sexta-feira, 12 de março de 2010

E ele acreditou nisto - quando escreveu



“Mas não vou ceder. Foi a última paixão. Paixão é o que dá sentido à vida. E foi a última. Tenho certeza absoluta disso. Agora me tornarei uma pessoa daquelas que se cuidam para não se envolver. Já tenho um passado, tenho tanta história. Meu coração está ardido de meias-solas. Sei um pouco das coisas? Acho que sim. Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. Certo, certo: ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo, pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora. Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim. E eu passei tanta coisa dura. Rita Lee canta “são coisas da vida…”.

(Carta de Caio F. para Jacqueline Cantore, SP - 18-04-85, de Caio Fernando Abreu - Cartas, organizado por Italo Moriconi, p. 131)
*Discurso meio obsessivo-vitimado, né, Caio? Mas ele sempre vale a leitura.

Um comentário:

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