“Eu estava menos triste que de costume, porque a melancolia de sua expressão, a espécie de clausura que a violência da cor punha em torno dela e o resto do mundo, lhe davam alguma coisa de infeliz e solitário que me tranqüilizava. Parecia aquele vestido a materialização dos raios escarlates de um coração que eu talvez pudesse consolar; refugiada na luz mística do tecido de ondas mansas, fazia-me pensar nalguma santa das primeiras épocas cristãs. Tinha então vergonha de afligir aquela mártir com a minha vista. “Mas afinal de contas a rua é de todo mundo”.
(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 3 - O caminho de Guermantes.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 109)
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Como sempre, Vanessa, textos brilhantemente escolhidos e que já fazem parte de minhas leituras matinais. Excelente semana para você.
ResponderExcluir"mas afinal de contas a rua é de todo mundo"...
ResponderExcluirBjs!