quinta-feira, 7 de outubro de 2010

é preciso tapar os buracos da memória com a estopa que se dispõe


"Mas de todo modo, entre as coisas que a gente se lembra e as de que não se lembra, entre as que conhece e as que desconhece, é preciso tapar os buracos da memória com a estopa que se dispõe. E talvez qualquer tentativa de conhecer o outro seja sempre isso, nossas mãos moldando tridimensionalidades, nosso desejo e a incompetência montando um álbum de colagens para fazer levantar dali um morto, um amigo, um amante misterioso que quando clareia o dia vai para a janela e fica contemplando o nada, sem dizer uma palavra. Um filho por demais arredio, um professor lacônico, um colega de trabalho sem senso de humor, que olha sério dentro dos nossos olhos quando contamos uma piada irresistível. As pessoas que desconhecemos ou estranhamos. Todas as pessoas".

(Azul-corvo, Adriana Lisboa, Ed. Rocco, p. 129)

7 comentários:

  1. Ferrou, então...não tem estopa no mundo que dê jeito no estrago que fiz aqui. =\

    ℓυηα

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  2. Para viver bem e sem tantos aborrecimentos haverá de haver muito estopa mesmo!
    bjssssssssss

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  3. Ainda não conseguir tapar os buracos da memória. ;~

    Beijos :*

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  4. Compreendo tão bem este texto querida!

    "A estima vale mais do que a celebridade, a consideração mais do que a fama, a honra mais do que a glória" Chamfort

    um grd beijo!

    Zil

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