Deixando de lado os motivos, atenhamo-nos à maneira correta de chorar, entendendo por isto um choro que não penetre no escândalo, que não insulte o sorriso com sua semelhança desajeitada e paralela. O choro médio ou comum consiste numa contração geral do rosto e um som espasmódico acompanhado de lágrimas e muco, este no fim, pois o choro acaba no momento em que a gente se assoa energicamente.
* * *
Para chorar, dirija a imaginação a você mesmo, e se isto lhe for impossível por ter adquirido o hábito de acreditar no mundo exterior, pense num pato coberto de formigas e nesses golfos do estreito de Magalhães nos quais não entra ninguém, nunca.
Quando o choro chegar, você cobrirá o rosto com delicadeza, usando ambas as mãos com a palma para dentro. As crianças chorarão esfregando a manga do casaco na cara, e de preferência num canto do quarto. Duração média do choro, três minutos.
Julio Cortázar, em Histórias de Cronópios e de Famas
Tradução de Gloria Rodríguez
Civilização Brasileira, página 5
Enviado pela leitora Jenifer Carmo, do blog http://consideracaodopoema.blogspot.com/
Para participar:
1) O fragmento pode ser de livro ou filme (diálogo). Enviem seu fragmento favorito para meu e-mail (vanessa.sza@bol.com.br)
2) É necessário que o autor/roteirista seja publicado/conhecido, para citarmos a fonte corretamente. Autor, título do livro. Com editora e página, melhor ainda. Assim, o leitor pode ir atrás da obra.
3) O nome do leitor e o link do seu blog vão constar aqui, para a divulgação dos mesmos. Quem é leitor mas não tem blog também pode participar. Dia 25 de dezembro o fragmento que mais me tocou vai ganhar um DVD + um livro.
Os trechos devem ser enviados para o meu e-mail, repetindo, e não como comentário desse post. O título do e-mail deve ser: Qual seu fragmento favorito?
sábado, 19 de novembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Amo esse livro, e esse fragmento em especial.
ResponderExcluirLindo demais.