da inocência e dos danos

"Existem pessoas neste mundo, inocentes à sua maneira, que causam danos".

(Josephine Hart in: Perdas e danos. Ed. BestBolso, p. 141)

A arte é inteiramente inútil - Oscar Wilde

"Ler os melhores escritores - digamos Homero, Dante, Shakespeare, Tolstoi - não vai nos tornar melhores cidadãos. A arte é inteiramente inútil, segundo o sublime Oscar Wilde, que tinha razão a respeito de tudo. Ele também nos disse que toda má poesia é sincera."

(BLOOM, Harold. O cânone ocidental. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p. 28)

da infância

 "(...) a infância é um bom tempo não em si, poderia acrescentar, mas só quando vista de longe. Em si, é uma sucessão fragmentária de sentimentos fortíssimos sem ligação uns com os outros, e alguns deles apavorantes até o fim dos dias, cromos que se colam na memória para todo o sempre, com seu poder escravizante."

(Cristovão Tezza in: Um erro emocional. Ed. Record, p. 147)

o amor é uma criatura tão paradoxal

" E devo lembrar-lhe que o amor é uma criatura tão paradoxal, tão independente, que nenhuma verdade externa seria capaz de alterar sua força."

(Lawrence Durrel in: O quarteto de Alexandria - Balthazar. Ed. Ediouro: 2006, p. 176)

Você nunca encontra a informação que procura

"- Deveriam ter feito como que eu me sentisse boazinha, não acha? Eles eram as visitas. 
- As crianças são sempre visitas - disse David. - As pessoas são como almanaques, Bonnie. Você nunca encontra a informação que procura, mas a leitura casual já compensa o esforço."
 
(Zelda Fitzgerald in: Esta valsa é minha. Cia das Letras, p. 235)

A lenda de que os personagens fogem de seus autores é absurda

 "Entrevistadora

Os personagens assumem identidades próprias? Eles chegam a ficar tão impossíveis de manipular que é preciso tirá-los da obra?

Cheever

A lenda de que os personagens fogem de seus autores - tomando drogas, fazendo operações de mudança de sexo, virando presidentes - implica que o autor é um bobo sem nenhum conhecimento ou domínio do seu ofício. Isso é absurdo. É claro que qualquer exercício de imaginação apreciável mobiliza uma riqueza de memória tão complexa que goza verdadeiramente a expansividade - as surpreendentes reviravoltas, a relação à luz e a escuridão - de qualquer vivo. Mas a ideia de autores correndo impotentes de um lado para o outro atrás de suas invenções cretinas é discutível."

(As entrevistas da Paris Review Volume 2. John Cheever. Ed. Companhia das Letras, p. 76)

A solidão também era isso. Um tipo de escrita

L. K. Ratschiller

"Não sei como saí disso que se chamar de uma crise, como se diria crise de nervos ou crise de moleza, de degradação, como seria um sono fingido. A solidão também era isso. Um tipo de escrita. E ler era escrever.

Alguns escritores são apavorados. Têm medo de escrever. O que contou no meu caso foi talvez eu nunca ter tido medo desse medo."

(Marguerite Duras in: Escrever. Ed. Rocco, p. 21-22)

Participem!

 O AcontecendoAqui vai premiar dois leitores com exemplares do livro “Recalculando a Rota”, de Alana de Abreu Trauczynski.  A obra mostra a jornada pessoal da autora em busca de libertação em seu mais amplo sentido, pautada por uma confusa e ampla busca profissional. “O enredo tem como pano de fundo cinco países, muitas histórias engraçadas e inacreditáveis, onde prova que andar sem GPS pode sim conduzí-lo ao caminho certo, basta que todos os erros sirvam de aprendizado. Podemos sempre recalcular a rota e cada momento é uma oportunidade de mudança”, conta Alana Trauczynski.
Como participar
Para participar basta preencher o formulário abaixo, contando sobre o lugar mais bizarro para onde você já recalculou a sua rota, ou enviar o relato com foto para o e-mail redacao@acontecendoaqui.com.br.
Julgamento
Os jurados serão Luciana Petrelli e Rodrigo Ormond, grandes fotógrafos e viajantes, e a autora do livro, Alana de Abreu Trauczynski, que decidirão os dois melhores depoimentos, com ou sem fotos, enviados até o dia 31 de julho.

http://acontecendoaqui.com.br/posts/promocao-acontecendoaqui-premia-leitores-com-exemplares-do-livro-recalculando-a-rota-de-alana-de-abreu-trauczynski/

uma incisão tão exata no tecido da vida

"- Não me importo - ela repetiu convicta para si mesma: uma incisão tão exata no tecido da vida como só o cirurgião mais hábil poderia ter esperança de produzir sobre um apêndice inflamado. Registrando as suas impressões como uma pessoa fazendo um testemunho, ela legou cada sensação passageira à momentânea acumulação do seu ser, o presente, que se enchia e esvaziava com os transbordamentos."

(Zelda Fitzgerald in: Esta valsa é minha. Cia das Letras, p. 150)

sobre escritores e o tempo

Rober Arévalo

"(...) escritor não precisa de tempo apenas quando está escrevendo - precisa de tempo para pensar, para deixar as coisas amadurecerem. Nada é pior para isso do que o convívio social, do que o efeito abrasivo, ainda que prazeroso, das outras pessoas."

(Nadine Goedimer apud Stephen Kock in: Oficina de escritores. Ed. Martins Fontes, p. 66)

nas 'seletas' ficções que a vida embaralha como um maço de cartas

Luke Byrne

"Pensei muito sobre o passado, em nossos movimentos e ações, nas 'seletas' ficções que a vida embaralha como um maço de cartas, misturando e cortando, retirando e devolvendo."

(Lawrence Durrel in: O quarteto de Alexandria - Clea. Ed. Ediouro: 2006, p.225)

um visitante de velhas paisagens

Perdas e danos

"- A última coisa que ela me disse foi: "Acabou. Acabou tudo." Mas não aceito isso.
- Porque ainda não acabou para você.
- Nunca estará acabado.
- Talvez não. Talvez não. Mas agora você será apenas um visitante de velhas paisagens, de velhos quartos, de velhos sonhos. Talvez isso seja o suficiente para você."

(Josephine Hart in: Perdas e danos. Ed. BestBolso, p. 199)

Carta para Isabella Catarina

Estava aqui olhando as fotos da Bella de novo... Pensei agora (e penso às vezes) que a infância é uma parte muito complicada da vida. A adolescência então, é um horror!
Sabes que eu fui uma criança melancólica, né? Acho que a mãe e o pai fazem de conta que eu fui feliz na infância, e às vezes fazer de conta é a melhor forma de não sofrer...
Bem, o ponto da questão é: quero que a Bella tenha uma infância MUITO feliz. Que entenda que a gente não pode tudo, que é preciso ser bacana com quem merece, que a gente pode ser indiferente para aqueles que não merecem que a gente seja legal, que veja que o mundo é uma imensidão de possibilidades. Sei que ela é sensível, e os sensíveis não passam impunes pela vida. Não acho legal impor uma religião ou ideologia para ela, enquanto ela não entender o que é isso. O catolicismo é uma máquina opressora criadora de culpas. Que ela entenda o que é legal e o que não é, mas não pela via do "papai do céu não gosta".
Sei que ela é sua filha, não minha. Mas esse pedacinho de gente é a pessoa que eu mais amo nesse mundo, e eu me preocupo muito com ela. Desejo que a Isabella tenha uma infância transbordante de alegria, enquanto detemos algum poder sobre a vida dela, as escolhas, os caminhos. Porque o que vem depois é demasiado pesado. O mundo é cheio de farpas e arestas, e haverá um dia em que nossa Pequena terá de desbravá-lo sozinha. Ela precisa saber que as palavras tem o significado que damos para elas - punhal ou felpudo. E quando alguém disser ou fizer algo que a magoe, que ela saiba que as pessoas são falhas, incompletas, cheias de vãos. Que ela também possa lidar com seus erros e tropeços. Tentar fazer o melhor é importante, mas nem sempre é possível encontrar a perfeição.
Espero que a Bella entenda que ela é a coisa mais importante do nosso mundo (você, eu, nossos pais...), mas que não é o centro do mundo para as outras pessoas. Imprima esse e-mail e guarde dentro de um livro, para ela ler quando puder entender tudo isso.
Com amor da tia/dinda,
Vane

P.S.: na semana passada mandei essa mensagem para minha irmã, que vai guardar para minha sobrinha Isabella (que tem 4 aninhos) ler, um dia.

Você é interessante como um livro

 " - Mas eu o previno - disse ela -, sou só realmente eu mesma quando sou outra pessoa a quem atribuo todas essas qualidades maravilhosas que existem apenas na minha imaginação.
(...) - Isso é uma piada?
- Claro. Nenhuma das minhas teorias funcionam.
- Você é interessante como um livro.
- Eu sou um livro. Pura ficção."

(Zelda Fitzgerald in: Esta valsa é minha. Cia das Letras, p. 94)

Mas na vida... Proust

"Para escrever, somos escrupulosos, examinamos tudo de perto, rejeitamos o que não é verdadeiro. Mas na vida, empobrecemo-nos, adoecemos, matando-nos por mentiras. (...) Os desgostos são servos obscuros, detestados, contra os quais lutamos, sob cujo domínio caímos cada vez mais, servos atrozes, insubstituíveis, que por vias subterrâneas nos conduzem à verdade e à morte. Felizes os que deparam a primeira antes da segunda, para quem, embora muito próximas uma da outra, a hora da verdade soa antes da hora da morte."

(Proust in: O tempo redescoberto. Tradução de Lúcia Miguel Pereira. Ed. Globo, p. 183)

do coração - Cristovão Tezza

A single man

"(...) a vida - é só um coração batendo forte no meio da rua, que é o seu lugar."

(Cristovão Tezza in: Um erro emocional. Ed. Record, p. 91)

Do esvair e do tempo - L. Durrel

"Creio que os incidentes não passam de uma espécie de comentários sobre nossos sentimentos - estes podem ser deduzidos a partir dos primeiros. O tempo leva-nos (ousando cogitar que somos egos autônomos, capazes de moldar nosso próprio futuro) - o tempo leva-nos adiante impulsionado pelos sentimentos dos quais somos menos conscientes. Isso é abstrato demais para você? Então me expressei mal. Quero dizer que Justine, após ser curada dos transtornos mentais causados por seus sonhos e seus medos, se esvaziou como um balão. A fantasia ocupou o primeiro plano de sua vida por tanto tempo que, agora que deixou de existir, nada mais lhe resta."

(Lawrence Durrel in: O quarteto de Alexandria - Justine. Ed. Ediouro: 2006, p. 225)

mal são flores, apenas crescimentos embriônicos - Zelda Fitzgerald

"Ela fica mais velha dormindo. Um dia acordará para observar que as plantas dos jardins alpinos são, na sua maioria, fungos que não precisam de muito alimento, e que os discos brancos que perfumam a meia noite mal são flores, apenas crescimentos embriônicos; e, mais velha, caminhará com amargura pelas trilhas geométricas de filósofos Le Nôtres, ao invez de por esses atalhos nebulosos das pêras e cravos-de-defunto de sua infância."

(Zelda Fitzgerald in: Esta valsa é minha. Ed. Companhia das Letras, p. 19)

*Nem julho nem minha dissertação chegaram ao fim. No entanto, precisei voltar para cá. É um dos meus lugares mais especiais no mundo.*

 

Imperdível (uma breve pausa para o que precisa ser divulgado)

Lançamento do livro "Recalculando a Rota", da escritora - blumenauense - Alana Trauczynski. 

Data: 20 de julho
Horário: a partir das 19h30
Local: Livraria Catarinense do Beiramar Shopping (piso Joaquina)
Endereço: Rua Bocaiúva, 2468

O curioso é que eu e a Alana temos quase a mesma idade, amigos em comum, nascemos e moramos anos na mesma cidade e só nos conhecemos há uns anos, aqui no Rio de Janeiro (em uma oficina literária, ministrada pela outra querida e talentosa escritora que é a Ana Letícia Leal).

Quem estiver por Floripa na data, vá!

A página do livro no Facebook.

Já volto!

Imagem: Soila Freese

Estimados leitores,

Julho é o último mês que tenho para concluir minha dissertação. Logo, preciso me dedicar MUITO. E neste mês, o blog entra no quesito "distração" - sobretudo para uma TDAH, rs. No perfil do blog no FB, vou colocar post´s antigos. Também não devo responder e-mails nesse meu "retiro acadêmico".
Volto em agosto. Não se percam de mim! ; - )
Já com saudades, deixo meu até breve e um beijo,

Vanessa