“Exatamente por visar a algo fora das formas preestabelecidas, do que se vê e se entende, a paixão pode nos levar além do mundo dos bens, das figuras do cotidiano. Convive com a violência de um “perder-se de si”, impossível de ser apreendido pela emoção, sempre desencadeada e mantida por uma imagem-guia. Perder-se de si é romper com as imagens a partir das quais alguém se reconhece e se orienta na vida, tudo o que, por identificação imaginária, especular, confere identidade. No topo dessa lista encontraremos nosso próprio corpo, e a paixão se mostra capaz de nos fazer esquecê-lo. Sem caber em minhas próprias roupas, sem me reconhecer no espelho, encontro, no desespero dessa condição, o limite no qual o “isso”, aquilo que não consigo nomear em mim ou no parceiro, motor da paixão e sempre fora de cena, se apresenta (p. 20).”
(VIEIRA, Marcus André. A paixão. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.)
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
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Lindo!! esse incrivel pulsar da alma... :)
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