"Talvez não seja bom, para um menino, viver num clima sentimental muito doce; o coração não se faz aí aguerrido. Marcel Proust sofreu da impossibilidade de reencontrar alhures o abrigo tão terno e tépido do amor que por ele haviam tido sua mãe e sua avó. Formado por um grupo onde as menores nuances eram percebidas, nele adquiriu a polidez e a graça, uma sensibilidade extremada, mas também uma aptidão singular para sofrer, desde que não fosse mais tratado com essa afeição vigilante; e um medo de ferir, de fazer sofrer, que ia ser uma fraqueza nas batalhas da vida."
(André Maurois in: Em busca de Marcel Proust. Ed. Siciliano, p. 22)
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Há pessoas assim:um talento para o sofrimento.
ResponderExcluirNo caso de Proust,ainda bem que sobravam-lhe outros talentos!!!
Um beijo!
Sonia Regina
"uma sensibilidade extremada, mas também uma aptidão singular para sofrer, desde que não fosse mais tratado com essa afeição vigilante; e um medo de ferir, de fazer sofrer, que ia ser uma fraqueza nas batalhas da vida."
ResponderExcluirMe identifiquei! ^^
Só se for na vida porque na literatura ele derramou sangue de gente inocente...
ResponderExcluirVc me abandonou...
Pq?
Lacan, de memória (e errado): por que será que o primeiro amor nunca chega na hora certa? É amor de menos, no caso da histérica, ou amor demais, no caso do obsessivo.
ResponderExcluirSe não fosse dessa maneira,teria porventura escrito os sete volumes de "Em busca do tempo perdido" com a genialidade,sensibilidade e lirismo inerentes à obra?
ResponderExcluirNaquela época havia essa dicotomia entre o ser/estar feliz e o ser artista.Quero crer que isso hoje já tenha sido superado.