Ela não responde mas seu olhar se reconfigura. Agora é um olhar de despedida no qual se entrevê que ela não está se despedindo propriamente dele, porque ainda vão se ver por aí, e sim de um outro mundo idêntico a esse exceto pelo detalhe de que eles teriam ficado juntos, teriam se apaixonado e teria durado, um mundo que foi imaginado em detalhes e acalentado por algum tempo e do qual ela só está se desapegando nesse instante. Ele sente uma tristeza enorme. De repente a quer de novo. É como se o apego àquele outro mundo saltasse do corpo dela para o dele como um espírito invasor. Talvez ele esteja se sentindo agora exatamente como ela se sentia um minuto antes.
Daniel Galera in:Barba ensopada de sangue. Companhia das Letras, p. 178.
sábado, 6 de junho de 2015
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Incrível... já quero ler este livro!
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