terça-feira, 29 de novembro de 2011

Momento nostalgia-pura-proustiano - sobre meu TCC de jornalismo

14 de novembro de 2003, Univali (Itajaí/SC). Dia da banca do Trabalho de Conclusão de Curso com meu professor orientador (e por tantas vezes, analista) José Isaías Venera. Foto péssima porque a minha falecida (Lacan a tenha!) Sony Mavica com disquete tinha uma resolução ruim, ruim - boa demais para a época.

Muitos anos (e tantos livros e filmes e mudanças de casas e cidades) depois, e muitos quilos a menos...

Vezenquando procuramos uma coisa, e encontramos outra. Ou vez em sempre. Há anos procuro o texto abaixo - só tinha uma versão impressa - e encontrei hoje, dentro de um livro. Como digitei, aproveito e compartilho com vocês. Não se assustem meus leitores "teens", faz quase uma década que terminei a faculdade :)

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Parecer analítico referente a grande reportagem impressa
A infidelidade na era.com, de autoria da acadêmica Vanessa Souza.
Por Alessandra Ogeda, jornalista e avaliadora do trabalho de conclusão de curso.


    Jornalismo e literatura. Reportagem e análise. A grande reportagem impressa da acadêmica Vanessa Souza caminha, do princípio ao fim, nestas linhas. E caminha bem.
    Apreciadora da literatura e, especialmente, do escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, ela se inspirou no ídolo para garimpar o tema infidelidade. Se o asssunto é milenar, o meio analisado na reportagem é fruto do final do século 20: a era digital.
    O tema é propício, instigante, provocador. Como uma "boa menina má", Vanessa Souza comenta no relatório final que muito já foi escrito sobre o papel feliz de cupido da Internet. Mas ela prefere seguir o caminho inverso e refletir sobre o outro lado da moeda: a capacidade desse meio em subverter os relacionamentos instáveis.
    A narrativa da grande reportagem é competente e absorve o leitor, intercalando a literatura de Nelson Rodrigues; o trabalho investigativo dos realcionamentos e infidelidades dos entrevistados; e a reflexão do tema com escritores e especialistas da área jurídica e comportamental.
    Todos os objetivos propostos pelo trabalho, como identificar o que é infidelidade virtual - e se ela existe; de que forma a Internet pode influenciar nos relacionamentos ao ponto de desestruturar algumas vidas; contar histórias e analisar o comportamento que elas definem; foram atingidos.
    Assim como os livros citados pela acadêmica, seu trabalho de conclusão de curso figura como um documento que registra uma época, expondo comportamentos sociais. Caso tiver oportunidade, sugiro para a acadêmica que o trabalho seja publicado e possa servir de base para novos estudos.
    O risco de acrescentar Nelson Rodrigues no projeto e não conseguir com que ele se encaixasse no conjunto era grande. Mas Vanessa Souza conseguiu um link (termo da "era.com") perfeito e que incentiva o leitor a buscar mais informações. Seja em livros ou no site do escritor, listados no fim da grande reportagem, ou mesmo em formas de comunicação online, convidando o leitor a experimentar também a experiência e o fascínio da comunicação "sem rostos".
    O trabalho merece também um comentário pela escolha gráfica da apresentação. A acadêmica acertou na utilização do "ambiente" da web, seja em janelas, ícones ou na escolha tipográfica. Importante também, a variedade de personagens entrevistados - fontes diversas sempre encorpam um texto - e a citação de estudos e publicações para dar peso à reportagem.

Blumenau, 14 de novembro de 2003.
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Imagens dos tempos idos...
Com Soila F. e Ale Ogeda - data não identificada, em Blumenau
Festa de jornalismo, em Balneário Camboriú - 2003 e não devia ser brega foto com beijo, ainda. Ah, eu tinha 20 e poucos anos - sai de mim, superego! 


A inseparável Mi Bianca

Antes da aula de? Sei lá - 2000


Churrasco em Itajaí - 2003  

Sabrina - onde andará?
Elisa, sinto uma saudade desmedida de ti!
Foto do convite de formatura


Encontro: cinco anos de formados (2008)

Por fim, a formatura e um dos melhores abraços que já recebi: Papai

14 comentários:

  1. Suas lembranças fizeram-me lembrar da minha formatura que ainda foi antes da sua... boas lembranças!
    Bjs!

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  2. Estou voltando junto com suas lembranças...Meu abraço...

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  3. Este tema é de meu interesse pessoal, pois já naveguei neste universo quando fiz a minha monografia da especialização em Sexualidade Humana, em Infidelidade Virtual. Não sabia da sua pesquisa, não sei se ela está localizada em alguma biblioteca virtual, ou em sites acadêmicos. O que se tem acesso são os inúmeros trabalhos realizados por Ana Maria Nicolaci-da-Costa e Daniela Romão Dias da PUC Rio. Sem dúvida são nomes fortes na pesquisa sobre o comportamento humano na era virtual.

    Gostei de saber de sua pesquisa e parabéns pelo empenho acadêmico, desde sempre. É muito bom (re)descobrir e (re)ver esses achados tão significativos e importantes na caminhada, que sem dúvida podem ser muito nutritivos.

    Um abraço

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  4. van-minha-querida,
    que bom te ler, ver as fotos.

    está linda. sorridente :)
    beijos e saudade.

    * lembrei hoje do nosso almoço. espero que uma possível-outra-viagem, não demore :P

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  5. É tão terno o que percorre os estilhaços das fibras que compõem as lembranças que ora-me-causas minha querida escritora. Seu "ente recordação" perscruta o mais delicioso da retina não fatigada pela tempo. Abraço cardíaco.

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  6. emocionante a sua foto com o seu pai. belas lembranças, hein? daqui uns anos passarei por isso também. muitos elogios do seu TCC, parabéns!

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  7. Ao ver estas fotos me lembrei de mim muitas vezes a perguntar: " por onde andará a minha amiga, Conceição? Onde poderei encontrar esta e aquela? A vida nos levou, cada um para o seu lado e no fim fica aquela saudade gostosa de tempos maravilhosos. Um dia, quem sabe, não nos voltaremos a encontrar? E assim varro da memória esses momentos sabendo que voltarão a ela. Lindo, Vanessa. fica bem, amiga! Um beijinho
    Emília

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  8. Parabens por esse momento tão lindo na sua vida.
    Bjos achocolatados

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  9. As demais fotos eu vi agora. Muito bom esse tempo de graduação. Ah... estás bem linda.

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  10. Caramba! Sensacional, por isso que o Proust faz muito sucesso, entre os sensíveis e/ou cultivadores de memórias. Não sei nem o que ficou melhor, o conjunto das fotos ou o texto que é uma análise pura! Dá para ver, nos dois, como a essência permanece, por mais que haja alterações de cabelo & cia.

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  11. "A FUNÇÃO SOCIAL DOS AMANTES"
    Autora joga luz sobre sentimento de posse

    MARILENE FELINTO
    (quando era da Folha de S. Paulo)

    Que os amantes são peça fundamental para a preservação do casamento monogâmico hoje, que eles vêm paulatinamente desempenhando um papel semelhante ao que antes era reservado às prostitutas (mas que são muito mais ameaçadores do que elas para o desmantelamento da família nuclear, sustentáculo do capitalismo), e que, sobretudo, o casamento é um sistema que se escravizou por causa da necessidade de posse e precisou adestrar homens e mulheres a interpretarem papéis sociais conferindo-lhes o status de "naturais" -essas algumas conclusões deste pequeno texto revolucionário, ainda que nenhuma delas seja exatamente nova.
    "A Função Social dos Amantes na Preservação do Casamento Monogâmico" não é uma tese de doutorado, não é um livro de auto-ajuda, não é nenhum tratado de psicanálise ou libelo feminista: é um texto despretensioso, que surgiu da curiosidade sociológica de Agenita Ameno, 37, mãe de cinco filhos, pesquisadora que tirou a figura do amante do divã do psicanalista e trouxe-a para o seio escancarado do debate social. Essa a pequena revolução.
    Lançado em novembro do ano passado, em edição da própria autora, o livro entra agora na terceira edição (ainda precária e mal distribuída) e é um sucesso de público e crítica.
    "Acho que isso se deve ao fato de eu ter escrito em uma linguagem acessível, que tem alcance entre os leigos. Eu quis socializar esse conhecimento", a autora explica.
    De fato, o texto apresenta teses e discute conceitos com uma roupagem diferente, aparentemente simplista, mas na verdade consistente e instigante.
    Ela afirma, por exemplo, que o amante funciona apenas como ponte para que o parceiro exerça novamente o que o casamento anulou ou destruiu nele, a sua própria individualidade, a sua própria solidão.
    Ao comparar o tipo de aliança que se vivia na sociedade de homens coletores e caçadores da pré-história, em que não havia casamento monogâmico nem propriedade privada, a pesquisadora joga luz em outra tese esmagada por séculos de realidade socioeconômica voltada para a defesa e a manutenção do capital.
    Ela diz que a idéia de "posse", que permeia os relacionamentos amorosos, não é natural do ser humano -como são os instintos de vida e morte-, mas sim uma imposição cultural de um certo tipo de homem, nós, o do nosso tempo. Foi somente na nossa civilização que a posse ganhou status de sentimento.
    Agenita Ameno fez uma pesquisa informal para desenvolver seu trabalho. Ouviu 300 pessoas diretamente (e pelo menos mais cem indiretamente), aplicando questionários ou entrevistando pessoalmente, num universo social de classe média, com renda familiar entre 10 e 20 salários mínimos, escolaridade secundária e/ou superior e situados na faixa etária entre 25 e 55 anos.
    Os resultados apontam para o que já se esperava: quase metade dos entrevistados confessaram que têm ou já tiveram amantes; o casamento tradicional é uma instituição sedimentada em fundamentos hipócritas; a sociedade nos força a acreditar que quem vive sozinho fracassou na tarefa de ser humano; o casamento funciona como antídoto à solidão ("ledo engano", diz a autora).
    De maneira alguma Agenita Ameno quis esgotar o assunto "amantes" neste trabalho, que é apenas um ponto de partida. E está aí o único defeito do livro: dá vontade de ler mais.

    Marilene Felinto é escritora, prêmio Jabuti com As Mulheres de Tejucupapo (Referência a uma vila em Pernambuco).
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Marilene_felinto

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  12. Humberto Cavalcanti postou o comentário acima. sobre A Função Social dos Amantes, resenhado por Marilene Felinto, escritora, corajosa e arguta observadora dos nossos valores de classe média e do cotidiano.

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  13. Necessário registrar que quedei-me enciumada com referências às antigas amigas? =)

    Querida, brincadeiras à parte, nostalgia é uma delícia.

    Sempre bonita, nossa!!!

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