"(...) Ele era tão bonito. E me enfeitiçava. Não posso dizer que a minha relação com o Caio tenha sido um conto de fadas, aliás, muito pelo contrário. Estava mais para um conto de Caio F., e os escritos dele eram muito mais quentes, úmidos e bem mais salgados que as histórias infantis; ademais, nem ele nem eu usávamos sapatinhos de cristal. Ele apareceu de repente na minha vida, partiu muito cedo, mas tivemos tempo suficiente para nos conhecermos profundamente em todos os sentidos. (...) Caio era calado, pensava em cada palavra que ia dizer, e eu era o oposto: falava demais. Imagino que isso devia ser uma tortura para ele. Para mim, era. Eu tinha sempre muitas perguntas e recebia poucas respostas. Já disse uma vez sobre a obra do Caio: "Somos tragados pelos seus contos desde a primeira linha", e acontecia o mesmo nas relações pessoais com ele. Fossem de amor, de amizade ou de trabalho, éramos sempre tragados para a teia de Caio F. Eu fui e gostei. Não havia meio-termo para ele, que amava muito e odiava com a mesma intensidade".
Celso Curi sobre Caio F. - Para sempre teu, Caio F. de Paula Dipsexta-feira, 14 de agosto de 2009
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