quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Algo sempre faltava - a carne, imagino, que o perfume meramente envolvia. - Lawrence Durrel


"Há pouco tempo, quando por um motivo qualquer tive dificuldades em encontrar-me com ela, senti tantas saudades que fui até Pientratoni comprar um frasco de seu perfume. Em vão. A gentil balconista espargia gotas de todas as marcas sobre minhas mãos, e vez por outra achei ter descoberto qual delas Justine usava. Mas não. Algo sempre faltava - a carne, imagino, que o perfume meramente envolvia. Faltavam as marés daquele corpo. Somente quando, tomado pelo desespero, mencionei o nome de Justine, a garota apanhou o primeiro perfume que havíamos experimentado. 'Por que não me falou logo de início?', reclamou, com um ar de mágoa profissional; seu tom de voz sugeria que todos, menos eu, sabiam qual era o perfume usado por Justine. Mas era irreconhecível. Ainda assim, fiquei surpreso ao descobrir que Jamais de la vie não estava nem entre os mais caros, nem entre os mais exóticos dos perfumes."

(Lawrence Durrel in: O quarteto de Alexandria - Justine. Ed. Ediouro: 2006, p. 181)

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