domingo, 26 de agosto de 2012

Do(s) adeus(es) - por Vanessa Souza

Do(s) adeus(es) - por Vanessa Souza Em janeiro de 2009, perdi meu terceiro avô (meu tio avô, irmão do meu avô paterno). Nesse momento estou em Santa Catarina, e minha última avó que restou (a materna) está muito doente. Procurando umas coisas antigas, encontrei um breve escrito, sobre o tio Artur - na época em que ele faleceu eu estava no Rio, com compromissos e não pude ir para a despedida final. Eis o texto, que mamãe leu na cerimônia fúnebre. "Ao velho Biguá Perder o tio Artur é perder o vó Bertolino mais uma vez. Isso porque considerava-o meu terceiro avô. E hoje, não tendo mais avô algum, sinto um vazio imenso, uma perda irreparável, que o tempo, que alguns dizem ser remédio para tudo, não vai curar. Só a ausência dos que amamos, e já se foram, fica mais suave com o tempo. Porém, esta lacuna está alí, não é esquecida. Quando minha avó Aurea faleceu, pensei que meu pai não suportaria tamanha dor. Foi o tio Artur quem ajudou-o a carregar o peso do desalento. O tio Artur, meu tio avô, era dessas pessoas para todas as horas: hora de compartilhar as mágoas, hora de dividir as alegrias. De tudo isso, ficaram coisas tão boas. A alegria de viver. Os "causos" divertidos que nos faziam chorar de rir. Os banquetes, servidos com muito afeto. E, sobretudo, quando ele nos dizia, assim que chegavámos no sítio dele: "- Quando vocês forem embora, daqui há um mês, não sei como vai ser." Ir embora, uns dois dias depois, sempre era difícil. O que podemos chamar de "casa", pode ser onde fica um pedaço do coração da gente. E parte do coração da minha família sempre vai morar em Angelina (SC), lá no sítio do tio Artur. Com amor, para meu tio avô. Meu avô. Vanessa"

P.S.: três anos já se passaram, e eu nunca mais fui no sítio, onde ainda tenho parentes distantes. Não consegui, sem o velho Biguá por lá. A gente faz o que pode, e eu não pude mais ir lá, sabendo que ele não vai nos receber.

Imagem: Leon Spilliaert

http://www.facebook.com/vencaluisa

5 comentários:

  1. Ah, Vanessa,

    Entendo sua dor...já passei por isso, com meus avós...e digo sempre: nunca vi pessoas tão importantes para nossa formação!

    Abraço do Pedra

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  2. Eu ía dizer alguma coisa mas desisti e nem sei o que poderia falar . Que o meu silêncio encontre o teu e eles falem coisas boas

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  3. poxa...
    entendo cada palavra tua...
    e doeu cada entrelinha.

    beijo imenso

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  4. Vanessa, difícil comentar algo qd vem do mais profundo. Sei que nada do que disser vai amainar a dor. Esses tantos laços nos amarram. Avós são nossos primeiros anjos. Ser avô ou avó é uma segunda chance que todos têm de reeditar o seu amor. Somos a tela dessa reedição. Estimo melhoras e desejo força.
    Um grande abraço.

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