segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Parecia aquele vestido a materialização dos raios escarlates de um coração

“Eu estava menos triste que de costume, porque a melancolia de sua expressão, a espécie de clausura que a violência da cor punha em torno dela e o resto do mundo, lhe davam alguma coisa de infeliz e solitário que me tranqüilizava. Parecia aquele vestido a materialização dos raios escarlates de um coração que eu talvez pudesse consolar; refugiada na luz mística do tecido de ondas mansas, fazia-me pensar nalguma santa das primeiras épocas cristãs. Tinha então vergonha de afligir aquela mártir com a minha vista. “Mas afinal de contas a rua é de todo mundo”.

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 3 - O caminho de Guermantes.Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 109)


2 comentários:

  1. Como sempre, Vanessa, textos brilhantemente escolhidos e que já fazem parte de minhas leituras matinais. Excelente semana para você.

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  2. "mas afinal de contas a rua é de todo mundo"...
    Bjs!

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