sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eu tinha construído um leque de fantasias


"Nas minhas caminhadas pela praia, muitas vezes eu imaginava meu reencontro com Luísa e ela sempre pedia perdão. Eu não exigia esse perdão, ao contrário, ele pesava na cena, mas era inevitável. Luísa insistia em que a perdoasse e lamentava não ter podido me amar. Em certos dias, ao crepúsculo, quando a briva soprava do leste anunciando um dia seguinte radioso, eu via sua longa silhueta caminhando ao meu encontro, os pés nus chapinhando na água, enquanto Argos latia amistosamente para ela. Luísa vinha para ficar. Mas a noite caía densa e escura e apenas Argos e minha solidão eram reais. Eu tinha construído um leque de fantasias para aquele reencontro e em todas elas Luísa me recebia com calor e saudade. Entretanto, ela foi apenas polida e condescendente".

(Luísa (Quase uma história de amor), Maria Adelaide Amaral, p. 102)

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