eu, que nunca recebi tamanhos honorários por uma visita médica".
Quando, partindo de Viena, obrigado pelas autoridades austríacas a declarar que foi bem tratado pelos nazistas, Freud escreveu em um documento: "Não tenho o menor motivo de queixa. De todo coração, posso recomendar a Gestapo para qualquer um".
E, finalmente, quando foi acolhido na Inglaterra - após fugir dos nazistas, contemplou o belo jardim da casa que haviam destinado a sua família e exclamou, como se agradecesse a seu carrasco: "Quase estou tentado a gritar 'Heil Hitler'!".
Só porque é linda
“Você foi!
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi!
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples prá mim…
Você foi!
O maior dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez…
Você foi!
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi!
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu…
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez…”
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Identificazzione di una donna
"Nós tínhamos uma coisa que chamo de 'identificazzione di una donna'.
Era uma aproximação de alma que rolava comigo, com você (...)
pessoas sensíveis, que têm uma alma parecida.
As coisas que a gente escolhia para enxergar nesse mundo
eram parecidas.
Apontávamos para os mesmos lugares..."
(Caio F.)
Imagem: Los Abrazos Rotos
O óbvio ululante
Se...
Objeto parcial
Lado B
"Os homens tem sempre uma vida dupla. Eles tem sempre um lado B. É por isso que eles são sempre mais distantes da vida concreta do que as mulheres. As mulheres tem uma relação com o aqui e o agora que lhes permite lidar com uma série de situações diante das quais o homem é muito mais incapacitado porque ele tem uma presença constante do lado B. E não é só o lado B sexual, o lado B de qualquer coisa, o lado B do devaneio do que ele poderia ter sido, vir-a-ser, ou simplesmente ser. Se as mulheres soubessem o que se passa na cabeça de um homem, inclusive no momento em que ele está transando com ela, eu acho que elas levantariam da cama ultrajadas".
(Contardo Calligaris)
Rodeios
Vem
"[...] Então eu quero que você venha para deitar comigo no meu quarto novo, para ver minha paisagem além da janela, que agora é outra, quero inaugurar meu novo estar-dentro-de-mim ao teu lado… Vem para que eu possa acender velas na beirada da janela, abrir armários, mostrar fotografias, contar dos meus muitos ou poucos passados, futuros possíveis ou presentes impossíveis… Vem para que eu possa recuperar sorrisos, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida. Porque nada mais sou, além de chamar você agora… Porque não, porque sim, vem e me leva outra vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde existe um verde imaginado, encantado, perdido. Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano de onde viemos os dois”.
(Caio Fernando Abreu)
sábado, 19 de dezembro de 2009
Conto - meu - paz e desespero
Por Vanessa Souza
Para ler ao som de Hay Amores, Shakira
Um jardim de margaridas
- Não acredito como vivi todo esse tempo longe de você.
- Mas viveu. Vivemos – ela respondeu, suspirando longamente.
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(Re)encontraram-se ao acaso. Eles, que não acreditavam em acaso. Nem em Deus. No aeroporto. Num dia qualquer, da semana. Ele ia, ela voltava. Eles nunca tiveram o mesmo tempo. Quando ela avançava, ele recuava. E vice-versa.
Encontraram-se num aeroporto, 13 anos depois da última vez. Número emblemático, Luísa pensou. Ela, que adorava filmes de terror. E esse fantasma aparece em sua frente.
Esbarraram-se no aeroporto. Em frente ao McDonald´s. Ela, apressada, como sempre. O tempo não os mudara tanto fisicamente. O (re)conhecimento foi rápido. Rápido Stanley também era, para a maior parte das coisas.
- Luísa– num rápido gesto espontâneo abraçou-a forte.
Ela não esperava. Óculos, bolsa, livro, tudo foi ao chão.
- Stan ... Quanto tempo! – abraçou-o com mais delicadeza. – Preciso ir ao banheiro, um minuto.
Ele ajudou-a a juntar as coisas no chão.
Luísa entra no banheiro tremendo. Fantasiou tanto aquele encontro, de tantos jeitos, com tantas roupas, tantas frases inteligentes e lá estava ela, encostada na porta do banheiro do aeroporto, sentindo-se emparedada, com uma taquicardia tremenda. Respirou fundo, olhou-se no espelho. Estava bem mais bonita do que da última vez em que o vira. Isso deu coragem o bastante para sair do pequeno cubículo e encará-lo.
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Ele a esperava lá fora. Ela sorriu. Ele sorriu. Abraçaram-se de novo. O abraço mais apertado do mundo, o melhor de todos. Luísa sentiu-se atirada violentamente ao passado. Passado sempre presente. Ela nunca havia exorcizado Stan de todo. Parecia que a recíproca era verdadeira. Ele estava aturdido com a aparição.
Decidiram (re)marcar os vôos para mais tarde, e foram caminhar na praia. A vida poderia esperar umas horas.
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Tomaram sorvete, andaram na areia, lembraram de coisas engraçadas, sérias e tristes.
- Fui eu quem te deu o livro que estás lendo – disse ele, referindo-se ao livro que ela tinha em mãos no aeroporto.
- Não foi.
- Eu te dei esse livro – Josh insistiu.
- Não deu, Stan. Ia me dar. Por algum motivo, para me punir talvez, não me destes. Eu comprei e o perdi. Precisava dele na semana passada, e achei um exemplar no sebo – explicou.
- Tinha certeza que havia te dado.
- Memória inventada – respondeu ela.
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Falaram de livros, filmes, do que fizeram nos últimos anos. Coisas demasiado sérias e bobagens tremendas. Surpreenderam-se por suas vidas terem se aproximado tantas vezes, e não terem se encontrado antes. Era preciso uma colisão, uma explosão. E alí, sentados olhando para o mar, sentiram-se em paz.
Deixaram a praia horas depois, com grande relutância. Havia muito a ser dito. A palavra certa sempre foge, escapa. Como eram aqueles dois. A angústia do nunca-mais-se olharem-nos-olhos-outra-vez, foi violenta. Com um leve desespero, cada um foi para seu lado. Havia um jardim de margaridas ali. Paz e desespero. A história não tem fim. Doces fantasmas sempre podem (re)aparecer. Em uma sexta-feira treze. Ou a cada treze anos.
Sorry, não gosto de natal
"Era aquela semana chata e arrastada depois do Natal, quando o alívio de já ter passado a festa quase compensa a dureza do tempo miserável. O Natal sai de cima da gente, como um peso de 100 quilos no peine fort et dur - a encantadora tortura medieval imposta às feiticeiras na velha e alegre Alemanha do século dezesseis. Sim, ainda há a tortura do Ano Novo pela frente - outra tortura medieval - mas logo toda a pseudo-alegria terá passado, e a vida recomeçará em toda a sua maravilhosa normalidade. Muitas vezes Isadora achava que algo dentro dela se regia por solstícios e equinócios. Devia ser assim com todas as pessoas sensíveis, ou talvez ela fosse mesmo uma feiticeira. Ficava deprimida pouco antes do Natal, quando o sol estava no seu ponto mais afastado da terra, e alegrava-se imediatamente depois, quando começava a retornar".
(Páraquedas & Beijos, Erica Jong)
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
A outra vida de Catherine M III
"Uma das vantagens do sonho é a perfeita impunidade da qual nos beneficiamos, quaisquer que sejam as atrocidades que cometamos ou a indecência que demonstremos. Eu estava tão mergulhada na atmosfera da minha obsessão que não vi, imediatamente, a que ponto Jacques estava magoado com a minha intromissão nos seus papéis mais íntimos e com a minha hermenêutica aleatória sobre seus livros. Era como se eu estivesse vasculhando o seu inconsciente".
(A outra vida de Catherine M., Catherine Millet)
A outra vida de Catherine M II
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