segunda-feira, 5 de abril de 2010

Entrevista - Tatiana Salem Levy


A Tatiana Salem Levy saiu ontem no O Globo, numa entrevista muito bacana. Eu a vi no ano passado, na FLIP, e gostei muito dela.

Abaixo, uns trechos. O livro mais conhecido dela é "A Chave de Casa". Quem escreveu a matéria foi a Luciana Pessanha.

Você acha que a literatura estraga as pessoas ou elas procuram a literatura quando já estão estragadas?
R: As duas coisas. Você já nasce estragado. Então, já chega estragado na literatura, e a literatura vai te estragando mais.

Embora você seja doutora em letras, o seu livro está distante do academicismo. Houve esforço para fugir dele?
R: Consigo ser mais verdadeira, fazer o que realmente quero, quando escrevo ficção. Não tem nada a ver comigo fazer uma ficção teórica, muito pensada.

Tudo o que estudou não tem reflexo na sua escrita?
R: Inconsciente deve ter. Porque, de certa forma, tudo o que você viveu, viu, leu está ali quando está escrevendo. Sempre que você escreve é um diálogo com a tradição literária. Nesse sentido existe um diálogo, mas com os textos de ficção.

Existe um choque de mundos entre o do livro que se está escrevendo e o real?
R: Fico muito em acsa, e quando saio é um choque. É como se fossem dois mundos - e o mundo de fora te parece o estrangeiro. O mundo que você está escrevendo te parece mais o seu mundo.

(...) De forma geral, o escritor, hoje, tem que aparecer mais. Não necessariamente fazer performance, mas os festivais literários fazem parte disso. Neles o escritor se mostra: "Olha, eu existo. Fui eu que escrevi, sou assim..." Elas compram mais o livro quando veem que o escrito existe, como ele pensa, como fala...

(...) O Guimarães Rosa diz que "viver é muito perigoso". Escrever é muito perigoso.

É bom escrever com companhia, não é?
R: Escrever é bem solitário. Às vezes eu queria ter um emprego de verdade, com carteira assinada. Até pra pensar menos. Porque o dia inteiro em casa, você acaba pensando demais na vida.

3 comentários:

  1. 'Porque o dia inteiro em casa, você acaba pensando demais na vida.'
    foi EXATAMENTE isso que me aconteceu esse feriado de Páscoa haah
    tive uma overdose de pai e mãe, pensei demais na vida
    e acabei sofrendo mais.
    talvez a gente precise de alguma 'alienação' para parar de sofrer? ;s

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  2. Eu li a entrevista ontem. Não sei por que ela me incomodou tanto. Aliás, sei, mas não ouso admitir: fala da carreira que abandonei, talvez por não ter apostado tão alto quanto ela. Inegável seu talento; porém melhor que escrever foi sua capacidade de tentar sobreviver como escritora num país como o nosso. Acho q foi inveja, sabe? Pronto, falei. rs

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