quarta-feira, 24 de outubro de 2012

prenúncio, premissa, promessura pressupora


"No princípio do amor existe o fim do amor, como no princípio do mundo existe o fim do mundo. (...) No princípio do amor já é amor. Melancolia e perfeita é a praça com o seu quartel amarelo e o clarim sanguíneo do meio-dia. No princípio do amor a criatura já se esconde bloqueada na terra das canções. Navios pegam fogo no mar alto, defronte da cidade obtusa, precedida de um tempo que não é o nosso tempo. No princípio do amor, sem nome ainda, o amor busca os lábios da magnólia, a virgindade infatigável da rosa, onde repousa a criatura em torno da qual é, foi, será princípio do amor, prenúncio, premissa, promessura pressupora de amor. No princípio do amor a mulher abre a janela do parque enevoado, com seus globos de luz irreais, umidade, doçura, enquanto o homem - criatura ossuda, estranha - ri como um afogado no fundo de torrentes profundas, e deixa de rir subitamente, fitando nada."

(Paulo Mendes Campos in: Cisne de feltro - crônicas autobiográficas. Crônica: Versos em prosa. Ed. Civilização Brasileira, p. 251)

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6 comentários:

  1. En el Principio del Amor puede haber su opuesto, que es el Final. Hay intervendrá la Pareja para que con compromiso, generosidad y reciprocidad ese Principio sea continuo y duradero.
    Un abrazo.

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  2. "Midnight in Paris", qualquer dia volto lá. Não tenho culpa de ser romântico... sem cura.
    :)

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  3. Querida amiga!!!

    Mais uma passadinha por aqui para deixar meu carinho e deleitar-me com seus lindos textos.
    Beijos de luz !!!!

    Poeta Cigano - 25/10/2012

    http://carlosrimolo.blogspot.com

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  4. Todos os começos já contêm o seu fim...
    Magnífico texto/crónica. Gostei.
    Beijinhos, querida amiga Vanessa.

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  5. Lindo texto! Invejo e admiro essa capacidade de ser sucinto e exato sobre um tema que convida à prolixadade.

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  6. dar à luz é condenar à morte...
    como fazemos bem isso!

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